A menopausa é uma fase vivenciada por grande parte
das mulheres a partir dos 45 anos de idade, em média, e, mesmo com todos os
avanços da medicina voltados para amenizar tanto seus sintomas típicos, quanto
o aumento da expectativa de vida de maneira geral, muitas mulheres ainda temem
sua chegada, seja pelo desconforto causado pela queda hormonal, ou pelo tabu
que ainda envolve o sexo na terceira idade. Mas para que todos esses pontos
sejam superados e a sexualidade seja vista como deve ser, principalmente sob o
olhar da saúde e qualidade de vida, é preciso entender os fatores envolvidos e
os pontos que merecem atenção.
Ao entrar na menopausa, os principais sintomas
observados nas mulheres são a cessação total da menstruação e da função
ovariana, perda da libido, sudorese noturna e presença dos “fogachos” –
palpitações, sensação de mal-estar, sensação de onda de calor e ardência na
face. Isso acontece em função da diminuição da produção de hormônios femininos,
que podem ocasionar mudanças no desejo sexual e na maneira de enxergar a
própria sexualidade. A menopausa é o período de mais de um ano sem menstruar,
mas os sintomas incômodos podem surgir mesmo antes, período chamado de
climatério, quando já há diminuição hormonal, mas a menstruação ainda ocorre de
forma mais escassa e irregular.
A falta de lubrificação é um dos fatores mais
relevantes, mas que pode ser resolvida a partir de uma abordagem e estimulação
diferente do parceiro, o uso de estrógenos tópicos vaginais, ou ainda, muito
comum na maioria dos casos, a partir da reposição hormonal. Embora algumas
mulheres não se sintam bem com a reposição, hoje ela pode ser feita de diversas
formas. O ideal é chegar, com a ajuda de seu ginecologista, à alternativa
ideal, de forma personalizada.
O fato é que a sexualidade deve ser trabalhada em
todas as fases da vida e, com a maturidade, a qualidade tende a melhorar,
dependendo, é claro, de como o tema foi tratado ao longo de sua vida. Conhecer
o próprio corpo traz autoconfiança e uma vida sexual ativa interfere diretamente
na saúde emocional, além de ativar a imunidade e trazer benefícios para a saúde
física e o bem-estar.
Para tanto, outras questões não podem ser
negligenciadas. Além dos cuidados básicos com a saúde em geral, como
alimentação saudável, uma rotina de exercícios e o controle de doenças
crônicas, o sexo na terceira idade envolve as mesmas questões da juventude
quando falamos de doenças sexualmente transmissíveis. De acordo com os dados do
Boletim Epidemológico HIV/Aids de 2018, do Ministério da Saúde, o número de
casos de HIV entre pessoas acima dos 60 anos aumentou 81% entre 2006 e 2017,
sendo que as taxas aumentaram tanto para homens quanto para mulheres. Portanto,
para desfrutar dos benefícios que o período pode trazer, a prevenção é ainda o
melhor caminho.
Dra. Karine Armond Bittencourt de Castro - médica
geriatra do Trasmontano Saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário