A
teobromina e cafeína são as grandes vilãs para os pets porque agem direto nos
sistemas nervoso e cardíaco, provocando uma série de reações no animal
Com
a proximidade da Páscoa, o grupo Pet
Care de Hospitais Veterinários costuma registrar um aumento de
30% nos casos de intoxicação alimentar em pets provocados pela ingestão de
chocolate. Oferecida pelos tutores ou conseguida por uma distração, a guloseima
pode provocar no animal desde um mal-estar leve, com náuseas, vômito e
diarreia, até quadros mais graves, como arritmia cardíaca, hipertermia e
hemorragia intestinal, que podem inclusive levar o animal à morte.
A
teobromina e a cafeína, substâncias presentes no chocolate, são as grandes
vilãs para os pets. Isso porque eles metabolizam as substâncias de uma forma
particular. “Como são componentes altamente lipossolúveis, atravessam
facilmente as barreiras placentárias e hematoencefálica, sendo absorvidos em
boa parte do trato digestivo, principalmente estômago e intestino”, explica a
diretora do Pet Care, Dr.ª Carla Alicie Berl. “Uma vez absorvida e distribuída
no organismo, a teobromina vai causar excitação, hipertensão moderada,
bradicardia ou taquicardia, arritmias, tremores, ofegância e incontinência
urinária. A cafeína, por sua vez, estimula e potencializa a excitação causada
pela teobromina”, esclarece.
A
quantidade de teobromina varia de acordo com o tipo de chocolate. “Quanto mais
escuro, puro e concentrado for o chocolate, mais teobromina possui e,
consequentemente, maior o risco de intoxicação”, alerta a médica veterinária.
“Assim sendo, o chocolate amargo é o que oferece maior risco de intoxicação,
pois possui em torno de 1,35% de teobromina a cada 30 gramas”.
Mas
isso não quer dizer que o chocolate branco está liberado para os pets, pois a
guloseima é rica em gorduras que também podem fazer mal. “Neste caso pode
ocorrer um quadro gastroentérico (vômito e diarreia) devido à presença de
lipídios. Os sintomas serão mais discretos, com uma rápida recuperação do
animal depois do tratamento sintomático”, completa.
Nem um pedacinho
Outra
particularidade da teobromina é a sua meia-vida, ou seja, o tempo em que fica
agindo no sangue do animal. “No cão, a meia-vida da teobromina é de 17 horas,
podendo ficar no organismo por até seis dias, pois sua eliminação não acontece
pelos rins, somente por via hepática”, detalha a veterinária. “Para levar à
toxicidade, essas substâncias não necessariamente precisam ser ingeridas em
grande quantidade, de uma única vez. Doses pequenas de chocolate, que não
fariam tão mal se fossem ingeridas apenas uma vez, podem levar à intoxicação se
repetidas em dias sucessivos", completa.
A
dose necessária para levar o animal a um quadro de intoxicação varia de acordo
com o porte do pet e o tipo de chocolate. “Para um animal entre 2 kg e 5 kg ,
por exemplo, um ovo de chocolate ao leite de 100 g e 250 g pode provocar um
quadro de intoxicação”, alerta.
Confira
a tabela criada pelo Pet Care:
Peso do cão
|
100 gr de chocolate branco
(0,8 mg de teobromina)
|
100 gr de chocolate ao leite
(200 mg de teobromina)
|
100 gr de chocolate escuro
(450 mg de teobromina)
|
2,0 KG
|
25
KG
|
100
gr
|
44
gr
|
5,0 KG
|
62,5
KG
|
250
gr
|
111
gr
|
10 KG
|
125
KG
|
500
gr
|
222
gr
|
15 KG
|
187,5
KG
|
750
gr
|
333
gr
|
30 KG
|
375
KG
|
1500
gr
|
666
gr
|
Como tratar
Os
quadros de intoxicação alimentar precisam ter o acompanhamento de um médico veterinário
e a internação é recomendada. “Infelizmente não existe antídoto para a
intoxicação com teobromina e, então, o tratamento deve ser de suporte para os
sintomas apresentados”, comenta Carla. “Trata-se de uma emergência médica. Se a
ingestão for recente, de até três horas, a indução ao vômito deve ser
instituída”, completa.
Lavagem
gástrica, soro para reidratação e correção de eletrólitos são outras medidas
adotadas no atendimento dos pets com o quadro de intoxicação por chocolate. “As
convulsões e arritmias devem ser monitoradas e o uso de carvão ativado pode
diminuir a absorção das teobrominas, diminuindo a sua meia-vida”, finaliza a
médica veterinária.
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