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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Dia do Trabalhador: a importância da saúde mental nas empresas


Instituído no dia 1 de maio, o Dia do Trabalhador é uma data mundialmente reverenciada devido ao amplo significado a ela atribuída. Tão importante quanto compreender a importância dessa data é buscar meios de reduzir o impacto do estresse no trabalho, já que promover um ambiente laboral saudável influencia diretamente a sustentabilidade dos negócios.

A proposta deste artigo, que contou com a colaboração da médica Dra. Luciana Mancini Bari, clínica geral do Hospital Santa Mônica, é enfatizar a importância da saúde mental nas empresas.

Continue a leitura e entenda o que o cenário atual da saúde mental nas empresas indica quanto à relevância dessa questão. Veja, ainda, como é possível cuidar da saúde mental dos funcionários adotando medidas de educação preventiva. Boa leitura!


Quais são os principais riscos à saúde mental nas empresas?


A Dra. Luciana destacou o impacto da relação entre o avanço das novas tecnologias e a necessidade das empresas buscarem inovações para possibilitar o cumprimento de metas para sobreviverem como negócio. Ela ressalta que “isso gera uma maior cobrança e pressão das empresas sob os trabalhadores por resultados imediatos”.

A médica também ressalta “que nem todos os trabalhadores estão preparados para trabalharem nesse ritmo, o que acaba gerando muito desgaste físico e mental, que muitas vezes podem causar doenças”. Nesse contexto, é preciso se atentar ao excesso de informações e facilidades trazidas pela era digital, pois isso pode gerar prejuízos para aqueles que não se adaptam à nova era.


“Aquele trabalhador que não se reinventa junto às inovações que surgem acaba perdendo sua função e, muitas vezes, pode até perder o seu trabalho. Na medicina, a robótica é um exemplo claro: da mesma forma que trouxe as mais avançadas técnicas cirúrgicas e possibilitou uma infinitude de oportunidades dentro das diversas especialidades médicas, ela também substituiu capacidades humanas que se tornaram obsoletas”, alerta a médica.

A ausência de cuidados com a saúde mental pode gerar um grande impacto nos negócios. Conforme divulgado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, mais de 80% dos pacientes com depressão associaram a doença às dificuldades no trabalho. No Brasil, a realidade é bem semelhante, visto que o índice de absenteísmo e de abandono de emprego por questões de ordem mental é bem significativo. 


Quais são os problemas que impactam diretamente a saúde mental dos trabalhadores?


Diante desse cenário, enumeramos alguns problemas que estão mais relacionados à saúde mental no trabalho e que precisam constar na pauta de reivindicações do Dia do Trabalhador. Veja quais são eles! 


Estresse excessivo


Funcionários que exercem funções que exigem muita responsabilidade tendem a sofrer mais com episódios de ansiedade, estresse ou depressão. Além do agravamento da saúde mental, esse quadro ainda traz como consequência a redução da produtividade, o que pode colocar em risco a continuidade dos negócios.


Síndrome de Burnout


Um estudo recente amplamente divulgado pela mídia revelou que 72% dos trabalhadores brasileiros sofrem com estresse, e desses, o percentual dos que associam o estresse à síndrome de Burnout chega a 30%. 

Esse transtorno é um dos que mais atingem a classe trabalhadora, sobretudo àquelas pessoas com cargos hierárquicos mais altos. Nesses casos, a pressão e o estresse do trabalho levam ao esgotamento mental e físico, que caracteriza o Burnout.


Síndrome de Boreout


Essa síndrome pode ser considerada como uma variante da síndrome de Burnout. Os principais sintomas são a exaustão emocional, a perda do interesse pelo trabalho e o esgotamento causado pelas situações de estresse nos ambientes laborais. 

O Boreout também pode ser entendido como o presenteísmo, condição em que o colaborador está apenas de corpo presente na empresa, mas com a mente totalmente afastada de sua função no trabalho.

Nessas condições, há comprometimento para ambas as partes: o trabalhador fica preso ao trabalho e não busca ajuda, enquanto o empregador incorre no risco dos prejuízos gerados pela baixa ou nenhuma produtividade. 

Para evitar tal situação, os gestores precisam buscar alternativas para minimizar os efeitos dessas questões no ambiente corporativo.


Como a atenção à saúde mental impacta na produtividade das empresas?


Nas últimas décadas, a atenção primária à saúde mental dos trabalhadores tem sido razão de diferentes estudos e discussões. Os gestores e outros líderes que atuam em funções de coordenação de equipes já perceberam que o sucesso do empreendimento depende da estabilidade emocional e psíquica do seu time de colaboradores. 

É preciso atentar aos fatores de rotina ou eventos esporádicos, como uma pandemia, que podem resultar nesses desajustes emocionais. Estamos vivendo um momento delicado: além do risco de contaminação pelo coronavírus, o medo do desemprego também impacta profundamente a estabilidade mental do trabalhador.

Doenças como ansiedade patológica, síndrome do pânico e depressão são as que mais afetam trabalhadores de todos os níveis hierárquicos. Os impactos sobre a saúde mental são ainda maiores nos líderes, já que a pressão por metas e o risco de perder o cargo os colocam constantemente sob o domínio do estresse corporativo.

Independentemente do tamanho da empresa, é necessário apostar em estratégias que ajudem a reduzir os níveis de doenças ligadas à saúde mental. Diferentemente da saúde física, os sintomas das desordens emocionais e psicológicas não são visíveis. Isso dificulta a identificação desse problema, já que são percebidos apenas mediante análise criteriosa dos atestados, faltas não justificadas ou abandono de trabalho.


Como cuidar da saúde mental de funcionários?


O panorama da saúde mental no Brasil exige mais atenção às condições dos trabalhadores. Se ignorados, os fatores que resultam no absenteísmo decorrente das doenças mentais no trabalho podem evoluir para situações mais graves. 

Nesse contexto, a busca por alternativas pautadas em educação preventiva pode se tornar um importante diferencial de reversão dos casos de faltas recorrentes, do presenteísmo ou do risco do envolvimento com drogas no trabalho. Cada líder de setor precisa ficar alerta aos sinais que sugerem necessidade de intervenção.

É possível investir em ações que acolham os funcionários mais afetados pelos desequilíbrios psíquicos. Uma boa alternativa é promover palestras que ensinem técnicas de relaxamento para o controle dos problemas que causam instabilidade mental nos funcionários.

Cuidar da saúde mental dos trabalhadores passou a ser um grande diferencial para a conquista de melhores resultados. Dra. Luciana ressalta que “isso pode ser feito de várias formas. Profissionais qualificados que desenvolvem atividades de promoção e de prevenção da saúde dentro das empresas são mais aptos à identificação de sintomas de ansiedade, estresse ou depressão. Esse diagnóstico é essencial para o acompanhamento ou o tratamento precoce, de forma a evitar a evolução para quadros mais graves”.

Como você pôde perceber, o Dia do Trabalhador não representa simplesmente uma data com função comemorativa. Essa ocasião também precisa ser utilizada para a implementação de medidas que promovam a saúde mental do trabalhador. Outra boa opção é procurar suporte profissional em instituições especializadas na reabilitação da saúde integral dos funcionários.


 

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