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quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Agosto Laranja: conhecer, entender e acolher

Assim como outros meses dedicados à conscientização de diversas doenças, agosto também tem cor. Anualmente, desde 2014, profissionais da saúde, pacientes e familiares evocam o laranja para difundir conhecimento sobre a Esclerose Múltipla (EM), graças à iniciativa da ONG Amigos Múltiplos pela Esclerose, abraçada por entidades médicas como a Academia Brasileira de Neurologia. Ana Claudia Piccolo, vice-coordenadora do Departamento Científico de Neuroimunologia (DCNI) da ABN, fala sobre a enfermidade e as ações que serão promovidas ao longo do mês.

“A Esclerose Múltipla é uma doença autoimune inflamatória e desmielinizante do sistema nervoso central que acomete principalmente pessoas jovens e brancas, em especial mulheres em idade fértil, na segunda, terceira década de vida. Seu processo inflamatório, que dificulta a comunicação entre o cérebro e o corpo, causa perda de equilíbrio, mobilidade, visão e alteração urinária, por exemplo”, explica.

Mulheres, lembra a neurologista, são mais propensas a desenvolver doenças autoimunes - tanto a EM quanto as reumatológicas. No entanto, a Esclerose Múltipla também pode se manifestar em homens, pacientes mais velhos e crianças de todas as etnias.

“Embora não seja possível se prevenir, sabemos, a partir de pesquisas, que determinados hábitos e condições fazem crescer a chance de aparecimento da doença: a exposição ao vírus da mononucleose, o EBV (Vírus Epstein-Barr); os baixos níveis de vitamina D; o tabagismo; a obesidade infantil; e todo tipo de situação que aumente as substâncias inflamatórias e a estimulação do sistema imune. Uma vida mais saudável, portanto, além de evitar males mais corriqueiros, pode afastar a Esclerose Múltipla.”

Nos últimos anos, com os avanços científicos, os pacientes têm vivido um momento auspicioso. Há muitas moléculas novas disponíveis, como os anticorpos monoclonais e os medicamentos administrados por via oral que atuam no sistema imunológico, controlando a resposta inflamatória acentuada da EM. Pensava-se que tais medicamentos poderiam elevar os riscos de câncer e de infecções graves, mas grande parte deles se provou segura. “Fazendo o tratamento precocemente, com a medicação correta, é possível controlar não apenas os surtos, mas a própria atividade inflamatória que a ressonância avalia”, celebra a dra. Ana.

“Conseguimos postergar ou evitar a progressão da doença, algo que décadas atrás, com os tratamentos disponíveis, era quase impensável; apesar de controlarmos os surtos, em algum momento o indivíduo começava a piorar, apresentando retenção urinária, tendo que aderir à bengala ou à cadeira de rodas pelo comprometimento da margem do equilíbrio. Era a chamada forma progressiva, que se estabelecia após 10, 15 anos de doença. As perspectivas são bem melhores hoje. Uma mulher já pode engravidar, dar à luz e amamentar seu filho com toda a segurança. Progredimos bastante.”

Identificar fatores de melhor ou pior prognóstico e escolher a medicação é a nova forma de tratar a EM. “É a chamada medicina de precisão, que leva em conta o perfil de gravidade da doença, a preferência do paciente e individualiza a terapia”, pontua a médica. Para facilitar o desenho do tratamento mais adequado a cada um, ela pondera que ainda é preciso incorporar ao menos uma ou duas moléculas aos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do SUS e da saúde suplementar.

“Nosso desafio na ABN – e é o que estamos fazendo em 2023 – consiste em atualizar os protocolos para demandar na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC) que eles sejam mais robustos. De todo modo, é preciso deixar claro que os avanços são numerosos.”

“Os protocolos do SUS passaram por uma mudança essencial no fim de 2021, incorporando o critério diagnóstico para doença agressiva altamente ativa e já incorporando também medicamentos, anticorpos monoclonais, drogas infusionais que colaboram com o tratamento dos pacientes. Vivemos em um tempo no qual as pessoas têm escolhas e podem viver bem. Agora precisamos de neurologistas cada vez mais treinados para diagnosticar a doença o quanto antes.”

Segundo a dra. Ana, o Agosto Laranja é fundamental para a população, que entra em contato com informações sobre a EM e entende que deve procurar atendimento médico ao identificar sintomas como tontura, comprometimento motor e visão comprometida, além de compreender que o diagnóstico não é uma sentença, e ainda para os profissionais, que têm a oportunidade de se atualizar e acolher melhor os pacientes.

 

Vem aí

Em 25 e 26 de agosto, no Rio de Janeiro, o Encontro de Atualização em Esclerose Múltipla, promovido pelo DCNI, reunirá médicos renomados em palestras, debates e apresentações de trabalhos científicos sobre os temas EM altamente ativa x EM grave; biomarcadores disponíveis; síndrome radiológica isolada; reconhecimento precoce e avanços no tratamento da progressão da EM; gestação, amamentação, climatério, reposição e estimulação hormonal; EBV: suas implicações na EM, vacina e tratamento; EM de início precoce e início tardio; e declínio cognitivo na EM.

Um webinar no dia 30 coroará as discussões sobre o tema na Academia. Especialistas palestrarão a respeito da importância de cuidar das comorbidades das pessoas com Esclerose Múltipla, de tratamentos disponíveis, envelhecimento saudável e qualidade de vida.

Vale lembrar que até o dia 14, na próxima segunda-feira, está aberta uma consulta pública que avalia a inclusão de uma nova opção de tratamento para a doença do SUS. Milhares de pacientes podem ser beneficiados. Todos com mais de 18 anos podem contribuir, votando “favorável” ou “desfavorável” no site da CONITEC. Basta acessar gov.br/participamaisbrasil/consulta-publica-conitec-sectics-n-27-2023-opiniao-cladribina-oral-para-tratamento-de-pacientes-com-esclerose-multipla-remitente-recorrente-altamente-ativa.


