Neurocirurgião explica como deve ser
o socorro aos portadores desta síndrome
durante um ataque epiléptico
No próximo 26 de março é celebrado o Dia
Mundial da Conscientização da Epilepsia, conhecido como Dia Roxo.
Nesta data, pessoas ao redor do mundo são convidadas a vestir alguma peça de
roupa roxa em apoio à causa. A doença é caracterizada por um conjunto de
sintomas, originados de um grupo de neurônios disfuncionantes, que emitem
sinais atípicos ou irregulares. “As pessoas reconhecem facilmente a síndrome
quando ocorre o ataque epiléptico, mas ela não se resume a isso. Pacientes com
epilepsia têm uma vida ativa, como tiveram Vincent van Gogh, Fiódor Dostoiévski
e Machado de Assis. Por isso, o Dia do Roxo é mais uma oportunidade para
conscientizar e diminuir os preconceitos em relação à doença e seus
portadores”, declara o neurocirurgião especialista em epilepsia Dr. Luiz
Daniel Cetl.
Atenta aos complexos e preconceitos, a
idealizadora do Dia Roxo (“Purple Day”), Cassidy Megan, uma menina
canadense de 9 anos, escolheu a cor roxa como símbolo inspirada na flor de
lavanda, frequentemente associada à solidão, pois representa o isolamento que
muitas pessoas epilépticas vivem, principalmente por terem vergonha da doença e
de seu principal sintomas: o ataque epiléptico. A ideia surgiu em 2008 e
contou com a ajuda da Associação de Epilepsia da Nova Scotia – EIOS, com a
finalidade de tirar a epilepsia das sombras.
Calcula-se que 50 milhões de pessoas no
mundo têm epilepsia, acometendo 1 em 100 indivíduos. Em 50% dos casos, a causa
é desconhecida e 75% têm início ainda na infância.
Os principais sinais apresentados por
portadores de epilepsia são a perda de consciência, quando o indivíduo cai no
chão, as contrações musculares em todo o corpo, mordedura da língua, salivação
intensa, respiração ofegante e, às vezes, a micsão involuntária. “São os sinais
mais evidentes, embora existam outros, como movimentação espontânea e incontrolável
de mãos, braços e pernas. Os sintomas e seus sinais característicos aparecerão
conforme a localização do grupo de neurônios afetados”, explica o
neurocirurgião.
O especialista orienta que ao se deparar
com uma pessoa com ataque epilético, o ideal é deitá-la no chão e afastá-la de
objetos e móveis que possam machucá-la enquanto estiver se debatendo. “Jamais
coloque a mão ou o dedo na boca do paciente. Durante uma crise convulsiva, o
portador tem salivação intensa e o indicado é mantê-lo de lado para evitar que
se sufoque com a saliva. É preciso deixá-lo se debater livremente até que a
crise passe, e isso tem duração de segundos ou poucos minutos”, diz o Dr. Luiz
Daniel Cetl, explicando ainda que apenas em casos de crises repetitivas a
emergência deve ser acionada imediatamente.
Tratamento:
O tratamento convencional para a epilepsia
é por via medicamentosa, com uso das chamadas drogas antiepilépticas (DAE),
eficazes em cerca de 70% dos casos (há controle das crises) e com efeitos
colaterais diminutos. Quando não há controle destes sintomas, outros
tratamentos possíveis são a cirurgia, a estimulação do nervo vago e dieta
cetogênica. No entanto, apenas um profissional, analisando o caso, poderá
indicar o tratamento apropriado para o paciente.
O neurocirurgião ressalta também que o
objetivo do tratamento é garantir uma melhor qualidade de vida ao paciente. A
epilpsia não é tranmidida pelo ar ou contato físico. Apenas é preciso tratá-la
adequadamente. Caso contrário, o paciente tem sua vida fortemente afetada, por
não ter controle das crises e, consequentemente, restringe-se socialmente, pode
não conseguir manter o emprego e/ou os estudos e fica exposto a acidentes.
Outra grave consequência, caso o paciente
não procure auxílio médico, está relacionada ao estado de mal convulsivo,
quando ocorrem várias convulsões seguidas, sem recuperação entre elas. Esta
condiçao pode levar a danos cerebrais definitivos.
“Ano a ano o Dia Roxo cresce no Brasil,
mobilizando milhares de pessoas a vestirem uma peça de roupa da cor rouxa em
prol à conscientização da doença e seus portadores. Vale a pena abraçar a
causa, pois o objetivo é reforçar cada vez mais que a epilepsia pode ser
controlada, tratada e o paciente epiléptico pode e deve levar uma vida como
qualquer outra pessoa”, finaliza o neurocirurgião Daniel Cetl, especialista em
epilepsia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), membro do grupo de
tumores do Departamento de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP) e integrante da diretoria da Associação dos Neurocirurgiões do Estado
de São Paulo (SONESP).
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