Levantamento
inédito feito com mulheres da América Latina também ouviu as mães e os
parceiros das entrevistadas sobre hábitos sexuais e saúde reprodutiva
Detectar quais são as principais preocupações e necessidades
relacionadas à saúde reprodutiva e sexual de jovens mulheres, pelo olhar delas,
de suas mães e de seus parceiros, foi o objetivo de um levantamento inédito
feito pela empresa global de pesquisa de mercado Medimix International, com
apoio da farmacêutica MSD. O levantamento, realizado online entre
dezembro de 2016 e janeiro de 2017, ouviu 1.642 pessoas das classes sociais C,
D e E, em quatro países da América Latina (Brasil, Argentina, Chile e México).
Os achados revelam que 50% das mulheres jovens e seus
parceiros gostariam de ter mais informações sobre saúde sexual e métodos
contraceptivos. Também mostram que há divergências significativas entre as
preocupações das jovens e de seus parceiros com relação à contracepção e à
gravidez, e o que elas pensam sobre esses assuntos versus como suas mães
enxergam a vida sexual e as necessidades de suas filhas, principalmente no
Brasil.
Um exemplo claro é o início da vida sexual. Cerca de 60% das jovens
entrevistadas declaram ter visitado um profissional de saúde para esclarecer
questões sobre saúde reprodutiva e sexual, sendo que a maior parte diz visitar
uma vez por ano (59%) ou quando tem um problema (30%). No Brasil, em
particular, apenas 30% das mães dizem que sua filha visita um profissional de
saúde, número significativamente menor do que os cerca de 60% relatados pelas
próprias adolescentes. Quando questionadas sobre com quem inicialmente falaram
sobre saúde sexual, 31% das jovens brasileiras elencaram a mãe, 23% as amigas e
apenas 8% o profissional de saúde. Apesar disso, 72% das mães afirmam que falam
sobre saúde sexual com suas filhas.
Os números são controversos também quando questionadas sobre o início da vida
sexual. Cerca de 37% das brasileiras jovens relatam que se tornaram sexualmente
ativas entre 15 e 17 anos, e 19% entre 18 e 21 anos. No entanto, 45% das mães acreditam
que a vida sexual de suas filhas começou após os 18 anos de idade. As
preocupações de mães e filhas nessa fase também são diferentes. No início da
vida sexual da filha, 84% das mães entrevistadas querem falar sobre a prevenção
da gravidez e o uso de contraceptivos, enquanto 88% das filhas veem o medo de
infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) como a principal questão. Após o
início da vida sexual, a preocupação das mulheres jovens com a gravidez chega a
55% e a das mães com ISTs em torno de 36%.
À medida que a jovem evolui sexualmente, o parceiro torna-se seu principal
confidente e ela compartilha com ele suas preocupações sobre gravidez não planejada
e o uso de métodos contraceptivos. Apesar disso, as percepções de ambos também
são diferentes. Em uma escala de 0 a 5, o nível de preocupação em ter uma gravidez não planejada é
alto para mulheres jovens brasileiras e suas mães (4,35). Para seus parceiros,
porém, o índice desce para 3,54. No caso de uma gravidez não planejada, a principal
preocupação para as mulheres jovens é não ter os recursos econômicos para
manter o bebê, seguido de não ser capaz de estudar e de não estar preparada
para ser mãe. Para os parceiros, a principal preocupação é não ter recursos
financeiros, seguido de não conseguir ter uma vida normal e não estar preparado
para assumir a responsabilidade. Apesar disso, praticamente 90% das jovens, das
mães e de seus parceiros concordam que prosseguiriam com a gravidez e
assumiriam a responsabilidade pela criança. Quando questionados se conhecem
alguém que teve uma gravidez não planejada, 85% das jovens brasileiras e 75% de
seus parceiros dizem que sim.
Os parceiros têm um papel importante a desempenhar quando ocorre uma gravidez
não planejada. As mulheres jovens relatam darem preferência a seus parceiros
para compartilhar o teste positivo de gravidez e como fonte de aconselhamento,
seguidos pelas mães e amigas, e raramente pelos profissionais de saúde. Há
novamente uma desconexão com as mães, que acreditam que elas próprias e os
médicos devem ser as principais fontes de aconselhamento. Curiosamente, os
próprios parceiros acreditam que os médicos e os pais da jovem devem ser os
primeiros a serem comunicados.