Uma nova era na medicina: a utilização de organoides derivados de pacientes

Organoid cancer de prostata - Mosquera, 2021
Ferramenta revolucionária para tratamentos personalizados

 

Apesar da sua contribuição ao longo da história da medicina, os dados oriundos de experimentos animais muitas vezes não são totalmente aplicáveis aos seres humanos. Mas, os experimentos com animais levaram a terapias humanas importantes, como marca-passos, procedimentos cirúrgicos e analgésicos e ao cultivo de organoides.

No processo de cultivo de organoides, geralmente se parte de células-tronco pluripotentes ou multipotentes, dependendo do tipo de tecido que se deseja replicar. No caso de amostras de tecido que já passaram por algum grau de diferenciação celular, as células são isoladas e reprogramadas para um estado semelhante ao das células-tronco, conhecido como "células-tronco induzidas" (iPS), que possuem a capacidade de se diferenciar em diversos tipos celulares. Alternativamente, organoides podem ser derivados a partir de tecido adulto, retendo características específicas do tecido de origem.

Hans Clever, imunologista e biologista molecular, pesquisador principal no Hubrecht Institute, professor de Genética Molecular no University Medical Center Utrecht (Holanda), ajudou a desenvolver organoides específicos para órgãos e afirma que a chave para o valor dos organoides é que eles ajudam a levar os cientistas a uma visão sobre uma função biológica central. “Pode-se encontrar princípios em organoides com muita facilidade porque é extremamente bem controlado, e você controla tudo muito mais do que jamais faria em experimentos com animais”.

Como os organoides podem ser produzidos a partir das células de um ser humano específico, eles também podem ajudar a testar um medicamento ou tratamento nas células de um paciente. Os organoides derivados de pacientes podem abrir um caminho ainda mais rápido para a medicina personalizada. Isso permite que drogas sejam testadas para cada indivíduo, como remédios personalizados para o câncer.

Organoides fornecem uma ferramenta abrangente para pesquisas biológicas e médicas, possibilitando estudos relevantes sobre desenvolvimento, doenças, terapias medicamentosas, toxicidade, regeneração, câncer, neurociência e mais. Especialmente na pesquisa do câncer, a tecnologia dos organoides passou a ser utilizada como um grande avanço ao permitir que sejam cultivados em laboratório pequenas amostras de tumores do paciente, e posteriormente, testados os efeitos de medicamentos nesses organoides.

Os PDOs - “Organoides Derivados de Pacientes” são o fruto de uma medicina revolucionária, personalizada e de precisão ao possibilitar a terapia com medicamentos específicos para aquele paciente, com potenciais de terapias com maior eficácia e menos efeitos colaterais

No Brasil, os investimentos da Invitrocue na tecnologia de organoides levaram ao desenvolvimento do Teste Onco-PDO. O cultivo celular tridimensional que melhor reflete in vitro as condições observadas in vivo do seu tumor de origem. A tecnologia do teste inovador permite recriar em um ambiente controlado organoides a partir das células do tumor do paciente que foram retiradas por biópsias ou durante cirurgia. Esses organoides derivados do paciente são nutridos, crescem e se auto-organizam em laboratório de forma similar àquela observada no organismo. Ao expor os PDOs a diferentes tratamentos, é possível avaliar quais terapias induziram a morte das células cancerosas, fornecendo dados para que os médicos oncologistas possam ter uma melhor compreensão da resposta do tumor e assim traçar um plano terapêutico mais assertivo, ou seja, um tratamento personalizado.

O Teste Onco-PDO leva em conta que cada paciente é único, e isso ajuda o médico a traçar a melhor escolha para aquele paciente específico. Alguns tumores mostram-se resistentes a certos medicamentos e saber previamente as respostas das células tumorais do paciente para os diferentes tratamentos em laboratório contribui para a tomada de decisão dos médicos oncologistas. 

Disponível no Brasil para câncer de mama, pulmão, colorretal, pancreático, gástrico, próstata e ovário, o Teste Onco-PDO permite que o médico escolha 8 de 60 drogas para teste e o resultado demonstrará como as células responderam em laboratório, sendo uma ferramenta de alto valor para o médico oncologista. O relatório, gerado em até 21 dias, fornece informações de como os organoides derivados do paciente responderam aos diferentes tratamentos testados. 

O Teste Onco-PDO  está disponível para coletas em todo o Brasil. Para mais informações, consulte a Invitrocue Brasil. Para que a nova ferramenta possa ser utilizada, converse com o seu médico para uma avaliação precisa e análise das opções de tratamento!

 

Invitrocue Brasil
www.invitrocuebrasil.com.br
invitrocue@invitrocue.com.br

 

Terapias celulares podem reduzir em 60% o risco de morte por COVID-19, aponta estudo

  

Pesquisadores da USP e colaboradores internacionais
compilaram dados de 195 ensaios clínicos feitos em
30 países entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021.
 Apesar dos dados promissores, os autores ressaltam
a necessidade de maior controle na elaboração dos produtos
usados nesse tipo de tratamento
 Freepik

O uso de terapias celulares em pacientes com COVID-19 reduziu em 60% o risco de morte pela doença. A conclusão, divulgada na revista Frontiers in Immunology, é de um estudo de revisão conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com cientistas alemães e norte-americanos. O artigo compila dados de 195 ensaios clínicos feitos em 30 países, entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021.

