Depois
de “sequestro no Iguatemi Campinas”, “toque de recolher na cidade” e “pessoas
que morrem por comer feijão”, postagem em facebook identifica radícula, parte
normal do feijão, como sendo larva e ultrapassa 4 milhões de visualizações;
Justiça determina retirada do vídeo
A
Internet e o whatsapp, sem dúvida alguma, tornaram-se ferramentas fundamentais
para a comunicação e a democracia. Infelizmente, na mesma medida a utilização
irresponsável desta ferramenta para espalhar boatos e inverdades tem causado
inúmeros estragos. Uma das vítimas mais recentes da viralização de
inconsequências é a empresa Broto Legal, líder de vendas de arroz e feijão no
interior. Na manhã de segunda (21), uma internauta postou um vídeo na qual
mostra o feijão sendo cozinhada com radículas - uma estrutura que faz parte do
próprio grão e que dará origem à raiz e às primeiras folhas da planta-
afirmando que são larvas no feijão.
Apesar
de a empresa ter entrado em contato com a consumidora, informado do que se
trata, recolhido o feijão e inclusive ter enviado a ela laudos que comprovam
que não havia nenhum organismo vivo no saco de feijão e que se tratam de partes
do grão - qualquer marca de feijão, se for recém-colhido (o que proporciona um
melhor caldo) irá soltar mais facilmente as radículas quando deixado de molho
na água e submetido a calor e pressão – o vídeo não foi retirado e viralizou.
Mais de 4 milhões de pessoas assistiram e quase um milhão compartilhou. A Broto
Legal entrou na Justiça e foi concedida liminar determinando ao Facebook a
retirada do vídeo.
“Quando
tais comentários caem em redes sociais e viralizam, passando a se propagar
exponencialmente, a potencialidade lesiva é enorme. Assim, o incauto
‘comentarisra do fato danoso’, ainda que em boa fá, passa a difundir de modo
inimaginável notícia falsa e a causar dano que jamais seria capaz de disseminar
(...) Embora levada - provavelmente - por sentimento nobre de compartilhar a
informação de que determinado alimento poderia estar ‘estragado’ e vir a causar
malefício da saúde, a autopra do vídeo, Mara Rúbia, está, em verdade, inibindo
o consumo de feijão de boa qualidade (...) Trata-se do fenômeno da
‘desinformação’, uma praga das redes sociais. Uma notícia lançada por
ignorância (ou por malícia) se propaga à velocidade da luz e ‘ desinforma’ as
pessoas sobre certos assuntos, disseminando a mentira nas suas mais variadas
versões”, diz a juíza Renata Manzini noi texto da liminar.
“É
uma situação preocupante, não só porque uma pessoa publicou inverdades e até
agora não as corrigiu mesmo tendo recebido as informações corretas, como pelo
grande número de pessoas que compartilha o vídeo e ainda acrescenta comentários
equivocados de ‘alerta’, dizendo que o feijão fará mal e por aí afora. Vale
lembrar que a publicação e compartilhamento de notícia falsa se constitui em
ilícito cível e criminal, e a Broto já está tomou medidas legais contra a
autora do vídeo com informações não-verdadeiras”, diz Thais Storti, diretora da
empresa.
Curiosamente,
esta não foi a primeira onda de boatos envolvendo feijão nesta semana. Sem
citar marcas, também está rodando via whatsapp em Santos e São Paulo uma
mensagem que diz que o consumo de um feijão estragado está levando pessoas a
hospitais e que mais de 20 já morreram, mas que as instituições e a mídia
estão “escondendo isso” da população. Obviamente, não há nenhum registro do
fato – que como toda lenda urbana já começa a se espalhar em outras cidades -
ter ocorrido.
Whatsapp
e Facebook também já causaram outros estragos em Campinas recentemente. Nesta
semana, o Shopping Iguatemi Campinas foi obrigado a desmentir oficialmente em
sua página do facebbok um suposto sequestro de criança no evento Mundo Gloob
que estava também sendo viralizado pelas redes sociais. Em agosto, no dia 25,
uma mensagem na qual supostos criminosos diziam para ninguém sair de casa a
partir das 20h e citavam o nome dos bairros onde iriam atacar levou pânico a
boa parte da população. Segundo a Polícia Militar, nenhuma ocorrência foi
registrada e tudo não passou de um boato – o responsável por espalhá-lo por
whatsapp foi identificado e preso.
“Infelizmente,
as pessoas acabam acreditando no que vêem ou leem sem ter maiores informações
e, às vezes, até com boas intenções, espalham estas boatarias que geram
desinformação, medo, prejuízos financeiros e difamam instituições idôneas –
pode causar danos irreparáveis não só à empresa envolvida, mas também afetar a
cadeia inteira, que envolve a produção do feijão, desde agricultores,
transportadores, cerealistas, cozinhas industriais, planos nutricionais de
hospitais, escolas e creches, supermercados. É um absurdo, que precisa sempre ser
combatido. A liberdade de expressão é uma conquista maravilhosa, mas é preciso
sempre comunicar com verdade responsabilidade”, diz Storti .
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