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quarta-feira, 10 de maio de 2023

Ácaros presentes em colmeias aumentam a sobrevivência de abelhas mesmo na presença de inseticidas

Estudo conduzido por grupos da Unesp e da UFSCar mostra que os
aracnídeos microscópicos livram as colônias do excesso de fungos
 e servem de alimento para as larvas dos insetos produtores de mel
 (
foto: Demeter/Wikimedia Commons)

Ácaros encontrados em colônias de abelhas sem ferrão favoreceram a sobrevivência de até 69% das larvas e de 87% dos indivíduos jovens desses insetos na presença do tiametoxam, inseticida largamente usado no Brasil e proibido na União Europeia, ainda que exportado por países europeus para cá.

Os resultados são de um estudo apoiado pela FAPESP e publicado na revista Scientific Reports por pesquisadores das universidades Estadual Paulista (Unesp) e Federal de São Carlos (UFSCar).

Nos ensaios em que não houve exposição a inseticidas, a sobrevivência foi de até 96% quando havia ácaros presentes e entre 24% e 63% sem os ácaros. De modo geral, o estudo aponta que a presença dos pequenos aracnídeos da espécie Proctotydaeus (Neotydeolus) alvearii, especialistas em colmeias de abelhas sem ferrão, aumenta a sobrevida de larvas em cerca de duas vezes (2,3 vezes sem o inseticida e 1,9 com a substância).

As conclusões abrem caminho para a criação de soluções biológicas para prevenir a mortandade de abelhas, além de contribuir em futuros testes para medir o efeito dos agrotóxicos nas espécies sem ferrão.

“No começo, nem sequer sabíamos se os ácaros eram bons ou ruins para as abelhas. Não havia estudos a respeito. Agora, mostramos que eles ajudam as abelhas tanto comendo fungos, que provavelmente cresceriam demais e as sufocariam, quanto servindo de alimento para as larvas”, explica Annelise Rosa-Fontana, que realizou o trabalho durante pós-doutorado no Instituto de Biociências (IB) da Unesp, em Rio Claro, com bolsa da FAPESP.

“Quando os ácaros estavam presentes, tanto nos ensaios com inseticida quanto sem, pudemos observar ainda que as abelhas se desenvolveram melhor. As cabeças e os corpos eram significativamente maiores do que nas situações sem ácaros”, conta Adna Dorigo, que divide com Rosa-Fontana a primeira autoria do trabalho, parte de seu mestrado e do doutorado no IB-Unesp.

Quando chegam ao fim do ciclo de vida, é provável que os ácaros sirvam como fonte de proteínas para as larvas. Nos últimos dias da fase larval, os pesquisadores notaram que não havia mais ácaros nos ensaios in vitro, apenas ovos. O que sugere que os adultos sejam comidos pelas larvas de abelha.

Antes de serem encontrados em colônias da abelha Scaptotrigona postica, os ácaros analisados haviam sido registrados em colônias de outras abelhas sem ferrão. Descrita em 1985, a espécie é totalmente dependente desse ambiente, assim como outros ácaros podem se especializar nos mais diferentes nichos (leia mais em: revistapesquisa.fapesp.br/um-zoologico-entre-as-penas).

Protocolos de risco

As abelhas analisadas vêm sendo estudadas para serem incluídas em ensaios de toxicidade de inseticidas na região Neotropical, que inclui o Brasil. Esses testes são obrigatórios para a liberação do uso de substâncias na agricultura pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Os testes realizados atualmente, porém, têm como espécie modelo a Apis mellifera, abelha europeia introduzida no país. O território brasileiro, contudo, abriga cerca de 3 mil espécies nativas de abelhas, cerca de 300 sem ferrão.

Abelhas são importantes polinizadores tanto para plantas nativas quanto para a agricultura e podem morrer ou não conseguir voltar para o ninho quando expostas a agrotóxicos (leia mais em: agencia.fapesp.br/39896 e agencia.fapesp.br/38636).

