O endocrinologista Marcelo Cidade Batista esclarece dúvidas comuns sobre
essa vitamina amplamente consumida sem indicação médica
Apesar
de a biotina ser indicada formalmente para o tratamento de algumas doenças
raras, o uso de suplementos contendo essa vitamina tem sido cada vez mais
adotado por leigos para o combate à queda de cabelos, o fortalecimento de unhas
e o ganho de energia. “A dose mais frequentemente utilizada nesses casos é de 5
a 10 mg/dia, ou seja, 100 a 200 vezes maior que a ingestão dietética normal”,
afirma o endocrinologista e patologista clínico Marcelo Cidade Batista.
No
entanto, o especialista explica que uma alimentação variada e saudável pode ser
suficiente para evitar a carência da biotina. “A substância está amplamente
distribuída nos alimentos, sendo encontrada em maiores quantidades na gema de
ovo, fígado, alguns vegetais e leite de vaca”, afirma Batista. Em função disso,
Batista explica que a deficiência clássica da vitamina é rara, ocorrendo apenas
em pacientes que apresentam algumas mutações congênitas, desnutrição severa ou
ingestão de grandes quantidades de clara de ovo cru.
Segundo
o Institute of Medicine e o Food and Nutrition Board of the
National Research Council (USA), a ingestão adequada de biotina é de 30
mcg/dia em homens, gestantes e não gestantes e de 35 mcg/dia em lactantes. Em
países ocidentais, a ingestão dietética varia de 30 a 75 mcg/dia.
Para
esclarecer os mitos e verdades sobre essa substância que tem sido amplamente
consumida sem indicações médicas, pedimos ajuda do especialista Marcelo Cidade
Batista. Confira!
- A biotina é indicada para todas as pessoas
MITO: Formalmente, o tratamento
com biotina é indicado apenas para pacientes com algumas doenças raras, como
deficiência da biotinidase, deficiência da holocarboxilase sintetase ou do
transportador intestinal da biotina, doença de gânglios da base responsiva a
biotina-tiamina, acidemia propiônica e alguns distúrbios do metabolismo
energético mitocondrial, de acordo com o especialista. “A biotina também tem
sido administrada a pacientes com esclerose múltipla progressiva (100-300
mg/dia), doenças desmielinizantes, síndrome de má-absorção e naqueles
submetidos a hemodiálise ou nutrição parenteral”, ressalta.
- Consumo de suplementos de biotina contribui para unhas, cabelo e ganho de energia
MITO: Até o momento, não
existem estudos científicos que comprovem os benefícios dessa substância para
essas condições, afirma Batista. Apesar disso, segundo ele, muitos médicos
consideram que a vitamina traz benefícios em alguns pacientes por conta das
práticas clínicas. “A recomendação é que a suplementação com biotina seja
sempre monitorada por um médico, que tem melhores condições de avaliar se o uso
da vitamina deve ou não ser mantido”, alerta.
- A deficiência da biotina é rara
VERDADE: A deficiência clássica da
biotina ocorre apenas em pacientes que apresentam algumas mutações congênitas,
desnutrição severa ou ingestão de grandes quantidades de clara de ovo cru
(devido à ligação da avidina do ovo à biotina), explica Batista. “Deficiências
mais leves podem ocorrer em gestantes e lactantes (devido ao maior catabolismo
da biotina) e em pacientes recebendo nutrição parenteral ou tomando anticonvulsivantes
(principalmente primidona e carbamazepina) ou ácido lipoico”, afirma.
- Carência da biotina pode causar conjuntivite
VERDADE: Além da conjuntivite, o
especialista explica que as manifestações clássicas da deficiência da
substância incluem dermatite periorificial, alopecia (cabelos mais finos e
descolorados), distúrbios neurológicos ou metabólicos, infecções cutâneas,
convulsões e retardo do desenvolvimento neuropsicomotor em crianças.
Fonte: Marcelo Cidade Batista é
graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Fez residência médica no Hospital das Clínicas (São Paulo) e doutorado na
Universidade de São Paulo. Possui título de especialista nas áreas de
Endocrinologia e Patologia Clínica. Atualmente é médico consultor do
Laboratório Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e diretor médico dos
Laboratórios Endoplus e Bio-Médico.
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