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terça-feira, 15 de setembro de 2015

Pais subestimam o tempo de tela dos filhos e desconhecem problemas oculares causados pelas novas tecnologias





80% das crianças experimentaram ardência, coceira nos olhos ou cansaço após o uso de dispositivos eletrônicos por longos períodos de tempo


Recentemente, a Academia Americana de Pediatria (AAP) emitiu um alerta aos pais e pediatras, informando que as crianças estão gastando uma média de sete horas por dia nas mídias de entretenimento, incluindo televisores, computadores, telefones e outros dispositivos eletrônicos. A entidade americana defende que as crianças não devem se envolver com mídias eletrônicas por mais de duas horas por dia. E, que a televisão e as outras mídias devem ser evitadas por lactentes e crianças com menos de 2 anos de idade.                                                                     
E segundo uma pesquisa da Associação Americana de Optometria (AOA), os pais subestimam seriamente o tempo que seus filhos utilizam os dispositivos digitais. Uma pesquisa da entidade relata que 83% das crianças, entre as idades de 10 e 17 anos, usam os dispositivos eletrônicos (celular, tablet, computador e vídeogame) cerca de três horas ou mais por dia. No entanto, uma segunda pesquisa da entidade, realizada apenas com os pais das crianças, revelou que apenas 40% deles acreditam que seus filhos usem os dispositivos eletrônicos por tanto tempo.
“Os oftalmologistas estão preocupados com os dados informados pelas entidades americanas, pois o aumento do tempo de tela, sem a consciência dos pais sobre esse fato, pode deixá-los mais propensos a ignorar os sinais de alerta e os sintomas associados com problemas de visão causados pelo uso da tecnologia, tais como o desconforto ocular e o olho seco”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
De acordo com a primeira pesquisa da AOA, 80% das crianças experimentaram ardência, coceira nos olhos ou cansaço após o uso de dispositivos eletrônicos por longos períodos de tempo. “Estes são sintomas da Síndrome da Visão do Computador,  uma condição temporária da visão causada pelo uso prolongado da tecnologia. Outros sintomas podem incluir dores de cabeça, fadiga, perda de foco, visão turva, visão dupla, dor no pescoço”, explica o oftalmopediatra Fabio Pimenta de Moraes (CRM-SP 124.321), que também integra o corpo clínico do IMO.
"Quando os pais pensam sobre o tempo de tela de seus filhos, muitas vezes, eles não levam em conta o tempo gasto nos dispositivos digitais em sala de aula. A cada ano, quando as aulas recomeçam, presenciamos um aumento de crianças que se queixam de sintomas de fadiga ocular. Essencialmente, porque antes, elas estavam de férias, usando por menos tempo seus dispositivos tecnológicos, mas com a volta às aulas e com o uso diário e exaustivo da tecnologia, o desconforto nos olhos ressurge”, explica Fabio Moraes.
Outra preocupação relacionada com o uso de dispositivos eletrônicos refere-se à luz que esses aparelhos emitem - de alta energia, de curto comprimento das ondas de luz azul e violeta - e como esses raios podem afetar o envelhecimento dos olhos. “Os smartphones, os tablets, os monitores LED e as TVs de tela plana emitem luz nessas faixas, assim como as lâmpadas fluorescentes compactas. As pesquisas mostram que a exposição excessiva à luz azul pode contribuir para o esforço dos olhos, para o desconforto ocular e pode levar a doenças graves relacionadas com a idade, como a degeneração macular (DMRI), que pode causar cegueira”, informa Virgílio Centurion.

Medidas preventivas
“Quando se trata de proteger a visão dos males dos abusos das mídias digitais, fazer pausas frequentes é importante. As crianças devem ser orientadas a fazer pausas, a cada 45 minutos, interrompendo a atividade, andando, tomando um pouco de água. Segundo a pesquisa da AOA, quase um terço (32%) das crianças passa uma hora inteira usando os dispositivos digitais, antes de fazer a primeira pausa recomendada, a cada 45 minutos”, destaca o oftalmopediatra Fabio Moraes.
A seguir, os oftalmologistas do IMO sugerem algumas orientações para ajudar a prevenir ou reduzir problemas de visão associados com o uso das mídias digitais pelas crianças e adolescentes:

  • Dispositivos digitais devem ser mantidos a uma distância segura, de cerca de 45 cm e ligeiramente abaixo do nível dos olhos;
  • Verifique se há reflexo na tela. Fontes de luz não devem ser diretamente visíveis quando a criança estiver sentada na frente de um monitor de computador;
  • Considere também ajustar o brilho da tela do dispositivo digital, alterando sua cor de fundo;
  • Reduzir a quantidade de iluminação na sala para coincidir com a tela do computador;
  • Uma luz de baixa potência pode ser substituída por uma sobrecarga de luz brilhante ou um interruptor tipo dimer pode ser instalado para proporcionar flexibilidade no controle da iluminação da sala;
  • Ajuste o tamanho da fonte. Aumente o tamanho do texto na tela do dispositivo para tornar a leitura mais fácil;
  • Lembre-se de piscar. Para minimizar as chances de desenvolver olho seco ao usar o computador ou outro dispositivo digital. É preciso fazer um esforço para piscar com frequência;
  • “As crianças devem fazer, ao menos, um exame oftalmológico anual. Exames de visão regulares são a única maneira de diagnosticar doenças e distúrbios oculares em crianças. Problemas de visão não diagnosticados podem  prejudicar o aprendizado e causar prejuízo da visão e da qualidade de vida para as crianças também”, destaca o oftalmopediatra Fabio Moraes.


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