Entender como se dá a relação entre diferentes culturas agrícolas, agrotóxicos e esses insetos é o tema do projeto “Interações abelha-agricultura: perspectivas para a utilização sustentável”, financiado pela FAPESP e coordenado por Osmar Malaspina, professor do IB-Unesp.

O projeto tem ainda entre os pesquisadores principais Roberta Nocelli, professora do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFSCar e coautora do trabalho publicado agora, um dos muitos feitos no âmbito do projeto.

“Nosso laboratório exerce um papel fundamental no estabelecimento de protocolos de risco que possam dar subsídios a políticas públicas. As abelhas são fundamentais para os ecossistemas e para a atividade agrícola, por isso o foco de todos deve ser a conservação desses insetos”, afirma Malaspina, que coordenou o estudo.

Para o pesquisador, o trabalho contribui ainda para pensar em soluções baseadas na natureza. Produtos gerados da pesquisa poderiam tanto ser distribuídos gratuitamente a meliponicultores, produtores de mel a partir da criação de abelhas sem ferrão, quanto desenvolvidos em pequenas empresas inovadoras.

Tudo isso sem contar a formação de recursos humanos especializados. Rosa-Fontana atualmente é pesquisadora da Universidade Complutense de Madri. Em fevereiro, foi contemplada com financiamento do programa europeu Marie SkÅ?odowska-Curie Actions Postdoctoral Fellowship, um dos mais competitivos e de maior prestígio do mundo.

O prêmio consiste em um auxílio de € 172 mil para serem aplicados em sua pesquisa sobre ferramentas moleculares em avaliação de risco de agrotóxicos em abelhas europeias.

Dorigo, por sua vez, logo que terminou o doutorado no IB-Unesp foi contratada pela empresa Eurofins Agroscience Services, uma das maiores do mundo na realização de estudos toxicológicos para a avaliação de agrotóxicos. Atualmente, é pesquisadora e atua como diretora de estudos, onde continua realizando pesquisas na área.

O artigo Fungivorous mites enhance the survivorship and development of stingless bees even when exposed to pesticides está disponível em: www.nature.com/articles/s41598-022-25482-x. 

 

André Julião
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/caros-presentes-em-colmeias-aumentam-a-sobrevivencia-de-abelhas-mesmo-na-presenca-de-inseticidas/41333/


Socialização proporciona ganhos para saúde física e psicológica dos cães

Divulgação

Redução da ansiedade, condicionamento e prevenção de problemas de comportamento são alguns dos benefícios que aumentam a qualidade de vida dos pets


A responsabilidade de ter um cão vai além das preocupações com as necessidades de alimentação e visitas frequentes ao veterinário. Introduzi-lo às atividades que proporcionem bem-estar e satisfação é tão importante quanto os cuidados básicos. Por isso, ao permitir a interação com outros cães e experimentar os mais diversos ambientes, pessoas, sons e movimentos, a socialização é essencial para que o animal cresça com um comportamento dócil e adaptável, com boa saúde e longevidade.

De acordo com Aldo Macellaro Jr., veterinário e proprietário do Clube de Cãompo, os ganhos da socialização vão além do que se imagina e, quanto antes realizada, mais fácil se torna o processo. “A partir dos quatro meses de idade, os cães já podem frequentar diferentes lugares. Deixá-los livres em grandes espaços, com a presença de outros animais, para que possam interagir e praticar atividades, ajuda a reduzir a ansiedade de ficar muito tempo dentro de casa e já vai moldando seu comportamento, para que não haja problemas de convivência. Além disso, esse tempo de gasto energético, ajuda no condicionamento cardiorrespiratório e muscular, libera endorfinas e melhora a sensação de bem-estar e relaxamento dos pets”, destaca.

Divulgação
Situado em uma área de 60 mil m², na cidade de Itu, interior de São Paulo, o Clube de Cãompo oferece serviços e atividades que podem contribuir com essa tarefa de socialização. Considerado um verdadeiro resort para cães, o espaço conta com acomodações, brincadeiras, atividades e mais uma série de serviços para o conforto, diversão e bem-estar dos pets. Entre as diversas opções de suítes, o hotel reserva uma área vip, com chalés de 30m², como se fossem uma verdadeira casa com quintal privativo, ventilador de teto e câmera para monitoramento online por parte dos donos.