Nos últimos anos, as chamadas terapias celulares avançadas têm ganhado espaço no combate a diversas doenças, sobretudo o câncer. Basicamente, as técnicas consistem em repor células saudáveis no organismo do paciente, de forma a restaurar ou alterar determinados conjuntos celulares. Outra estratégia é modular a função de um conjunto de células doente pela injeção de novas células (ou produtos celulares).

Nessas diferentes técnicas, podem ser usadas células-tronco (ou suas derivadas) do próprio paciente (autólogas) ou de um doador (alogênicas), que são cultivadas ou modificadas fora do corpo antes de serem administradas. De acordo com o estudo, os tipos celulares mais utilizados nos ensaios clínicos para tratamento da COVID-19 foram as células estromais ou tronco mesenquimais multipotentes (oriundas do tecido conjuntivo), células natural killer (provenientes de linfoblastos) e células mononucleares (derivadas do sangue), respondendo por 72%, 9% e 6% dos estudos, respectivamente.

"As terapias celulares têm avançado muito nos últimos anos e têm sido usadas para tratar câncer, doenças autoimunes, cardíacas e infecciosas. Durante a pandemia, elas foram utilizadas para o tratamento de COVID-19 em diversos ensaios clínicos. Nosso trabalho é o primeiro a juntar todos esses dados espalhados pelo mundo e a verificar, por meio de uma meta-análise [método estatístico que permite agregar dados de diversos estudos independentes], o funcionamento dessas terapias no combate à nova doença, assim como para os problemas de saúde desencadeados pela COVID-19", afirma Otávio Cabral-Marques, professor da Faculdade de Medicina da USP e coordenador da pesquisa.

O pesquisador lembra que, desde o começo da pandemia, a terapia com células-tronco e os modelos de organoides derivados de células-tronco receberam ampla atenção como um novo método de tratamento e estudo da COVID-19.

Isso porque células-tronco, em especial as células-tronco mesenquimais, têm apresentado um significativo poder de regulação imune e funções de reparo de dano tecidual. Em relação ao pulmão, por exemplo, os ensaios clínicos mostram – em menor ou maior grau – que as terapias celulares avançadas podem limitar a resposta inflamatória grave em pacientes infectados pelo SARS-CoV-2, reduzindo a lesão pulmonar. Dessa forma, o esperado com essas terapias é que ocorra a melhora da função pulmonar, desempenhando um papel positivo contra a fibrose, por exemplo.

A despeito da atenção que esse tipo de abordagem ganhou, Cabral-Marques avalia ser importante reforçar os reais efeitos protetores da vacinação. "Embora os resultados dos estudos mostrem que as terapias celulares avançadas possam vir a se estabelecer como um tratamento adjuvante importante para pacientes afetados pela COVID-19, em um futuro próximo, a prevenção da doença por meio da vacinação ainda continua sendo a melhor proteção", alerta.


Padronização dos dados

Os ensaios de terapia celular avançada para COVID-19 foram conduzidos em 30 países, com destaque para Estados Unidos, China, Irã e Espanha. No entanto, eram estudos muito heterogêneos, não só com número de participantes muito variado, como também com desenhos e metodologias diferentes.

Dessa forma, para a realização da meta-análise, a equipe de pesquisadores fez a curadoria dos dados a serem analisados pelo banco de dados Cell Trials Data e incluíram informações sobre dados nacionais, além de excluir informações como falsos positivos e contagens duplas, por exemplo.

Os autores ressaltam que houve também variação em relação às etapas da pesquisa. Em muitos países, sobretudo na Europa, há uma regulamentação rígida sobre terapia celular humana, que limita o número de produtos de terapia celular. Dessa forma, 56% dos estudos nem sequer atingiram a fase 2 da pesquisa clínica – que abrange pacientes com a doença e tem o objetivo de estabelecer a segurança no curto prazo, a dose-resposta e a eficácia do produto. Outro limitador foi o fato de que 31% dos ensaios clínicos analisados não contavam com grupo-controle.

"Para chegar a esse valor de redução do risco de morte foi preciso levar em consideração os achados e características dos diferentes estudos, além de fazer algumas correções e estimativas", explica o doutorando Igor Salerno Filgueiras, coautor do artigo de revisão.

"Existem técnicas para padronizar esses dados, eliminar vieses e ter uma visão imparcial. Isso permite chegar a conclusões que muitas vezes passam despercebidas em um estudo específico, mas, quando reforçadas por outras análises, ganham uma visão científica interessante", avalia Dennyson Leandro M. Fonseca, bolsista de doutorado da FAPESP que integra a equipe.

O artigo ressalta ainda que os estudos que utilizaram células mesenquimais apresentavam métodos de fabricação e entrega clínica extremamente heterogêneos. "Os resultados destacam o importante papel que os produtos de terapia celular podem desempenhar como terapia adjuvante no manejo da COVID-19 e suas complicações relacionadas. Mas é preciso ainda controlar os principais parâmetros de fabricação desses produtos para garantir a comparabilidade entre os estudos", afirma Cabral-Marques.

O estudo Systematic review and meta-analysis of cell therapy for COVID-19: global clinical trial landscape, published safety/efficacy outcomes, cell product manufacturing and clinical delivery pode ser lido em: www.frontiersin.org/articles/10.3389/fimmu.2023.1200180/full.
  
