Instituído no dia 1 de maio, o Dia do Trabalhador é uma data
mundialmente reverenciada devido ao amplo significado a ela atribuída. Tão
importante quanto compreender a importância dessa data é buscar meios de
reduzir o impacto do estresse no trabalho, já que promover um
ambiente laboral saudável influencia diretamente a sustentabilidade dos
negócios.
A proposta deste artigo, que
contou com a colaboração da médica Dra. Luciana Mancini Bari, clínica geral do
Hospital Santa Mônica, é enfatizar a importância da saúde mental nas empresas.
Continue a leitura e entenda o
que o cenário atual da saúde mental nas empresas indica quanto à relevância
dessa questão. Veja, ainda, como é possível cuidar da saúde mental dos
funcionários adotando medidas de educação preventiva. Boa leitura!
Quais são os principais riscos à saúde mental nas empresas?
A Dra. Luciana destacou o impacto
da relação entre o avanço das novas tecnologias e a necessidade das empresas
buscarem inovações para possibilitar o cumprimento de metas para sobreviverem
como negócio. Ela ressalta que “isso gera uma maior cobrança e pressão das
empresas sob os trabalhadores por resultados imediatos”.
A médica também ressalta “que nem todos os trabalhadores estão preparados para trabalharem nesse ritmo, o que acaba gerando muito desgaste físico e mental, que muitas vezes podem causar doenças”. Nesse contexto, é preciso se atentar ao excesso de informações e facilidades trazidas pela era digital, pois isso pode gerar prejuízos para aqueles que não se adaptam à nova era.
“Aquele trabalhador que não se reinventa junto às inovações que
surgem acaba perdendo sua função e, muitas vezes, pode até perder o seu trabalho.
Na medicina, a robótica é um exemplo claro: da mesma forma que trouxe as mais
avançadas técnicas cirúrgicas e possibilitou uma infinitude de oportunidades
dentro das diversas especialidades médicas, ela também substituiu capacidades
humanas que se tornaram obsoletas”, alerta a médica.
A ausência de cuidados com a
saúde mental pode gerar um grande impacto nos negócios. Conforme divulgado
pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, mais de 80% dos pacientes com depressão associaram a
doença às dificuldades no trabalho. No Brasil, a realidade é bem
semelhante, visto que o índice de absenteísmo e de abandono de emprego por
questões de ordem mental é bem significativo.
Quais são os problemas que impactam diretamente a saúde mental dos trabalhadores?
Diante desse cenário, enumeramos
alguns problemas que estão mais relacionados à saúde mental no trabalho e que
precisam constar na pauta de reivindicações do Dia do Trabalhador. Veja quais
são eles!
Estresse excessivo
Funcionários que exercem funções
que exigem muita responsabilidade tendem a sofrer mais com episódios de
ansiedade, estresse ou depressão. Além do agravamento da saúde mental, esse
quadro ainda traz como consequência a redução da produtividade, o que pode
colocar em risco a continuidade dos negócios.
Síndrome de Burnout
Um estudo recente amplamente divulgado pela mídia
revelou que 72% dos trabalhadores brasileiros sofrem com estresse, e desses, o
percentual dos que associam o estresse à síndrome de Burnout chega a 30%.
Esse transtorno é um dos que mais
atingem a classe trabalhadora, sobretudo àquelas pessoas com cargos
hierárquicos mais altos. Nesses casos, a pressão e o estresse do trabalho levam
ao esgotamento mental e físico, que caracteriza o Burnout.
Síndrome de Boreout
Essa síndrome pode ser
considerada como uma variante da síndrome de Burnout. Os principais sintomas
são a exaustão emocional, a perda do interesse pelo trabalho e o esgotamento
causado pelas situações de estresse nos ambientes laborais.
O Boreout também pode ser
entendido como o presenteísmo, condição em que o colaborador está apenas de
corpo presente na empresa, mas com a mente totalmente afastada de sua função no
trabalho.
Nessas condições, há
comprometimento para ambas as partes: o trabalhador fica preso ao trabalho e
não busca ajuda, enquanto o empregador incorre no risco dos prejuízos gerados
pela baixa ou nenhuma produtividade.
Para evitar tal situação, os
gestores precisam buscar alternativas para minimizar os efeitos dessas questões
no ambiente corporativo.
Como a atenção à saúde mental impacta na produtividade das empresas?
Nas últimas décadas, a atenção
primária à saúde mental dos trabalhadores tem sido razão de diferentes estudos
e discussões. Os gestores e outros líderes que atuam em funções de coordenação
de equipes já perceberam que o sucesso do empreendimento depende da
estabilidade emocional e psíquica do seu time de colaboradores.
É preciso atentar aos fatores de
rotina ou eventos esporádicos, como uma pandemia, que podem resultar nesses desajustes
emocionais. Estamos vivendo um momento delicado: além do risco de contaminação
pelo coronavírus, o medo do desemprego também impacta profundamente a
estabilidade mental do trabalhador.
Doenças como ansiedade patológica, síndrome do pânico e depressão são as que mais
afetam trabalhadores de todos os níveis hierárquicos. Os impactos sobre a saúde
mental são ainda maiores nos líderes, já que a pressão por metas e o
risco de perder o cargo os colocam constantemente sob o domínio do
estresse corporativo.
Independentemente do tamanho da
empresa, é necessário apostar em estratégias que ajudem a reduzir os níveis de
doenças ligadas à saúde mental. Diferentemente da saúde física, os sintomas das
desordens emocionais e psicológicas não são visíveis. Isso dificulta a
identificação desse problema, já que são percebidos apenas mediante análise
criteriosa dos atestados, faltas não justificadas ou abandono de trabalho.
Como cuidar da saúde mental de funcionários?
O panorama da saúde mental no Brasil exige mais atenção às
condições dos trabalhadores. Se ignorados, os fatores que resultam no
absenteísmo decorrente das doenças mentais no trabalho podem evoluir para
situações mais graves.
Nesse contexto, a busca por
alternativas pautadas em educação preventiva pode se tornar um importante
diferencial de reversão dos casos de faltas recorrentes, do presenteísmo ou do
risco do envolvimento com drogas no trabalho. Cada líder de setor
precisa ficar alerta aos sinais que sugerem necessidade de intervenção.
É possível investir em ações que
acolham os funcionários mais afetados pelos desequilíbrios psíquicos. Uma
boa alternativa é promover palestras que ensinem técnicas de relaxamento
para o controle dos problemas que causam instabilidade mental nos funcionários.
Cuidar da saúde mental dos
trabalhadores passou a ser um grande diferencial para a conquista de melhores
resultados. Dra. Luciana ressalta que “isso pode ser feito de várias
formas. Profissionais qualificados que desenvolvem atividades de promoção e de
prevenção da saúde dentro das empresas são mais aptos à identificação de
sintomas de ansiedade, estresse ou depressão. Esse diagnóstico é essencial para
o acompanhamento ou o tratamento precoce, de forma a evitar a evolução para
quadros mais graves”.
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