“Temos opções para os tutores que desejam hospedar o pet por alguns dias, seja por motivo de viagem ou para que os animais desfrutem de nossa estrutura, assim como a opção Day Care, em que recebemos o cão por um dia inteiro e proporcionamos diversas atividades esportivas e de lazer, como os exercícios básicos de agility, natação, obediência básica e brincadeiras com discos de Frisbee”, complementa o veterinário.

 

Clube de Cãompo
Rodovia SP 300 (Dom Gabriel Paulino Bueno Couto), Km 95 - Itu/SP.
Mais informações pelos telefones (11) 4022-5277 ou no site.


Lentes de contato exigem cuidados específicos não só em relação à utilização, mas também em relação ao manuseio e armazenamento

Há também outras dicas importantes como a de não dormir com as lentes e a de oferecer um descanso aos olhos com alguma frequência


As lentes de contato têm se popularizado entre os brasileiros e, segundo a Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, há mais de dois milhões de brasileiros que as utilizam como método de correção da miopia, astigmatismo, hipermetropia e outros distúrbios visuais ou mesmo como função estética. Porém, os cuidados com as lentes são essenciais para preservar a saúde dos olhos e evitar futuros problemas, como foi o caso recente de um jovem americano que perdeu um olho após ter dormido com as lentes e ter sido vítima de uma infecção ocular causada por um parasita.

Para evitar qualquer tipo de situação incômoda em relação às lentes, o oftalmologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Luiz Aguiar, afirma que os cuidados devem começar já com o manuseio e armazenamento das lentes. “A pessoa deve manusear as lentes sempre com as mãos higienizadas e limpas, sem qualquer tipo de produto. Para guarda-las, elas devem ser mantidas em um estojo apropriada com o uso de soluções específicas, como os soros para lentes, que mantenham hidratadas e descontaminadas. O soro do estojo também deverá ser renovado constantemente”, ressalta ele.

O médico destaca que os materiais das lentes são muito permeáveis (deixam passar o oxigênio do ar para a córnea, onde a lente se apoia), o que permite a sua utilização por longos períodos. Porém, ele explica que, sempre que houver qualquer incômodo no olho, o mais indicado é retirá-la. “Dê um tempo, lave-as com a solução adequada e tente colocá-la novamente. Se essa orientação não for seguida, a lente poderá ser danificada precocemente, ficar contaminada e, eventualmente, provocar danos aos olhos. Em casos mais graves até mesmo provocar uma conjuntivite e lesões profundas de difícil tratamento”, destaca.

Outra recomendação é não dormir com as lentes, pois a córnea poderá sofrer e o olho poderá ficar vermelho com dores e secreções e até mesmo estar sujeito a infecções, como foi o caso do jovem americano. Outra recomendação diz respeito ao tempo de uso de cada lente de contato. “Isso poderá variar de acordo com vários fatores, como a umidade do ambiente, o tempo de esforço visual continuado, a poluição, a existência de alergias e outros. Se for possível dar um descanso aos olhos com alguma frequência também é recomendado”, analisa o médico. 



Hospital Edmundo Vasconcelos
www.hpev.com.br

 

Dermatologista dá dicas para reduzir a incidência de acne, as populares espinhas

Alimentação e cuidados de higiene fazem a diferença para quem sofre com o problema

 

É reconhecido que uma alimentação com alto índice glicêmico, rica em derivados de leite e com excesso de carboidratos e açúcares pode piorar o quadro de acne. Evitar alimentos gordurosos e o excesso de açúcar pode ser meio caminho andado para quem quer evitar as indesejadas marcas de espinhas no rosto.

“Este tipo de alimentação causa picos de insulina, e sabe-se que o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1) também está envolvido na acne. Por isso é fundamental manter uma dieta saudável”, explica a dermatologista e diretora da SBD-RS, Juliana Boza.