 


Maria Fernanda Ziegler
Agência FAPESP https://agencia.fapesp.br/terapias-celulares-podem-reduzir-em-60-o-risco-de-morte-por-covid-19-aponta-estudo/42152/

Agosto branco: dificuldade de acesso é entrave para Radioterapia em câncer de pulmão

sciencepics
Como abordagem principal ou associada à cirurgia, a Radioterapia é um tratamento que, dependendo do caso, pode ter proposta curativa ou paliativa. Indicação leva em conta a fase de descoberta da doença e disponibilidade das técnicas na Saúde Suplementar e no SUS. Câncer de pulmão é o mais letal no mundo, com 1,8 milhão de mortes anuais. No Brasil, são registrados 28 mil óbitos por ano pela doença


Em algum momento do planejamento terapêutico, seis entre dez pacientes com diagnóstico de câncer recebem a indicação de radioterapia. Em câncer de pulmão, a radioterapia – que é um dos três pilares do tratamento oncológico (ao lado da cirurgia e terapia sistêmica) – pode ser indicada com proposta curativa ou paliativa, a depender de fatores como a fase de descoberta e extensão da doença e disponibilidade das diferentes técnicas na Saúde Suplementar e no Sistema Único de Saúde (SUS), com mais gargalos na rede pública, alerta a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), em alusão ao Agosto Branco, campanha de conscientização sobre câncer de pulmão.

O tipo mais comum de câncer de pulmão é o de não pequenas células, que responde por mais de 80% dos tumores malignos do pulmão, se dividindo nos subtipos adenocarcinoma e carcinoma espinocelular. Dependendo do estadiamento (estágio de diagnóstico da doença) a radioterapia pode ser administrada com diferentes finalidades.

A Radioterapia pode ser o tratamento principal nos casos em que o tumor não pode ser removido cirurgicamente devido ao seu tamanho ou localização, ou ainda se o estado geral de saúde do paciente não permite a realização da cirurgia. Outras possibilidades são:

- Radioterapia adjuvante, ou seja, após a cirurgia: com o objetivo de destruir as células remanescentes após o procedimento cirúrgico.

- Radioterapia neoadjuvante, ou seja, antes da cirurgia: para tentar reduzir o tamanho do tumor e tornar mais fácil a remoção cirúrgica.

- Radioterapia para tratamento de metástases: para frear a disseminação da doença, por exemplo, para o cérebro ou osso, que são os principais focos de metástase dos tumores originados no pulmão.

- Radioterapia como tratamento paliativo: nos casos no qual não há mais a proposta curativa. É feito para aliviar sintomas provocados pelo câncer de pulmão em estágio avançado, como dor, sangramento, dificuldade na deglutição, tosse e problemas causados por metástases cerebrais.

Erick Rauber, radio-oncologista e membro da diretoria de comunicação da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), explica que há diferentes técnicas de Radioterapia para o tratamento de pacientes com diagnóstico de câncer de pulmão, como a estereotáxica corpórea (SBRT), conformada tridimensional e radioterapia de intensidade modulada (IMRT). “A utilização de um ou outra vai depender do perfil clínico do paciente e biológico do tumor e o maior impeditivo, infelizmente, é a falta de disponibilidade da maioria delas por parte dos planos privados e no sistema público”, afirma. 

- Radioterapia Estereotáxica Corpórea (SBRT) - É utilizada para tratar cânceres de pulmão em estágios iniciais, quando a cirurgia não é uma opção devido a outros problemas de saúde do paciente. Ao contrário de outras técnicas de radioterapia, na estereotáxica é administrada uma alta dose de radiação, desde vários ângulos, diretamente no volume alvo.

- Radioterapia conformacional tridimensional - A radioterapia conformacional 3D está baseada no planejamento tridimensional, permitindo concentrar a radiação na área a ser tratada e reduzir a dose nos tecidos normais adjacentes. Dessa forma, o tratamento é mais eficaz, com poucos efeitos colaterais, diminuindo as complicações clínicas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

- Radioterapia de intensidade modulada (IMRT) - É uma evolução da radioterapia conformacional 3D, na qual o equipamento se move em torno do paciente, enquanto libera a radiação. Essa técnica é usada, na maioria das vezes, para tumores localizados próximos a estruturas importantes, como a medula espinhal.

SUS x Saúde Suplementar

Modalidades como Radioterapia Estereotáxica Corpórea e Radioterapia de intensidade modulada (IMRT), por exemplo, estão longe de ser uma realidade no SUS. Por sua vez, na Saúde Suplementar, a boa notícia foi a decisão anunciada nesse mês de agosto, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de incorporação de radioterapia de intensidade modulada (IMRT) para tratamento de neoplasias de tórax (câncer de pulmão, mediastino e esôfago). Já a Radioterapia Estereotáxica Corpórea, assim como no SUS, também não está inclusa no Rol da ANS.

A nota técnica de recomendação da ANS para a radioterapia de IMRT apontou que o uso amplo e consolidado desta técnica, assim como seus benefícios para redução da toxicidade de curto e longo prazo relacionada à radiação, foi francamente corroborado por especialistas e outros interessados, que reforçam a importância da incorporação de uma técnica mais segura para o paciente e da ampliação das opções de radioterapia disponíveis no Rol. Antes desta decisão, a radioterapia de IMRT estava no rol de procedimentos da agência apenas para tumores de Cabeça e Pescoço. 

Câncer de pulmão em números - No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) o câncer de pulmão é o terceiro mais frequente entre homens e o quarto mais comum entre as mulheres, com estimativas de 32.560 novos casos em 2023, sendo 18.020 entre homens e 14.540 em mulheres. De acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer – SIM, em 2020 foram registradas 28.620 mortes por câncer de pulmão no Brasil.  No mundo, são 1,8 milhão de mortes anuais (o mais letal de todos, respondendo por 18,4% de todas as mortes por câncer), segundo o levantamento Globocan, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS).  



Sociedade Brasileira de Radioterapia - SBRT
https://sbradioterapia.com.br/


Dores durante a gestação? Saiba como aliviá-las


A gestação causa uma série de mudanças físicas e hormonais para que o bebê se desenvolva: o corpo cresce, ganha peso, as taxas de progesterona aumentam e com ela surgem enjoos, alteração de humor e outros efeitos colaterais. 

