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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Coronavírus x diabetes: glicose controlada pode salvar vidas


Nesta pandemia pela qual estamos passando, o cuidado com o controle da glicemia é essencial. Números mostram que pessoas com diabetes têm maior risco de agravamento da Covid-19 no Brasil. Isso porque a glicose descontrolada pode alterar a imunidade levando à menor proteção contra doenças e maior suscetibilidade a infecções.

Levantamento realizado pelo Ministério da Saúde mostra que pacientes com diabetes são casos mais graves da Covid-19. Ao analisar os primeiros 391 hospitalizados no Brasil, o estudo apontou que cerca de 80 tinham diabetes e, dos que morreram, quase metade eram diabéticos. Portanto, gostaria de reforçar que números indicam que, com essa pandemia, o cuidado com o controle da glicemia é indispensável. O Diabetes atinge mais de 16 milhões de pessoas no País, segundo o atlas 2019 da IDF – Federação Internacional do Diabetes.

Mas acredito que não é necessário entrar em pânico, apenas tomar alguns cuidados. Importante destacar que a pessoa com diabetes não tem mais risco de se contaminar pelo vírus, mas sim de agravamento. A glicose descontrolada pode deixar o paciente com uma resposta imune mais baixa, o que leva a menor proteção contra doenças e mais suscetibilidade a infecções.

As pessoas com diabetes que podem ser mais afetadas ao contrair o coronavírus são as com longo histórico da doença, mau controle metabólico, presença de complicações e doenças concomitantes, independentemente do tipo de diabetes – 1 ou 2. Esse perigo aumenta quando falamos de idosos com mais de 60 anos, que tendem a ter outras comorbidades.

Outra preocupação que tenho são as pessoas com diabetes tipo 2 que não sabem que têm a doença, por falta de acompanhamento médico ou acesso à informação caso de infecção pela Covid-19. No Brasil, estima-se que quase metade das pessoas com diabetes não sabe ter a doença e portanto, estão sem controle. 

Os dois principais tipo de diabetes são o diabetes tipo 1 e o tipo 2. O diabetes tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência. De início rápido, seus sintomas são evidentes, como muita sede e fome, e perda de peso, e requer tratamento com insulina. Já o diabetes tipo 2 é normalmente diagnosticado em adultos, apresenta poucos sintomas, está associado a obesidade, sedentarismo e fatores hereditários, e costuma ser tratado com medicamento oral.

O controle da glicemia é muito importante para proteger quem tem diabetes de infecções. Portanto, destaco que monitorar a glicose, além de ajustar medicações orais ou insulinas - com orientação médica, podem ser formas de prevenção de agravamento em caso da contaminação pelo COVID-19. Outra medida necessária para manter a saúde – e a glicose - em dia é vigiar a alimentação e hábitos, principalmente dentro de casa neste período de quarentena, onde todos saem da rotina. Disciplina e comprometimento, com dieta balanceada e atividade física e sono regular contribuem para que pacientes com diabetes mantenham-se saudáveis.

Para isso, a conscientização para não contrair a Covid-19 é também um caminho a ser seguido por mim e por toda a população. Medidas preventivas precisam estar presentes na vida dos que convivem com diabetes e da população em geral, já que o vírus se espalha com uma taxa alta de transmissibilidade, normalmente por contato com secreções contaminadas, como gotículas de saliva e espirro. Entre elas, estão: lavagem frequente das mãos, cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir, não compartilhar objetos pessoais, evitar aglomerações, e o que tem mais sido reforçado pelos órgãos responsáveis: fique em casa!

Este é o momento de união da população para combater um inimigo comum, tornando essencial buscar hábitos de vida saudáveis, manter a glicemia controlada e reforçar a higiene, por exemplo. O melhor cuidado com a saúde e a solidariedade, acredito, são algumas das lições que levaremos para além da pandemia.





Mariana Pereira - médica consultora da Roche Diabetes Care Brasil


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