Para prevenir, algumas dicas são valiosas: lavar o rosto duas vezes ao dia com sabonete específico para o seu tipo de pele; sempre remover a maquiagem no final do dia, optar por produtos, inclusive maquiagens, não comedogênicos, usar protetor solar e hidratantes que tenham ativos capazes de controlar a oleosidade, além de uma dieta saudável, preferindo alimentos de baixo índice glicêmico.

A médica reforça que é importante evitar coçar ou espremer as espinhas, pois isso pode piorar a inflamação e aumentar o risco de cicatrizes e manchas inestéticas. Por fim, consultar o dermatologista para tratar a acne de maneira adequada e completa é fundamental.

 

Marcelo Matusiak


Entenda como a higiene bucal é importante para a saúde cardiovascular

Freepik
Doenças do coração como endocardite bacteriana, tem relação com problemas bucais




Ter uma boca saudável vai além de um belo sorriso e questões ligadas apenas à estética. Muitas pessoas não sabem, mas a má higiene bucal está diretamente ligada às doenças cardíacas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que quase metade da população, cerca de 3,5 bilhões de pessoas, sofre de doenças bucais.

A higiene oral deficiente, como a falta dos cuidados de escovação dentária, uso de fio dental e, principalmente, consultas regulares ao Cirurgião-Dentista, ocasiona depósitos bacterianos sobre as superfícies dos dentes o que pode levar a inúmeras doenças bucais. Segundo a professora do curso de Odontologia da UNINASSAU Olinda, Gabriela Brito, existem grupos específicos de bactérias que causam a cárie dentária e outras específicas que provocam a periodontite. “É uma doença na qual os tecidos que estão ao redor do dente e que o sustentam estão comprometidos, sendo iniciado o processo com a inflamação da gengiva, sangramento durante escovação, inchaço e vermelhidão do local, que se chama gengivite”, explica.

Se a gengivite não for tratada, esses microrganismos tornam-se mais complexos, causando a periodontite, que apesenta, além dos sinais da gengivite, mau hálito, afastamento dos dentes, raiz do dente exposta, perda óssea e até perda dentária. As bactérias bucais são capazes de circular para outras regiões do corpo por meio da corrente sanguínea e se estabelecem no coração. “Micróbios podem se instalar no tecido cardíaco e causar infecções potencialmente graves. Dessa forma, os pacientes com problemas cardíacos devem cuidar da inflamação bucal desde seu início, na gengivite, para prevenção da periodontite”, alerta professora.

A endocardite bacteriana é uma doença que se instala quando microrganismos provenientes de diversas partes do corpo, principalmente da boca, são levados pela corrente sanguínea até uma válvula do coração, onde se fixam. Causando uma infecção nas estruturas internas do coração que pode levar o paciente a internação, e, em casos mais graves pode levar à morte. O diagnóstico baseia-se no exame físico, no levantamento da história clínica e na avaliação dos sintomas que o doente apresenta. Para tanto, é fundamental a consulta ao médico cardiologista, que conduzirá a outros exames específicos.

Ainda de acordo com a dentista, é fundamental que os indivíduos saibam da relação existente entre a má higiene bucal com o desenvolvimento dessas enfermidades, uma vez que a saúde da boca e do coração não se separar.

"A Federação Mundial do Coração e a Federação Europeia de Periodontologia recomendam que todo paciente recém-diagnosticado com doenças cardiovasculares deve ser encaminhado para um Cirurgião-Dentista/Periodontista para realização do tratamento periodontal, que faz parte também do tratamento contínuo do coração", informa.

O tratamento da reação inflamatória desencadeada pelas bactérias na placa dental, beneficia os pacientes, porque reduz a pressão arterial, o mau colesterol (LDL), assim como os demais fatores de risco para doenças cardiovasculares, como a obesidade e a diabetes.


O cérebro por trás da disforia de gênero: o que a ciência tem a dizer

Você já se perguntou como seria se acordasse em um corpo diferente? Como seria se olhasse no espelho e não reconhecesse o reflexo que vê? Essa é a realidade de pessoas que vivem com disforia de gênero, condição em que a percepção da própria identidade não corresponde ao sexo biológico, afetando uma parcela significativa da população, com estimativa de 0,5% a 1%. Embora ainda não seja completamente compreendida, pesquisas sugerem uma conexão entre a estrutura cerebral e a percepção de gênero.  

