A
Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, neste mês de abril, recente estudo
que comprova que o uso de máscaras, sejam elas caseiras ou descartáveis, reduz
em 78% a possibilidade de uma pessoa ser contaminada com a nova doença
infecciosa Covid-19. A medida, quando somada a outros métodos protetivos, pode
alcançar até 98% de eficiência.
Então,
por que é tão comum vermos pessoas de “cara limpa” perambulando por aí? É
idoso, que pertence à parcela da população considerada de risco, fazendo
compras no supermercado como se nada tivesse acontecendo, pessoas “de bem”
jogando futevôlei nas areias da praia de Copacabana e até influenciadora
digital dando festas de arromba em seu mundinho particular.
Para
a psicanalista austríaca especializada no desenvolvimento psicossexual de
crianças, Melanie Klein, tudo não passa de inveja. Quando os indivíduos não
conseguem, não querem ou não veem vantagem em enxergar tudo aquilo que é bom e
divino dentro de si, passam a cobiçar e a atacar, do lado de fora, todas as
maravilhas que permeiam a existência humana.
Em
alguns casos mais graves, em que a inveja assume papel de protagonista na vida
da pessoa e passa a guiar quase todos os seus movimentos cotidianos, acrescenta
Klein, este sentimento está tão escondido e tão arraigado na personalidade que,
em vez de ansiar e querer destruir o que “fulano” possui, ele inverte o
movimento, trazendo o duelo para um nível mais profundo.
Isto
é. Já que “A” dá valor à vida (usa máscaras de proteção contra o novo
Coronavírus) e eu morro de inveja dessa atitude, já que não a faço, em vez de
querer destruí-lo (e me livrar da inveja), por que não eu mesmo não fazer uso
do acessório? Assim, ao não mais existir, eu elimino, em uma tacada só, a minha
própria inveja e tudo que vem de bônus com ela.
Aí,
você já viu: “Vou-me embora, mas levo comigo a capacidade parar criar que
ambiciono nos meus colegas de profissão. Parto desta para melhor, mas ganhar
dinheiro, que é algo que não consigo, mas todos conseguem, sumirá do meu campo
de visão. E, se for pra morrer, que morramos juntos. Afinal, lá no inferno,
somos iguais, e eu nunca serei menos que você”.
Exemplificações
deixadas de lado, é na incapacidade de valorizar a nós mesmos que reside o
cerce do apocalipse “covidiano” que vivemos. A máscara, retifica a autora, é
somente um símbolo que representa como o ser humano se coloca em segundo plano,
disfarçando, sob as múltiplas camadas de tecido, a sua capacidade de encontrar
gratidão naquilo que produz.
E
será que tamanho olho gordo tem solução? É claro que sim. Em primeiro lugar,
nesta quarentena, em vez de julgar o coleguinha desmascarado que dá “close
errado” a céu aberto, dê o exemplo. Ao sair de casa, independente de onde vá,
higienize suas mãos, ponha a sua máscara e sinta este movimento como um ato de
amor próprio: único e exclusivo para você.
Por
que motivo ficar assistindo às lives alheias na internet? Tire um tempo
para encontrar aquela conexão tão especial consigo mesmo que perdera anos
atrás: leia um livro que gosta, pense nos sonhos que ainda quer executar,
escreva no papel as atividades que realizará no seu dia, ligue para uma pessoa querida
e diga a ela o quanto é importante em sua trajetória.
E
por que não encontrar um lugar de perdão? Feche os olhos, pense no seu passado
de forma carinhosa, visualize todo o caminho que fora percorrido até aqui e as
pessoas que estiveram lá para ajudá-lo. Idealize-se ainda pequenino de mãos
dadas com os seus pais. Perdoe-os sentindo que é ao se desculpar com eles que
encontrará a verdadeira paz de espírito.
Por
fim, esteja aberto a ajudar. Quando nos doamos aos que necessitam de apoio, um
manto de conforto e afetividade é depositado sobre a frágil estrutura do
psiquismo, amenizando as odiosidades causadas pelo “não ver”. Independente das
mazelas que a pandemia trouxer pela frente, teremos uma só certeza: sãos, somos
e seremos sempre muito mais fortes.
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