No mês de abril é celebrado o Dia Mundial de Combate
à Meningite (24 de abril). Você sabe tudo sobre a doença? Teste aqui seus conhecimentos.
1.
Quem corre risco de contrair Meningite Meningocócica?
a. Todos, a susceptibilidade à Meningite é universal.
b.
Apenas pessoas que vivem ou que viajaram para áreas endêmicas.
c.
Apenas quem teve contato com pacientes contaminados pela meningite
R: Todas as pessoas são suscetíveis a
Doença Meningocócica Invasiva (DMI). Além disso, a sua distribuição geográfica
é variada e imprevisível. 1,2,3
2.
Como a Meningite Meningocócica é transmitida?
a.
É, exclusivamente, uma doença sexualmente transmissível.
b.
Através de inseto vetor.
c. De pessoa para pessoa, através de secreções
respiratórias.
R: A DMI é de transmissão direta
(transmitida de pessoa para pessoa) através da troca de secreções respiratórias
e da garganta (por exemplo: através da tosse, espirro, beijo ou compartilhar
utensílios de cozinha, entre outros).2
3.
Que fatores aumentam o risco de contágio?
a.
Viajar para áreas endêmicas e viver em dormitórios/ alojamentos.
b.
Tabagismo e aglomerações.
c. Todas as anteriores
R: Além de lactentes, incluem-se no
grupo de risco: Indivíduos que viajam para áreas onde a DMI é comum (por
exemplo, certos países da África, e na Arábia Saudita), imunodeficientes e
tabagistas. Estudos também têm demonstrado que universitários que vivem
alojamentos/dormitórios compartilhados têm um risco aumentado de doença
meningocócica comparados com outros da sua idade.2
4.
Após a exposição ao patógeno, quanto tempo é necessário para desenvolver
manifestações iniciais da doença?
a. O período de incubação é curto, de 2 a 10 dias
b.
O período de incubação é médio, 10 a 15 dias.
c.
O período de incubação é longo, acima de 15 dias.
R: O período de incubação do
meningococo normalmente é de 3 a 4 dias, com um intervalo de 2 a 10 dias. A
bactéria pode penetrar a mucosa e atingir a corrente sanguínea. A meningite
caracteriza-se por possuir um início abrupto e evolução rápida, podendo levar
ao óbito entre 24-48 horas. O meningococo pode alcançar a corrente sanguínea,
causando uma infecção generalizada (sepse ou meningococcemia) e/ou as meninges
(membranas protetoras do sistema nervoso central) causando meningite
meningocócica. 2,3
5.
Como é diagnosticada?
a.
Exame laboratorial a partir de amostras de fezes e urina.
b. Inicialmente o diagnóstico é clínico (histórico do
paciente + exame físico), e é confirmado após exame laboratorial a partir de
amostras de sangue ou de líquido céfalo-raquidiano (líquido que recobre o
cérebro e a medula espinhal).
c.
Através de diagnóstico clínico (histórico do paciente + exame físico), sem
necessidade de exame laboratorial.
R: O diagnóstico inicial da doença
meningocócica é clínico, feito por exclusão de outras doenças, já que seus
primeiros sintomas são muito inespecíficos, tornando o dignóstico inconclusivo.
O diagnóstico laboratorial é realizado a partir da análise e cultura de
amostras de sangue ou de líquor, com resultado entre 1 a 3 dias. A coloração
pela técnica do Gram (exame simples e rápido) permite aumentar o grau de
certeza do diagnóstico clínico.2,3
6.
A Doença Meningocócica é uma doença grave, de rápida progressão e pode levar a
óbito. Qual a taxa de letalidade da doença no Brasil?
a. Aproximadamente 23%
b.
Maior que 35%
c.
Entre 1 e 5%
R:
Mesmo quando a doença é diagnosticada precocemente e o tratamento adequado é
iniciado, aproximadamente 23% dos pacientes acometidos vão a óbito, geralmente,
em 24 a 48 horas após o início dos sintomas.3,4
7.
Quantos e quais sorogrupos de Neisseria meningitidis (bactéria causadora da doença) têm
sido os causadores da Meningite no Brasil, nas últimas décadas?
a.
1 sorogrupo: No Brasil, apenas o sorogrupo C é relevante.
b.
3 sorogrupos: A, B e C.
c. 5 sorogrupos: A, B, C, W e Y.
R: A doença meningocócica invasiva é
uma infecção bacteriana aguda, rapidamente fatal, causada pela bactéria Neisseria meningitidis.
Esta bactéria possui 12 sorogrupos diferentes. Atualmente, cinco destes
sorogrupos (A, B, C, Y e W) são responsáveis por quase todos os casos de DMI no
Brasil. Entretanto, a distribuição dos sorogupos é variável e pode mudar em um
curto período de tempo, resultando em uma epidemiologia imprevísivel.2,3,5,6
8.
Quais as vacinas meningocócicas disponíveis no Brasil?
a. Vacinas contra Meningite C, ACWY e B.
b.
Vacinas contra Meningite A e W.
c.
Vacinas contra Meningite A, Y e B.
R: Atualmente existem diferentes
vacinas disponíveis para imunização ativa contra os 5 principais sorogrupos
causadores da DMI no Brasil, são elas:7
-
Vacina Adsorvida Meningocócica C (Conjugada), a única disponível gratuitamente
no Programa Nacional de Imunização (PNI), na rede pública. 8,9
Presentes
na rede privada, estão as vacinas10:
-
Vacina Meningocócica ACWY (Conjugada). Esta vacina ACWY é conjugada à proteína
carreadora CRM197. 11
-
Vacina Meningocócica ACWY (Conjugada). Esta vacina ACWY é conjugada ao toxóide
tetânico.12
-
Vacina Adsorvida Meningocócica B (Recombinante).13
9.
