Estimativas
da Entidade apontam para um regresso de 90 mil famílias da classe B (renda até
R$ 14.500,00) para a C; mais de 230 mil famílias teriam passado da classe C
para a D; e quase 920 mil da D para a E
Impulsionadas pela expansão dos
programas sociais, por maior acesso ao crédito e pelo crescimento real da
renda, as classes populares alavancaram seu padrão de consumo e contribuíram
para o expressivo crescimento do setor de comércio e serviços. Porém, o aumento
da inflação e os juros altos, somados à dificuldade para conseguir novos
empréstimos e ao aumento do desemprego colocaram em risco essa ascensão social
das famílias brasileiras, sobretudo as de menor renda. Segundo uma simulação
realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de
São Paulo (FecomercioSP), mais de 1,2 milhão de famílias brasileiras teriam
regredido socialmente nos últimos 12 meses.
O
Custo de Vida por Classe Social (CVCS), calculado mensalmente pela FecomercioSP,
mostra que as camadas mais pobres são exatamente as que estão sofrendo mais com
a alta dos preços, concentrada em bens essenciais, como alimentos, transporte
público e energia elétrica, cujo peso é maior no orçamento dessas famílias. No
período de 12 meses - que compreende julho de 2014 a julho de 2015 - o
custo de vida médio do paulistano subiu 9,63%. As camadas mais pobres, ou a
chamada "base da pirâmide", foram as mais afetadas, com elevação
acima da média: a alta foi de 11,16% para as famílias de classe E; 11,26% para
as famílias de classe D; 9,87% para a classe C; 8,82% para a classe B; e 8,73%
para a classe A.
A
Federação, por meio de simulações com base no padrão de consumo e no nível de
renda familiar em todo o País, considerando a segmentação por classes sociais
extraída da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008/2009 do IBGE, estimou
que mais de 350 mil famílias teriam saído da classe D (renda mensal de até R$
1.740,00) para a classe E (renda até R$ 1.160,00), e quase 20 mil da classe C
(até R$ 8.700,00) para a classe D, justamente pelo fato de que o custo de vida
das classes mais baixas subiu acima da média da capital paulista.
Ao
considerar a queda em torno de 2,5% do rendimento médio real apontado na
Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE, a estimativa é de que 90 mil famílias
teriam retrocedido da classe B (renda até R$ 14.500,00) para a C; mais de 230
mil famílias teriam passado da C para a D; e quase 920 mil da D para a E.
Segundo
a Entidade, além da inflação e da queda do rendimento médio, demais fatores
contribuem para o risco à ascensão social de milhões de famílias, como a
redução significativa das linhas de crédito para a população de renda mais
baixa, já excessivamente endividada; o aumento do desemprego e o recuo do aumento
real dos salários, principalmente do salário mínimo.
Problema
estrutural
A
Federação acredita que a dificuldade fiscal no País se caracteriza por fatores
estruturais, e não conjunturais, e que não há mais espaço para o avanço da
carga tributária, haja vista que o Brasil apresenta uma das mais altas
tributações do Planeta. O ajuste deve ser integralmente feito sob a forma de
redução do Estado, que hoje representa 40% do PIB.
Para
a FecomercioSP, quando se aumentam os tributos de empresas, a tendência é de
que os preços dos produtos se elevem e os níveis de investimentos e emprego
decaiam. Caso isso ocorra, as famílias terão menos dinheiro disponível para
consumo e poupança.
De
acordo com os dados de PNAD e POF do IBGE, a Federação observou que, analisando
as classes de forma agregada, apenas as famílias com renda superior a R$
8.740,00 são capazes de consumir menos do que ganham e podem, portanto, poupar.
São apenas 5,5 milhões, enquanto a maioria (56 milhões de famílias) tende a
gastar mais do que ganha e, por isso, depende do crédito gerado pela poupança
da minoria.
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