De acordo com as mulheres jovens, as principais consequências de uma gravidez
não planejada foram: deixar a escola (69%), conseguir um emprego (50%),
obrigação de casar (39%), deixar a casa dos pais (22%) e interromper a gravidez
(6%).
O uso de métodos contraceptivos
O nível de conhecimento e a frequência de uso de métodos
contraceptivos também foram avaliados no levantamento. Em geral, a
autopercepção quanto aos métodos anticoncepcionais é alta entre todos os
públicos nos países pesquisados (média de 3,99 pontos em uma escala de 0 a 5).
Preservativos e pílulas são, predominantemente, os métodos anticoncepcionais
mais utilizados pelas mulheres jovens brasileiras (42% e 32%, respectivamente).
Das entrevistadas, 23% e 21% usaram camisinha e pílula, respectivamente, ao
menos uma vez, mas 40% nunca usaram pílula e 30% nunca usaram camisinha.
O implante subcutâneo contraceptivo é muito raramente
usado pelas jovens brasileiras: 66% delas conhecem o método, mas nunca o
usaram, enquanto 32% não sabem nada sobre o anticoncepcional. Resultados
semelhantes são observados para injeção, adesivo, DIU e anel vaginal. Nesse
sentido, 85% das mulheres jovens declararam que não têm acesso aos métodos
anticoncepcionais mencionados. A preferência por preservativos e pílulas está
diretamente relacionada ao acesso pelo sistema público de saúde. No Brasil, 69%
das jovens dizem ter acesso gratuito à camisinha e 51% à pílula. No entanto,
apenas 1% delas tem acesso ao implante, por exemplo.
Geralmente, o preservativo e as pílulas também são os
contraceptivos mais recomendados pelas mães. No Brasil, eles são a preferência
de 45% e 24% das entrevistadas, respectivamente, seguido da injeção (21%).
Curiosamente, uma grande maioria (84%) das brasileiras jovens afirma que usaria
um método contraceptivo, mesmo se seu parceiro usasse também o preservativo.
Cerca de 60% dos parceiros brasileiros relataram estarem envolvidos na escolha
do contraceptivo e 48% acreditam que a mulher tem o direito de se proteger, mas
apenas metade dos entrevistados se sentem confortáveis de usar camisinha; 63%
não sente prazer usando o método e metade já fizeram sexo desprotegidos.
Entre os fatores importantes para a escolha do método,
42% das jovens brasileiras consideram a segurança e menos efeitos colaterais em
primeiro lugar, seguido da conveniência (21%) e da manutenção da fertilidade a
longo prazo (16%). Entre as informações que acham mais pertinentes receber
sobre os contraceptivos estão: os riscos, quais são mais eficazes e quais são
mais modernos.
Sobre o levantamento
O levantamento foi feito online com 814 mulheres
de 18 a 21 anos, 620 mães de meninas pré-adolescentes (entre 9 e13 anos) e
adolescentes (entre 14 e 20 anos), e 208 homens maiores de 18 anos. No Brasil,
a pesquisa ouviu 416 pessoas de todas as regiões do país, sendo 211 mulheres
jovens, 151 mães e 54 parceiros. A pesquisa foi realizada de 22 de dezembro de
2016 a 17 de janeiro de 2017.
O levantamento baseou-se em três temas:
·
Questões relacionadas à sexualidade em geral: visitas ao
profissional de saúde, nível de autopercepção de conhecimentos sobre questões
de saúde reprodutiva e sexual, início de atividade sexual e principais
preocupações relacionadas a isso.
·
Questões referentes aos métodos anticoncepcionais: nível de
conhecimento, uso e preferências.
·
Perguntas relacionadas à gravidez não planejada: nível de
preocupação, consequências, fontes de informação/pessoas de quem as jovens
dependem ou preferem ao tomar uma decisão e formas de preferência para receber
as informações relacionadas à saúde reprodutiva e sexual.
MSD no Brasil
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