 

Com todas essas transformações, a dor é um fator que pode acompanhar a gestação. No Dia da Gestante, lembrado em 15 de agosto, Yara Leite, gerente de enfermagem do Hospital Bom Pastor, localizado em Guajará-Mirim (RO), explica mais sobre as dores na gravidez.

 

“Dores nas costas, nos pés e na barriga são comuns durante a gestação. Até a décima semana, essas dores são causadas pela produção hormonal e aumento do útero”, explica a profissional da Pró-Saúde, gestora hospitalar do Bom Pastor. 

 

Cansaço, estresse, sedentarismo e ganho de peso aumentam as queixas, mas apesar disso, há algumas dores que rodeiam boa parte das gestantes. Veja a seguir quais são elas e como superá-las.


 

Conheça as 6 principais dores na gravidez

 

1. Dor de cabeça: com o aumento da produção de hormônio, podem surgir dor de cabeça e enxaqueca. Além disso, alterações na postura e sobrecarga na coluna também causam as dores. “Quando a dor se concentra na nuca ou na testa, pode indicar sinais de pré-eclâmpsia ou hipertensão. Nesse caso, a gestante deve procurar ajuda médica imediata”, ressalta Yara.


O que fazer: uso de compressa fria, sono equilibrado, prática de exercícios leves. Evitar gatilhos como estresse e odores fortes também são formas de evita a dor de cabeça.


 

2. Cólica: o desconforto é comum nas primeiras e últimas semanas da gestação. “O útero realiza contrações para comportar a placenta, o que causa as cólicas”, explica a enfermeira. Contudo, se a dor é muito forte ou é acompanhada de sangramento, pode ser um indício de infecção urinária ou outros problemas, e requer atendimento médico.


O que fazer: é importante manter respouso. Compressas quentes e hidratação ajudam a aliviar as cólicas.


 

3. Dor nas costas: a partir do sétimo mês, com o peso da barriga e aumento do abdômen e das mamas, o tronco da gestante é projetado para frente, causando tensão muscular na região e consequente dor nas costas e lombar. A dor deve ser motivo de preocupação médica quando for aguda, de um lado só ou acompanhada de febre. 


O que fazer: compressas de água quente ajudam, mas a melhor maneira de aliviar a dor é equilbrando a postura. Fisioterapia, pilates e caminhadas leves podem ser de grande auxílio.


 

4. Dor de dentes: conhecida como gengivite gravidícia, a sensibilidade das gengivas aumentam a partir do segundo mês de gestação. Ao escovar os dentes e usar fio dental as gengivas podem sangrar. Se a dor aumentar ou atingir os dentes é importante realizar uma consulta com o dentista.

 

O que fazer: manter a higienização bucal com uma escova de cerdas macias já ajuda no tratamento e alívio da dor. Caso necessário, o dentista pode prescerver analgésicos.


 

5. Dor nos braços e pernas: com o peso da gravidez, os membros inferiores e superiores também podem ser afetados pela sobrecarga. Ao mesmo tempo, o inchaço nessas regiões é causado pela retenção de líquido, causando dor e incômodo nas articulações.


O que fazer: elevar as pernas, deixar os pés submersos em água fria, usar meias de compressão e roupas leves ajudam a aliviar o inchaço. As dores podem ser combatidas logo no início da gravidez com atividades leves.


 

6. Sensibilidade nos seios: o aumento de hormônios, aliado ao crescimento dos seios ao longo da gestação, deixa os mamilos e seios sensíveis, principalmente, a partir do segundo mês. Se a dor vier acompanhada de vermelhidão e calor, pode ser sinal de uma inflamação.


O que fazer: a dor pode ser amenizada com o uso de sutiãs específicos para gestantes, sem bojo e com sustentação reforçada.

 


Antibióticos curam o mau hálito? Entenda toda a verdade

Nada é mais constrangedor do que estar em uma conversa próxima e perceber olhares de desconforto ao redor devido ao mau hálito. A halitose é um problema que afeta muitas pessoas e pode ter diversas causas. No entanto, será que os antibióticos são realmente a solução para esse incômodo? Neste artigo, vamos explorar a verdade por trás dos antibióticos e trazer informações valiosas sobre a halitose, para que você possa lidar com esse problema de forma eficaz. 

A cirurgiã-dentista, especialista em saúde bucal e halitose, Dra. Bruna Conde, esclarece que a halitose, também conhecida como mau hálito, pode ser causada por diferentes fatores. Problemas bucais, como cáries, gengivite, periodontite, saburra lingual, baixa qualidade e quantidade salivar ou infecções na boca, estão entre as principais causas dessa condição. Além disso, infecções respiratórias, doenças digestivas e até mesmo o tabagismo podem contribuir para o mau hálito. É importante identificar a causa específica do mau hálito para um tratamento adequado. 

Muitas pessoas acreditam que os antibióticos são a solução para o mau hálito, mas a realidade é diferente. Os antibióticos são medicamentos utilizados para combater infecções bacterianas. No entanto, o mau hálito nem sempre está relacionado a infecções bacterianas, portanto, os antibióticos não são a solução adequada. O uso indiscriminado de antibióticos pode trazer sérios riscos à saúde, como o desenvolvimento de resistência bacteriana. 

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso inadequado de antibióticos é um problema crescente. Infecções como pneumonia, tuberculose e gonorreia estão se tornando cada vez mais difíceis de tratar devido à resistência bacteriana. Estima-se que pelo menos 700 mil pessoas morram a cada ano devido a doenças resistentes a medicamentos antimicrobianos. Esse número pode chegar a 10 milhões de mortes por ano até 2050, se o cenário atual se mantiver. 