Alguns estudos de imagem cerebral têm demonstrado que as diferenças estruturais e funcionais no cérebro podem estar associadas a essa condição.  Um artigo de revisão do neurocientista Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues e dos médicos Francis Moreira da Silveira e Bruno Loser Hemerly sobre o tema, buscou compreender a literatura existente sobre disforia de gênero, analisando sua complexidade e multifatorialidade. O periódico destaca que a amígdala, região do cérebro responsável pela regulação das emoções, pode ser menor em indivíduos trans do que em indivíduos cisgênero. Além disso, as áreas do cérebro responsáveis por processar informações sensoriais e corporais, podem ser diferentes entre  esses indivíduos. Estudos também sugerem alterações no hipotálamo e córtex pré-frontal associados a mudanças na atividade de neurotransmissores e na conectividade cerebral.

 

Uma das descobertas mais recentes é que a diferenciação de gênero no cérebro pode ocorrer antes do nascimento, com diferenças na formação de nervos e na atividade de neurotransmissores. Além disso, pesquisas sugerem que pessoas transgênero podem ter características cerebrais mais semelhantes ao gênero com o qual se identificam do que ao gênero atribuído ao nascimento. Esses estudos são realizados por meio de diversas técnicas, como ressonância magnética funcional (fMRI) e estudos de neuroquímica e conectividade cerebral. 

 

A disforia pode ser percebida em crianças, adolescentes e adultos, mas identificar na infância pode ser um desafio. É necessário observar critérios como a existência de uma acentuada incongruência entre o gênero expressado e o sexo biológico, persistente por pelo menos seis meses e manifestada por diversos sintomas, como o forte desejo de pertencer ao outro gênero, forte preferência por papéis inversos de gênero em brincadeiras e forte preferência por brinquedos ou atividades típicas do gênero contrário. Também é importante observar se há forte desgosto com a própria anatomia. Em adultos, o diagnóstico requer além disso, um forte desejo de mudar as próprias características sexuais. Júlia Maria de Oliveira Melo, 22 anos, é enfermeira e conta como foi sua infância antes da transição “Eu sempre sofri bullying, na época, era vista como um gay afeminado, porque brincava somente com bonecas, gostava de personagens femininas, de roupas femininas, minhas melhores amigas eram mulheres. Minha mãe conta que eu colocava a fralda em cima da cabeça, como se fosse peruca, e fingia ser a Joelma. Já com 14 anos, ela veio falar comigo, dizendo que sabia que eu era "diferente". Eu já sabia, mas estava entrando em depressão porque não conseguia me assumir. Inicialmente me assumi bissexual, depois como gay. Comecei a usar maquiagem, mas ainda sofria problemas de autoestima”, relata Júlia.

 

A Disforia tem sido estudada sob várias perspectivas, incluindo na psicanálise. Teorias sugerem  que  a  formação  da  identidade  de  gênero  começa  na  infância, influenciada por fatores familiares, sociais, e questões  psicológicas como identificação com o pai ou a mãe. Jacques Lacan, psicanalista do século XX, desenvolveu uma teoria da subjetividade que inclui conceitos relevantes para o assunto.  Lacan  argumenta  que  a  formação  da  identidade  de  gênero  está  ligada  à construção  da  identidade  subjetiva,  influenciada  por  fatores  como  modelos  de comportamento de gênero fornecidos pela família e pela sociedade, bem como por questões de linguagem e representação de símbolos de cada sociedade. Ainda assim, essa  abordagem  tem suas limitações, já que não  leva  em conta  perspectivas  e  experiências  das  pessoas  com  disforia. Embora a psicanálise lacaniana tenha sido útil para entender o tema, é importante continuar pesquisando e desenvolvendo abordagens mais eficazes para entender mais sobre o assunto. 

