Alder Lopes
Ivam Grambeck
Ivam Grambeck
O "Rei das Carnes" ensina tudo o que
você precisa saber
O açougueiro considerado o rei das carnes nobres,
Alder Lopes, que esteve recentemente nos programas É de Casae no reality show gastronômico Fecha a
Conta, no Mais Você, ambos da Globo, ensina tudo o que é
preciso saber para se ter uma carne de qualidade.
“Dentro do mercado atual da carne, para se
trabalhar com produtos premium é preciso conhecer toda a cadeia da carne, todo
o processamento, do pasto ao prato. Por isso listei os itens que são
primordiais para se ter uma carne segura e saborosa. Estes são os meus 10
princípios para a escolha do que eu vendo e do que eu consumo”, explica
Alder.
1 – Genética
A genética do animal impacta diretamente no tipo
de carne que você vai consumir. Por isso é importante saber qual raça tem a
aptidão genética que você busca. Algumas carnes que evidenciam isso são a do Wagyu,
que tem um marmoreio muito maior que outras raças por predisposição genética e
o Angus, raça que tem predisposição para produzir carnes com mais marmoreio e,
portanto, com mais maciez, suculência e sabor.
2 – Rastreabilidade
O ideal é que você tenha como acompanhar o
produto desde a sua origem. A rastreabilidade vai dizer de que fazenda
esse animal veio, como foi a cria, a recria e a engorda.
3 – Transporte dos animais
Para o transporte do animal até o frigorífico é
preciso ter instalações adequadas para que ele não sofra estresse. O motorista
precisa ser cauteloso e evitar que os animais se debatam e se machuquem.
Essas e outras recomendações fazem parte das práticas de bem-estar
animal.
4 – Recebimento
O trabalho do frigorífico começa na hora de descarregar
os animais e na distribuição do lote em uma baia apartada. Se ele for mantido
junto àqueles com quem conviveu, ele vai ficar mais calmo e não entrará em
conflito. A chegada normalmente ocorre de um a dois dias antes do abate.
5 - Abate e Corte
É muito importante que o frigorífico tenha SIF
(Serviço de Inspeção Federal) ou SISP
(Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal) para que haja um controle
rígido de todo o processo, desde o abate, passando por toda a toalete da
carcaça, até ela chegar a desossa. Que também englobam uma mão de obra
qualificada e equipamentos adequados para cada etapa. Na desossa
são utilizadas as facas menores, números 5 e 6, além da trena
de um metro, para fazer os cortes iguais. No refile
aéreo e limpeza da peça, são usadas facas medianas, entre 8 e 10. Já na
casa de carne, o porcionamento de pequenas peças também é possível usar as
carnes 8, 9 e 10, que tem mais precisão no corte. Na loja eu uso as facas
maiores, 12 e 14, que são ideais para se ter um bom padrão de corte.
Como hoje existem muitos cortes com osso em alta,
é importante ter a ferramenta adequada. Eu uso a serra
de fita mkp da Starrett para fazer o porcionamento da carne, já que esse
corte exige que ela esteja congelada, para que haja precisão e qualidade no
corte.
6 – Armazenamento
No frigorífico é necessárioum
primeiro resfriamento de 48 horas de frio nas carcaças, após o abate. Isso
garante que se tenha uma alta performance nos cortes, se ela estiver com
aproximadamente 5°C. Em seguida a carne recebe uma embalagem primária,
normalmente a vácuo com encolhimento. Na sequência ela é lacrada em caixa de
papelão e enviada para a câmara de estocagem. Será o primeiro armazenamento
dessa carne. No transporte até a casa de carne ou
supermercado, o controle da temperatura continua sendo importante, para que
essa carne não sofra oscilação, ela precisa ficar em zero grau até o seu
destino. Já no expositor da loja, também é
importante que haja uma adequação para que a carne se mantenha a zero grau. Mas
é comum vermos a carne embalada a vácuo, com sangue no saquinho, um dos sinais
de que a carne sofreu oscilações. A qualidade dessa carne vai depender de
quanto tempo ela está ali.
7 – No açougue
Qualquer pessoa que come uma boa carne tem um
amigo açougueiro, porque é ele quem vai entregar exatamente o que você quer. A
conversa com o cliente é essencial para entender para qual tipo de preparo
deverá ser cortada a carne. Muitos acreditam que o papel do açougueiro não é
fundamental no preparo da carne, por isso na década de 90 os supermercados
vieram com o perfil de bandeja e acharam que iriam extinguir os açougues da
praça. Pelo contrário, ressaltou e enalteceu a profissão do açougueiro, que
hoje mais do que nunca é essencial para a compra de uma boa carne. Qualquer
pessoa que come uma boa carne tem um amigo açougueiro.
8 – Transporte da carne
Eu sempre recomendo que a pessoa leve uma bolsa
térmica no carro ou que deixe para pegar a carne por último durante as compras,
para que o produto não fique muito tempo em local sem refrigeração. Esse tempo
em altas temperaturas, pode custar o seu churrasco.
9 – Em casa
Se a compra for para um churrasco, converse com o
açougueiro e informe o número de pessoas que estará no evento. Se a carne será
usada no mesmo dia, pode ficar na geladeira rotativa, mas o que não for, vai
para o congelador. No próximo churrasco, é imprescindível tirar a carne
um dia antes do congelador e deixar descongelar dentro da geladeira, nada de
colocar dentro da piscina, ao lado da churrasqueira e coisas do gênero.
10 – Preparo – Carne bovina
Na hora do preparo, deixe que a carne descanse em
temperatura ambiente. Se já estiver descongelada, vale a pena colocar ao lado
da churrasqueira. Para a maioria dos cortes basta usar o sal, principalmente
para os grelhados, para as demais vale a pena quebrar na hora a pimenta do
reino e o sal. Mas independente da fonte de calor, seja churrasqueira a gás, a
carvão ou a lenha, o ideal é ter o fogo pronto pra execução do churrasco,
incluindo a grelha aquecida. É a grelha que vai fazer a selagem rápida para
manter a suculência dentro da peça. Depois é ter paciência e ficar atento ao
ponto da carne que mais agrada: mal passada, ao ponto para mal passada, ao
ponto, ao ponto para bem passada e bem passada.
Bom apetite!
Nenhum comentário:
Postar um comentário