Vampiros! Quem nunca ouviu falar nestes seres estranhos
que povoam as lendas de todo o mundo? Nunca saberemos ao certo se realmente
existiram ou se foram histórias que sobreviveram aos séculos. O que constatamos
é que certos mitos têm o poder de atravessar fronteiras inimagináveis, sem
mudar a sua forma primitiva. O vampiro, tendo existido ou não, tem este poder!
Ele não desapareceu nas cinzas do tempo e chegou até nossos dias. Ele
sobreviveu às santas cruzadas e às fogueiras da inquisição. Ele passou por duas
guerras mundiais, e caso aconteça uma terceira, ele é um sério candidato a ser
um sobrevivente. Será ele o elo perdido entre o homem mortal e o imortal?
Vampiro! Ser enigmático que pode representar o verdadeiro
mal, mas que traz dentro de si o dom da imortalidade e do poder que a
humanidade tanto busca. E os antigos alquimistas? Estes enigmáticos estudiosos
precursores da Química passaram a vida procurando o elixir da imortalidade e a
pedra filosofal que teria o poder de transformar tudo no mais puro ouro. Na
verdade, o que buscavam realmente era a sua transmutação pessoal e, com ela, a
imortalidade e uma forma de deixar de lado a condição de pobres humanos, cheios
de fraquezas e doenças. Eles buscavam o poder da vida eterna.
Vemos ao longo da História o mito do vampiro, o imortal
amaldiçoado, e o alquimista, pobre mortal obstinado a desvendar o código da
imortalidade. Na verdade, um busca o que o outro já possui e nesta busca,
nenhum deles é feliz.
Os séculos se passaram e ambos desapareceram ou se
esconderam dos simples mortais.
Vampiros e alquimistas! Terão um dia se encontrado? Se um
dia qualquer aconteceu este encontro, podemos imaginar um diálogo entre eles:
─ Vampiro! Você tem aquilo que eu tanto busco!
Por outros caminhos, por maldições, não importa! Você a tem! Diga-me, qual é a
senha para abrir a porta da imortalidade?
─ Para que você a quer, Alquimista? O que
pensa fazer com ela, caso a encontre? Eu a tenho e sou um
infeliz, apesar de imortal e poderoso. Eu busco a paz da morte e a benção do
esquecimento. Busque outras coisas, busque viver melhor, busque a felicidade,
não importa se por pouco tempo. A imortalidade com doenças, inimizades,
desigualdades e fome ao seu lado é um castigo. Todo meu poder é um verdadeiro
inferno, acredite. Viva intensamente e descanse quando chegar a sua hora.
O Alquimista pensou longamente antes de responder:
─ Você tem razão! Eu nunca tinha pensado desta
forma! Eu estava enganado e você me mostrou o erro. Você me abriu as
portas para a verdadeira busca. Agradeço e espero que encontre a felicidade um
dia, meu amigo! A vida eterna sem ela é um castigo.
Besteiras? A História nos mostra alquimistas procurando a
imortalidade e lendas sobre vampiros imortais. O que se sabe é que ambos
desapareceram. Se existiram algum dia e se houve este encontro, não importa; o
que interessa é o ensinamento que ficou deste diálogo insólito, seja ele real
ou imaginário.
Célio
Pezza - colunista, escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete
Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Tumba do Apóstolo.
Saiba mais em www.facebook.com/celio.pezza
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