Quais são os primeiros sintomas da doença?
a.
Hemorragia
b. Febre, dor de cabeça, perda de apetite.
c.
Coceira e diarreia
R: Os sinais e sintomas iniciais da doença meningocócica — incluindo
febre, irritabilidade, dor de cabeça, perda de apetite, náusea e vômito — são
inespecíficos5,14. Na sequência, o paciente pode apresentar manchas
arroxeadas na pele, rigidez na nuca e sensibilidade à luz. Após 15 horas, o
quadro geralmente evolui para confusão mental, convulsão, sepse e choque,
inconsciência e risco de morte14. Essa rápida progressão deixa
pouco tempo para o diagnóstico e o tratamento apropriados em tempo hábil,
reforçando a necessidade de prevenção da doença por meio de vacinação.14-16
10.
Quais são as sequelas que a doença pode provocar?
a.
Paralisia de membros inferiores
b.
Problemas cardíacos e esterilidade
c. Amputações, convulsões, perda auditiva e déficit
cognitivo
R: A doença meningocócica pode causar
deficiências sérias e permanentes17. Até 20% dos sobreviventes apresentam
sequelas permanentes significativas, incluindo dano cerebral, perda auditiva e
amputações de membros. 5,18,19
Referências:
1.
SÁFADI, MAP. et al. The epidemiology of meningococcal disease in Latin America
1945–2010: an unpredictable and changing landscape. Epidemiol. Infect., 141:
447–58, 2013.
2.
IMMUNIZATION ACTION COALITION. Meningococcal: Questions and Answers.
Information about the disease and vaccines. Disponível em: <http://www.immunize.org/catg.d/p4210.pdf>.
Acesso em: 20 mar. 2017.
3.
CASTIÑEIRAS, TMPP. et al. Doença meningocócica. In: CENTRO DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
PARA VIAJANTES. Disponível em: <http://www.cives.ufrj.br/informacao/dm/dm-iv.html>.
Acesso em: 20 mar. 2017.
4.
BRASIL. Ministério da Saúde. Pesquisa realizada na base de dados DATASUS,
utilizando os limites “FAIXA ETÁRIA” para Linha, “EVOLUÇÃO” para coluna, “CASOS
CONFIRMADOS” para Conteúdo, selecionar cada um destes anos separadamente “2011,
2012, 2013, 2014 e 2015” para Períodos Disponíveis, “MM”, “MCC” e “MM+MCC” para
Etiologia, e “TODAS AS CATEGORIAS”para os demais itens. Base de dados
disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/meninbr.def>.
Acesso em: 31 mar. 2017.
5.WHO.
Meningococcal meningitis, factsheet No. Nº141. 2012. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/
factsheets/fs141/en/>. Acesso em: 31 mar. 2017.
6.
BRASIL. Ministério da Saúde. Pesquisa realizada na base de dados DATASUS,
utilizando os limites "FAIXA ETÁRIA" para Linha,
"SOROGRUPO" para Coluna, "CASOS CONFIRMADOS" para Conteúdo,
"2016" para Períodos Disponíveis, "MM", "MCC" e
"MM+MCC" para Etiologia, e "TODAS AS CATEGORIAS" para os
demais itens. Acesso em: 31 mar. 2017.
7.
Pesquisa realizada na revista Kairos, usando o termo “MENINGOCÓCICA” na busca
comum do site. Disponível em: <http://brasil.kairosweb.com/resultado_busq.html?prodname=MENINGOC%D3CICA>.
Acesso em: 31 mar. 2017.
8.
MENJUGATE® [vacina adsorvida meningocócica C (conjugada)]. Bula da vacina.
9.
BRASIL. Portal Saúde. Calendário nacional de vacinação 2017. Disponível em:
<http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/197-secretaria-svs/13600-calendario-nacional-de-vacinacao>.
Acesso em: 20 mar. 2017.
10.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES (SBIM). Calendário de vacinação da criança:
recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) – 2016/2017.
Disponível em: <http://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-crianca-2016-17.pdf>.
Acesso em: 07 abr. 2017.
11.
MENVEO® [vacina meningocócica ACWY (conjugada)]. Bula da vacina.
12.
Vacina meningocócica ACWY (conjugada) da Pfizer. Bula da vacina.
13.
BEXSEROTM [vacina adsorvida meningocócica B (recombinante)]. Bula da
vacina.
14.
Thompson MJ, Ninis N, Perera R, et al. Clinical recognition of meningococcal
disease in children and adolescents. Lancet. 2006;367(9508):397-403.
15. Andre
FE, Booy R, Bock HL, et al. Vaccination greatly reduces disease, disability,
death and inequity worldwide. Bull World Health Organ. 2008;86(2):140-146.
16. Yogev
R, Tan T. Meningococcal disease: the advances and challenges of meningococcal
disease
prevention. Hum Vaccin. 2011;7(8):828-837.
17.
Ehrlich TR, Von Rosenstiel IA, Grootenhuis MA, Gerrits AI, Bos AP. Long-term
psychological
distress
in parents of child survivors of severe meningococcal disease. Pediatr Rehabil.
2005;8(3):220-224.
18.
Rosenstein NE, Perkins BA, Stephens DS, Popovic T, Hughes JM. Meningococcal
disease. N
Engl J
Med. 2001;344(18):1378- 1388.
19.
Granoff DM, Gilsdorf JR. Neisseria meningitidis (Meningococcus). In:
KleigmanRM, Stanton BF, St. Geme JW, Schor NF, Behrman RE, eds. Nelson Textbook
of Pediatrics. 19th ed. Philadelphia, PA: Saunders Elsevier; 2011:929-935.
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