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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Conservação da biodiversidade marinha é preocupação da ONU para a próxima década

Localizada na costa do Espírito Santo, a Ilha da Trindade integra Área de Proteção Ambiental e abriga grande quantidade de espécies endêmicas
Créditos: João Luiz Gasparini


Preservação dos oceanos e mares está entre as prioridades da Fundação Grupo Boticário. Projetos apoiados fornecem informações para a criação de áreas protegidas


A preocupação com o uso consciente dos oceanos tem crescido a nível global. Exemplo disso é o movimento proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a próxima década. Entre 2021 e 2030, a entidade instigará a comunidade global a discutir e ampliar a cooperação internacional em prol da conservação da biodiversidade marinha e costeira, o que vai ao encontro do objetivo 14 de desenvolvimento sustentável.

Para o oceanógrafo Eduardo Secchi, professor associado do Instituto de Oceanografia na Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, a preocupação com o uso sustentável dos oceanos e a discussão sobre a preservação dos mares são urgentes, pois cobrem mais de 70% da superfície da Terra e são fundamentais para a vida no planeta. “Além de influenciar e regular o clima, seus vastos ecossistemas marinhos e costeiros abrigam uma imensa biodiversidade. Essa diversidade representa segurança alimentar de qualidade, por meio da pesca e maricultura, e potencial biotecnológico para a descoberta de novos insumos farmacêuticos”, afirma Secchi, um dos 30 brasileiros voluntários que integram o grupo de especialistas que reverá documentos da ONU sobre a temática para a Década dos Oceanos.


Apoio

A conservação dos oceanos e dos mares tem sido uma das prioridades da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Ao longo dos últimos 28 anos, foram investidos cerca de US$ 4 milhões em quase 250 iniciativas em toda a costa brasileira. Nos editais de apoio a projetos da instituição, há uma linha específica para a conservação dos oceanos. Para 2019, quase R$ 2 milhões estão reservados para programas com foco na proteção das marés. O último edital, finalizado no fim de agosto passado, foi exclusivo para a área costeiro-marinha e os projetos estão em fase de seleção.

Muitas iniciativas apoiadas e financiadas pela Fundação Grupo Boticário fornecem informações ao poder público e fortalecem ações que resultam na criação de áreas marinhas protegidas, como o Monumento Natural Trindade e Martim Vaz, situado a mil quilômetros da costa de Vitória (ES). A Cadeia Vitória-Trindade é composta por cerca de 30 montes submarinos de origem vulcânica que formam uma cordilheira submersa na costa do Espírito Santo. De acordo com o ICMBio, as ilhas oceânicas, no extremo leste da cordilheira, abrigam a maior riqueza de espécies recifais e endêmicas de todas as ilhas brasileiras.

A atuação efetiva da Fundação na proteção dos oceanos fez com que a entidade estivesse presente em uma conferência de alto-nível da UNESCO, promovida em setembro, em Paris, para discutir ações para a Década dos Oceanos. Segundo a analista de projetos ambientais da Fundação Grupo Boticário, Janaína Bumbeer, os participantes do evento sintetizaram os progressos científicos recentes que relacionam o clima e o oceano e debateram estratégias para tirar a ciência dos bancos das universidades e transformá-la em ação prática. Além disso, reforçaram a necessidade de aumentar a pesquisa e o financiamento de políticas públicas voltadas aos oceanos. Estimativas da Comissão Intergovernamental Oceanográfica (IOC) da UNESCO apontam que países alocam, em média, de 0,04% a 4% do total investido em pesquisa e desenvolvimento em estudos oceanográficos.

“O principal recado é que precisamos cooperar mais e alinhar pesquisas e políticas públicas. Em relação a isso, vemos que a Fundação Grupo Boticário está no caminho certo, já que temos vasto histórico na área marinha, com constantes investimentos. As iniciativas desenvolvidas por nós são práticas e levam à criação e à ampliação de áreas protegidas, além de fomentarem a discussão sobre o ambiente marinho”, diz Janaína, que participou da conferência da UNESCO.







Sobre a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução para diversos problemas da sociedade. Também promove ações de mobilização, sensibilização e comunicação inovadoras, que aproximam a natureza do cotidiano das pessoas.


Sobre a Rede de Especialistas
A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza é uma reunião de profissionais, de referência nacional e internacional, que atuam em áreas relacionadas à proteção da biodiversidade e assuntos correlatos, com o objetivo de estimular a divulgação de posicionamentos em defesa da conservação da natureza brasileira. A Rede foi constituída em 2014, por iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

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