A Dra. Bruna Conde explica que, portanto, é fundamental evitar o uso desnecessário de antibióticos para tratar o mau hálito. É importante entender que cada indivíduo pode ter uma origem diferente para o mau hálito, e o tratamento adequado depende do diagnóstico correto. Usar antibióticos sem a orientação de um profissional de saúde pode contribuir para o aumento da resistência bacteriana, tornando essas infecções mais difíceis de tratar.

 

O Impacto Psicossocial do Mau Hálito 

Além dos efeitos físicos, o mau hálito pode ter um impacto significativo na vida social e emocional de uma pessoa. Pode afetar a autoestima, a confiança e até mesmo os relacionamentos interpessoais. Portanto, buscar soluções eficazes para o mau hálito é essencial para melhorar a qualidade de vida.

 

Diagnóstico Preciso:

É fundamental buscar um diagnóstico preciso para identificar as diversas causas específicas do mau hálito. 90% das causas tem origem bucal, então consultar um dentista especialista em Halitose é importante para descartar problemas bucais ou sistêmicos subjacentes que possam estar contribuindo para a halitose.

Quando necessário, o dentista pode trabalhar em conjunto com outros profissionais da saúde para eliminar todos os focos do problema. 

 

Dra. Bruna Conde - Cirurgiã-Dentista.
CRO SP 102038


Principais cuidados que a mãe deve ter durante o pré-natal

De acordo com a médica obstetra Bruna Pitaluga, a mãe deve, sobretudo, praticar atividade física regularmente, consumir alimentos saudáveis e suspender a ingestão de qualquer tipo de bebida alcóolica


Quando uma mulher engravida, e conforme a gestação avança, é comum que seus pensamentos sejam inundados por preocupações relativas à saúde e ao bem-estar de seu bebê. Para a médica obstetra, com mais de 20 anos de experiência profissional, Bruna Pitaluga, a preocupação é bem-vinda e necessária, desde que a mulher compreenda que ela é o veículo de desenvolvimento da vida que está sendo gerada. Nesse sentido, alguns cuidados relacionados à saúde da mãe durante o pré-natal necessitam ser tomados a fim de que o bebê evolua de forma plena dentro da barriga da mãe.

Bruna explica que a gestação deve ser entendida como um processo de três etapas (trimestres), onde os estágios, apesar de distintos entre si, são complementares. “Assim, o sucesso da etapa anterior é fundamental para um bom desenvolvimento da etapa seguinte”, afirma. Nesse sentido, a médica obstetra destaca alguns princípios que são indicados às pacientes, relativos à atividade físicas, alimentação e consumo de álcool, que devem ser seguidos por toda a gravidez, mas cujo impacto é maior no primeiro trimestre de gestação.

De acordo com a médica obstetra, o primeiro trimestre de gestação é fundamental para o desenvolvimento do bebê, porque é neste período em que ocorre a formação da placenta, órgão que desempenha importantes funções para a vida do feto, tais como: transportar oxigênio, glicose, água, entre outras substâncias e retirar gás carbônico e outros dejetos.

A placentação humana se inicia com a implantação do útero entre a sétima e 12ª semana de gestação, sendo a atividade física essencial para que isso aconteça. “Então, logo no primeiro trimestre, não se pode suspender a prática de exercícios. Se a atividade física é boa para o coração, ela é excelente para a placenta, auxiliando sua implantação, oxigenação e vascularização”, afirma Bruna

Do mesmo modo, conforme a médica obstetra, também é de suma importância para a saúde da placenta e consequentemente do feto, que a gestante continue se alimentando de maneira saudável, priorizando a ingestão de frutas, legumes e verduras frescas e restringindo o consumo de alimentos ultraprocessados e açúcar. Bruna destaca o caráter de continuidade da boa alimentação, porque, segundo ele, é recomendável que a paciente frequente o consultório da obstetra antes e depois de engravidar.

A suspensão imediata da ingestão de qualquer tipo de bebida alcoólica é indicada para que a paciente evite desenvolver uma série de complicações, entre as quais a Síndrome Alcoólica Fetal, uma doença séria que pode prejudicar, sobretudo, o neurodesenvolvimento do feto, que ocorre principalmente no primeiro trimestre. “É neste período, que começa a migração das células que contribuem para o pleno desenvolvimento do sistema nervoso central e dão origem ao cérebro do bebê, como conhecemos após o nascimento”, diz Bruna.

A médica obstetra enfatiza que todos os exames pedidos por ela nas consultas com as gestantes que atende, em sua rotina laboratorial, têm como o intuito obter uma visão metabólica da gestação, compreendendo que a mãe é o veículo de desenvolvimento do bebê, seja neurológico, seja motor, seja osteoarticular, seja da placenta.

Para isso, tendo essa visão metabólica gestacional como guia, é que Bruna dá prioridade às mudanças nos hábitos de suas pacientes, como adotar a prática regular de atividade física, ingerir alimentos saudáveis e restringir de maneira absoluta o consumo de bebidas alcóolicas.



