Quando o jovem apresenta dificuldades de comportamento ou
desempenho na escola, é comum descobrirmos que a raiz do problema está na falta
de cumplicidade entre pais e filhos provocada pelos efeitos alienantes da
tecnologia. Uma convivência limitada, superficial, leva os
adultos a nutrirem expectativas que não correspondem ao real potencial de
realização dos filhos. Desconhecem as dificuldades que os adolescentes
enfrentam em sua vida escolar e tampouco reconhecem suas potencialidades.
Assim, pais ficam sem parâmetros para estabelecer limites e regras.
Muitos pais sentem-se tranquilos quando seus filhos estão em casa,
fechados no quarto. Afinal, não estão ‘na rua’, não estão fazendo bagunça e
tampouco estão demandando a atenção dos adultos. Contudo, ao desconectar-se da
família para conectar-se às redes sociais, games e séries, os jovens deixam de
compartilhar suas experiências diárias com os pais e irmãos. O resultado é
uma profunda falta de intimidade entre os membros da família. Uma
situação aparentemente controlada mas que traz diversos riscos para o
adolescente.
Há possibilidade de acesso a conteúdos inadequados à
faixa etária e, ainda, o contato com pessoas desconhecidas que
podem oferecer risco à criança e mesmo à família. O despreparo dos adolescentes
pode, ainda, causar exposição excessiva e mesmo divulgação de imagens que
podem ocasionar consequências devastadoras. A escola não pode se isentar diante
desse quadro, cada vez mais comum. Por isso, no Colégio Stockler, o assunto foi
pauta da primeira reunião de pais de 2017.
Além de soar o alerta, o colégio procurou oferecer algumas
sugestões práticas para combater o problema, tais como estabelecer, dentro da
rotina semanal, momentos onde todos da família possam ter um encontro
real, sem artifícios do mundo virtual. Pode ser um momento para jogar
um jogo de tabuleiro, assistir um filme, ou bater um papo sobre os
acontecimentos da semana.
É importante que os pais também dividam com os filhos suas
dificuldades e conquistas profissionais, suas aspirações e metas. Ao mesmo
tempo, é essencial que escutem os filhos sobre a sua rotina, que descubram do
que gostam e não gostam, seja na vida acadêmica como na pessoal, no esporte, no
lazer. Nesses encontros, os jovens começam a compreender que nem tudo
que eles querem é de direito. Que o mundo real não é tão imediatista
como o mundo virtual. Começam a valorizar as conquistas e as
construções da sua vida e da vida familiar.
Josely Magri - diretora pedagógica do
Colégio Stockler, psicopedagoga e especialista em terapia familiar.
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