Em 2020, 287 mil mulheres perderam suas vidas, segundo o relatório da ONU, que aponta um retrocesso global no acesso à saúde; especialista explica sobre a importância dos cuidados preventivos durante a gestação
Nesta terça-feira, 15/8, é o Dia da Gestante. A data de celebração é também de conscientização sobre os cuidados com a saúde materna. De acordo o relatório Trends in maternal mortality 2000 - 2020, desenvolvido pelas agências da Organização das Nações Unidas (ONU), nos últimos anos houve aumento do número de mortes maternas em quase todas as regiões do mundo.
A Nações Unidas estima que, em 2020, foram 287 mil mortes maternas no mundo. Uma pequena queda comparada com 2016, com 309 mil óbitos. Apesar da redução, o levantamento indica pouco progresso na redução das mortes entre 2000 a 2020. O estudo demonstra, ainda, que os óbitos se concentram nas partes mais pobres e afetadas por conflitos do mundo.
Em 2020,
cerca de 70% de todas as mortes maternas no mundo ocorreram na África ao Sul do
Saara. Em países que enfrentam crises humanitárias, o índice de mortalidade
materna é de 551 mortes/ano, o dobro da
média
mundial de (223). Entre 2016 e 2020, a Europa e a América do Norte aumentaram a
taxa de mortalidade em 17%; e a América Latina e o Caribe, em 15%. Já a
Austrália e a Nova Zelândia apresentaram redução significativa de 35%; e na
Ásia Central e Meridional, queda de 16%.
De acordo com Felipe Favorette, médico obstetra e coordenador da disciplina de Saúde da Mulher da Universidade Santo Amaro (Unisa) – uma das principais faculdades médicas do país – esse aumento não se deu apenas pelos números da Covid-19, doença que apresentou espectro extremamente grave em nossas gestantes e puérperas, mas também devido à grande dificuldade no acesso aos serviços de saúde nesse período, incluindo o pré-natal - tanto de risco habitual quanto de alto risco - além dos serviços de planejamento familiar.
“O acompanhamento pré-natal permitem diagnosticar e tratar oportunamente intercorrências clínicas e obstétricas, preservando a saúde e o bem-estar da mãe e do bebê”, ressalta Felipe. “O rastreamento da sífilis – por exemplo – através de exames e seu correto tratamento durante o pré-natal evita a congênita pode evitar complicações graves para o feto/neonato”, pontua Favorette.
Ainda, segundo Favorette, o período pré-natal desempenha um papel de extrema importância, viabilizando detecção de diversas situações prejudiciais à saúde materno fetal, abrangendo tanto aspectos clínicos quanto obstétricos, tais como infecções, anemia, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, vaginose bacteriana, e infecções urinárias.
No meio acadêmico, sobretudo nos cursos de medicina, entidades de ensino como a Universidade Santo Amaro (Unisa) oferece ambulatório dedicado para o atendimento de gestação de alto risco no recém-inaugurado o Complexo de Saúde Dr. Wladimir Arruda / Hospital Escola Wladimir Arruda (HEWA). O curso de medicina da Unisa implantou um centro de simulação em saúde, equipado com laboratório e manequins de alta tecnologia, inclusive capaz de simularem diversas situações no parto. Essa interação permite preparar os estudantes na tomada de decisões e aprimorá-los para as futuras atividades médicas.
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