Dra. Bruna Pitaluga - Formação em Medicina pela Universidade de Brasília – UnB. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade de Brasília – UnB. Pós-graduação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia – ABRAN. Especialização em Medicina Funcional pelo Instituto de Medicina Funcional - IFM, EUA. Curso em Nutrigenômica pela Universidade da Carolina do Norte - UNC, EUA


Shopping em São Paulo recebe ativação imersiva sobre o câncer com maior taxa de mortalidade no mundo


A ação realizada pela Sanofi estará no Shopping Eldorado nos dias 19 e 20 de agosto para conscientizar e desmistificar o Câncer de Pulmão

 

Nos dias 19 e 20 de agosto, a Sanofi, em parceria com a associação de pacientes Oncoguia, irá realizar uma experiência imersiva no mês de conscientização do câncer de pulmão.  A doença é a principal causa de morte entre tumores malignos no mundo e no Brasil, com 89%[1] dos casos sendo descobertos em estágio avançado e 80%1 das mortes por cânceres de pulmão são consequência do tabagismo. Para aumentar a conscientização sobre essa doença, será montado um corredor sensorial no Shopping Eldorado, um dos maiores shoppings da cidade de São Paulo, onde todos poderão conhecer mais sobre o impacto, os sintomas, os fatores de risco e a prevenção, já que se trata de um dos poucos cânceres evitáveis – os causados pelo cigarro. 

O corredor conta com a história real do paciente Ivan, que convive com o câncer de pulmão e foi diagnosticado em outubro de 2022. A ativação visa ainda desmistificar a doença, como o senso comum de que o câncer de pulmão só se desenvolve em fumantes, além de alertar para o fato de a doença ser silenciosa e empoderar a população a reconhecer os sinais para estimular o diagnóstico precoce, que favorece as chances de um tratamento com desfecho mais positivo. 

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, entre 2023 e 2025, sejam diagnosticados no Brasil 32.560 novos casos de câncer de pulmão por ano. Existem dois tipos de câncer de pulmão: o de pequenas células e o de não pequenas células. O câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) é um tipo de câncer raro e que acomete principalmente fumantes e não fumantes representando 85% dos casos no Brasil 1.

 

Serviço:

Local: Av. Rebouças, 3970 - Pinheiros, São Paulo | Shopping Eldorado - Alameda Jardins – Subsolo 2

Data: 19/08, das 10 às 22h e 20/08, das 14 às 20h

Para confirmar sua participação no evento, envie um e-mail para
monica.permagnani@zenogroup.com | 11 98315-4105

bruna.machado@zenogroup.com | 11 957919192

 


[1] Oncoguia. Tipos de Câncer de Pulmão [Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 01/10/2019, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.] http://www.oncoguia.org.br/conteudo/fatores-de-risco-do-cancer-de-pulmao/10177/1070/.

 

Existem pessoas diurnas e vespertinas? Entenda como funciona!

Especialista destaca questões biológicas que influenciam diretamente nesses dois perfis e os impactos à saúde


Certamente, você já deve ter deixado alguma atividade para realizar em um momento específico do seu dia por entender que, nesse período, seria capaz de executá-la de maneira mais eficiente. Apesar de parecer apenas uma simples preferência pessoal, essas escolhas podem estar ligadas a questões biológicas.

De fato, existem aquelas pessoas que se autodenominam “diurnas”, optando por realizar suas principais tarefas durante a luz do sol, enquanto outras se reconhecem como “vespertinas” e acreditam que o período oferece um ambiente mais propício para a realização de atividades.

E isso se deve ao fato de que cada pessoa possui um cronotipo diferente, que determina os momentos de maior energia e fadiga com base em um ciclo circadiano de 24 horas. Assim, enquanto o primeiro perfil tem facilidade em dormir e acordar cedo, o segundo já enfrenta resistência e prefere dormir e acordar tarde, optando por uma rotina totalmente diferente.

Normalmente, a regulação do nosso ciclo de sono ocorre pela quantidade de luz à qual estamos expostos ao longo do dia, através de um hormônio chamado melatonina. E é durante a noite, quando a luminosidade está reduzida, que o nosso organismo costuma produzir e liberar mais desse neurotransmissor, induzindo o sono.

"Esse é o processo considerado normal para a maioria das pessoas. No entanto, seja por fatores genéticos, má higiene do sono, condições relacionadas à saúde mental ou mesmo envelhecimento, algumas delas podem apresentar uma alteração no seu padrão fisiológico, trocando gradualmente o dia pela noite e se adaptando a esse novo formato", explica o Dr. Maurício Lobato, neurologista do AME Itu, gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

De modo geral, a exigência de rotinas e obrigações, muitas vezes, interfere nesse ciclo biológico do indivíduo, levando uma pessoa noturna, por exemplo, a acordar cedo demais, ou uma pessoa matutina a dormir muito tarde. Esse embate entre rotinas e cronotipos pode repercutir negativamente na saúde quando frequente, tornando o dia a dia mais difícil.

A qualidade inadequada do sono acaba por afetar na concentração, memória, aprendizagem, raciocínio lógico, criatividade, humor e aparência. “Em alguns casos, o sono inapropriado e sem qualidade pode também levar a condições médicas como depressão, ansiedade, doenças cognitivas e maior risco de doenças vasculares, como o AVC (acidente vascular cerebral)”, reforça o neurologista.

Por isso, para atingir qualidade de sono e desempenhar bem suas tarefas do cotidiano, é importante, antes de tudo, que você entenda em qual dos perfis se encaixa, para, assim, buscar ao máximo explorar e respeitar os seus limites.

“Se você consegue manter-se acordado à noite sem ficar fatigado e, depois disso, ainda ter um sono reparador no período diurno, significa que você é uma pessoa propensa a hábitos mais noturnos. Caso contrário, pode-se dizer que você está mais inclinada a ser uma pessoa diurna”, destaca Dr. Maurício.

É importante salientar que essas características não são 100% definidas e podem passar por modificações em diferentes fases da vida. Dessa forma, torna-se de extrema importância observar todos os sinais que o corpo dá, para, então, poder tirar o melhor proveito do seu tempo e, claro, evitar possíveis transtornos de saúde.




CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
(@cejamoficial
cejam.org.br/noticias


No mundo, a cada dois minutos uma mulher morre na gestação ou no parto

Em 2020, 287 mil mulheres perderam suas vidas, segundo o relatório da ONU, que aponta um retrocesso global no acesso à saúde; especialista explica sobre a importância dos cuidados preventivos durante a gestação

 

Nesta terça-feira, 15/8, é o Dia da Gestante. A data de celebração é também de conscientização sobre os cuidados com a saúde materna. De acordo o relatório Trends in maternal mortality 2000 - 2020, desenvolvido pelas agências da Organização das Nações Unidas (ONU), nos últimos anos houve aumento do número de mortes maternas em quase todas as regiões do mundo.  

A Nações Unidas estima que, em 2020, foram 287 mil mortes maternas no mundo. Uma pequena queda comparada com 2016, com 309 mil óbitos. Apesar da redução, o levantamento indica pouco progresso na redução das mortes entre 2000 a 2020.  O estudo demonstra, ainda, que os óbitos se concentram nas partes mais pobres e afetadas por conflitos do mundo. 

Em 2020, cerca de 70% de todas as mortes maternas no mundo ocorreram na África ao Sul do Saara. Em países que enfrentam crises humanitárias, o índice de mortalidade materna é de 551 mortes/ano, o dobro da

média mundial de (223). Entre 2016 e 2020, a Europa e a América do Norte aumentaram a taxa de mortalidade em 17%; e a América Latina e o Caribe, em 15%. Já a Austrália e a Nova Zelândia apresentaram redução significativa de 35%; e na Ásia Central e Meridional, queda de 16%.

 

De acordo com Felipe Favorette, médico obstetra e coordenador da disciplina de Saúde da Mulher da Universidade Santo Amaro (Unisa) – uma das principais faculdades médicas do país – esse aumento não se deu apenas pelos números da Covid-19, doença que apresentou espectro extremamente grave em nossas gestantes e puérperas, mas também devido à grande dificuldade no acesso aos serviços de saúde nesse período, incluindo o pré-natal - tanto de risco habitual quanto de alto risco - além dos serviços de planejamento familiar. 

“O acompanhamento pré-natal permitem diagnosticar e tratar oportunamente intercorrências clínicas e obstétricas, preservando a saúde e o bem-estar da mãe e do bebê”, ressalta Felipe. “O rastreamento da sífilis – por exemplo – através de exames e seu correto tratamento durante o pré-natal evita a congênita pode evitar complicações graves para o feto/neonato”, pontua Favorette. 

Ainda, segundo Favorette, o período pré-natal desempenha um papel de extrema importância, viabilizando detecção de diversas situações prejudiciais à saúde materno fetal, abrangendo tanto aspectos clínicos quanto obstétricos, tais como infecções, anemia, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, vaginose bacteriana, e infecções urinárias. 

No meio acadêmico, sobretudo nos cursos de medicina, entidades de ensino como a Universidade Santo Amaro (Unisa) oferece ambulatório dedicado para o atendimento de gestação de alto risco no recém-inaugurado o Complexo de Saúde Dr. Wladimir Arruda / Hospital Escola Wladimir Arruda (HEWA). O curso de medicina da Unisa implantou um centro de simulação em saúde, equipado com laboratório e manequins de alta tecnologia, inclusive capaz de simularem diversas situações no parto. Essa interação permite preparar os estudantes na tomada de decisões e aprimorá-los para as futuras atividades médicas.

 

Felipe Favorette - médico obstetra e coordenador atual da disciplina de Saúde da Mulher da Universidade Santo Amaro (Unisa)


Tratamento inovador para próstata chega ao Brasil

Foto: Ilustração da hiperplasia prostática Pixabay

O urologista Carlo Passerotti pioneiro em cirurgia robótica é também o primeiro a realizar o tratamento para hiperplasia, que diminui o risco de ejaculação retrograda  

 

A hiperplasia prostática se caracteriza pelo aumento da próstata. Esse crescimento faz com que o paciente tenha dificuldade e diminuição do jato, tenha que sair rápido para ir ao banheiro e às vezes sente que não esvaziou tudo ao urinar, além de acordar bastante à noite. Se não for tratada, pode causar problemas na bexiga ou nos rins. 

  

um tratamento inovador para hiperplasia prostática benigna 

A técnica foi demonstrada recente na Costa Rica, na América Central e atualmente, poucos urologistas são certificados para realizar esse procedimento. O procedimento é feito em ambulatório e o paciente é liberado no mesmo dia. “Nós fazemos o procedimento a partir do canal no pênis do paciente e injetamos vapor de água quente na próstata. Com isso, a próstata murcha e acaba regredindo as células e diminuindo a obstrução”, explica o dr. Carlo.  

  

Procedimento diminui efeitos colaterais  

Os efeitos colaterais com os tratamentos usados até agora, diminuem muito com essa nova técnica. Sintomas como incontinência urinária, impotência e, principalmente, a ejaculação retrograda. A ejaculação que invés de sair o líquido para fora, acaba indo para a bexiga. “É um procedimento relativamente simples que pode auxiliar os pacientes com hiperplasia a ter uma melhora na qualidade de vida sem causar os efeitos colaterais comuns tanto com uso dos remédios, quanto com os procedimentos que já existem”, finaliza o médico. 

 


Dr. Carlo Passerotti - Estudou Medicina na Escola Paulista de Medicina (EPM), e também, mestrado e Doutorado, na Universidade Federal de São Paulo. Pós-doutorado em cirurgia robótica na Harvard Medical School, Boston, onde foi o primeiro brasileiro a ser certificado e treinado em cirurgia robótica. Atualmente é Professor Livre-docente pela Faculdade de Medicina da USP, orientador na pós-graduação da Universidade de São Paulo, e coordenador do serviço de Urologia e Cirurgia Robótica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
www.instagram.com/carlo.passerotti


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