Neurocirurgião
explica que pico da doença que pode acontecer nas próximas semanas pode também
trazer esse novo cenário para dentro dos hospitais
A infecção por
coronavírus ou a Covid-19 vem mostrando que pacientes podem apresentar quadros
diversos, o que se torna um desafio no dia a dia dos hospitais. Existem vários
relatos de formação de coágulos sanguíneos no organismo em pacientes
infectados.
Os coágulos
sanguíneos ou chamados também de trombos, são preocupantes. Eles podem levar a
consequências graves, pois podem ir para as veias dos pulmões, levando à
embolia pulmonar; coágulos formados no sistema arterial podem levar a infartos,
AVC e isquemia arterial de algum membro.
O neurocirurgião
Wanderley Cerqueira de Lima, que é coordenador de uma das equipes de
neurocirurgia da Rede D’or de Hospitais e atua também no Hospital Israelita
Albert Einstein, com mais de 30 anos de experiência em neurologia e
neurocirurgia, explica que “a Covid-19 mostra que há um aumento da formação de
coágulos em artérias e veias e há preocupações de que os tratamentos usuais com
os anticoagulantes não atuem bem nesses pacientes com a infecção viral”,
relaciona o médico.
Para o doutor
Wanderley, “outra razão para atentar a essa possibilidade de relacionar a
infecção pelo coranovírus e a formação dos coágulos, diz respeito ao fato de
que os coágulos arteriais e venosos estão sendo diagnosticados em pacientes
abaixo dos 30 anos, sendo que essa ocorrência é mais comum em população idosa”,
diz.
Atualmente, as
equipes médicas estão se deparando com a questão: “Então existe como prevenir e
como tratar esses coágulos”? Doutor Wanderley diz que “com a Covid-19 todos nós
temos alguma possibilidade de apresentar isquemia. Portanto, fica o alerta:
‘tempo é cérebro’”.
Por que “tempo é cérebro?”
É bem compreensível
que algumas pessoas fiquem relutantes em ir aos hospitais neste período da
pandemia da Covid-19, mas quando suspeita-se de sinais e sintomas de Acidente
Vascular Cerebral (AVC), as consequências de um atraso no diagnóstico e no
tratamento neurológico podem ser sérias.
“Não hesite. Não
retarde o diagnóstico e o tratamento, afinal as lesões podem ser permanentes.
Por isso sempre digo que em casos assim “tempo é cérebro”, aconselha o
neurocirurgião.
Caso surgir algum
sintoma de isquemia cerebral, a procura por um hospital deve ser feita com a
máxima urgência. “Porque o início dos primeiros sinais e sintomas, ocorrendo
dentro de três horas será determinante para o diagnóstico e o tratamento
neurológico adequados. É o que chamamos de ‘tempo porta-agulha’”, recomenda
doutor Wanderley.
É preciso ficar
alerta aos sinais e sintomas como fraqueza muscular súbita, adormecimentos,
problemas na fala ou na visão, cefaleia súbita e intensa sem outras
explicações.
Esses sintomas
podem também estar presentes nos pacientes com a Covid-19, portanto atuar
rapidamente é fundamental.
Para isso, quem
está por perto deve fazer alguns testes simples que podem ajudar no diagnóstico
quando chegar ao médico.
- Avaliando a
face: Peça para o paciente esboçar um sorriso. Tem algum sinal de paralisia?
- Avaliando os
braços: Peça para o paciente elevar os braços, tem algum sinal de que ele não
consegue sustentá-los de forma adequada?
- Avaliando a
fala: Peça ao paciente para repetir uma frase simples. A fala está estranha ou
enrolada?
O importante é
agir o mais rapidamente possível, afinal “tempo é cérebro”.
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