 

A atuação da psiquiatria em relação à disforia baseia-se em evidências científicas e enfatiza o respeito pela identidade de gênero. A intervenção clínica inclui terapia, tratamento hormonal e cirurgia de readequação genital, se desejado. Profissionais da saúde recomendam abordagens como a terapia de aceitação e compromisso ou a terapia de orientação de gênero, reconhecidas pelo DSM-5-TR e o CID-11 como parte do processo de transição. Essas abordagens ajudam a explorar e compreender a identidade, além de fornecer suporte emocional e psicológico para lidar com os desafios enfrentados. “Eu demorei para começar a transição, porque tive medo. Antes de me entender como mulher, tive disforia. Mesmo me considerando um homem gay, usava cinta para ficar com a cintura marcada, usava sutiã com papel higiênico, e fazia de tudo para ficar feminina. Eu criava fakes, e me apresentava como mulher online. Eu não estava feliz. Na pandemia coloquei tranças e comecei a me sentir muito mais confortável, mais feminina. Comecei a usar aplicativos para diminuir características masculinas em fotos”, afirma a enfermeira.

 

É crucial considerar diversos fatores para entender a disforia de gênero, principalmente quando se fala de saúde mental. Um estudo de 2014 relatou que 41% das pessoas com disforia de gênero relataram pelo menos uma tentativa de suicídio na vida, enquanto outro estudo de 2019 descobriu que 39% relataram o mesmo.  Infelizmente, muitos não recebem o apoio emocional e social necessário, sofrem discriminação e dificuldades na transição, agravando doenças como depressão e ansiedade, o que aumenta o risco de suicídio. Profissionais devem trabalhar juntos para fornecer tratamento personalizado e eficaz para cada indivíduo, visando melhorar sua qualidade de vida e atingir uma identidade de gênero coerente. “Na pandemia, minha mãe veio falar comigo e disse que sabia que eu era uma mulher trans, e não um homem gay. Ela sempre me apoiou, meus irmãos me apoiaram. E isso foi muito importante, o apoio familiar é maravilhoso. Ela participava de um grupo de pais  pela diversidade, e como minha cidade é pequena, foi orientada lá para me ajudar a iniciar a transição, passando por um endocrinologista. Eu estava pronta para iniciar o processo, mas ainda tinha medos. Fiquei com medo de não ficar feminina, de não ser vista como mulher, de não encontrar um namorado, de só ser vista como fetiche. Tive apoio com uma psicóloga, comecei a tomar hormônio,  e foi bem difícil.  Foi um turbilhão de emoções, e a disforia aumenta bastante durante esse processo”, ela conta.

 

A identificação desses sinais cerebrais específicos pode ser crucial para a construção de diagnósticos e apoio mais preciso para pessoas que lidam com a disforia.  As neurociências e avanços científicos podem fornecer informações valiosas para uma compreensão maior sobre o tema, o que pode ajudar a desmistificar e diminuir o preconceito e o estigma “Nós lidamos com muito preconceito, diversos homens acham que sou garota de programa, há muito estigma. Tenho a sorte de dizer que nunca fui agredida na rua, tenho apoio da minha família, um emprego que amo, sou a primeira mulher trans a me formar na região, tenho um namorado que me assume. Mas essa não é a realidade de todas”, finaliza a enfermeira. É essencial que a sociedade trabalhe para combater a discriminação contra pessoas trans, garantindo que tenham acesso a direitos básicos, como cuidados de saúde adequados.

 

O estudo contou com o apoio do CPAH - Centro de Pesquisas e Análises Heráclito. Os autores são o Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, pós PhD em neurociência,  mestre em psicologia e biólogo, o Dr. Francis Moreira da Silveira,  médico e psiquiatra mestre em neurociência, e o médico Bruno Loser Hemerly.

 


Composto testado na USP reduz inflamação da COVID-19 sem comprometer a resposta imune ao vírus

Em camundongos, equipe do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias
mostrou que moléculas capazes de bloquear a ligação do peptídeo C5a
ao seu receptor celular ajudam a prevenir lesões pulmonares e outras complicações
 típicas da forma grave da doença
 (
imagem: kjpargeter/Freepik)

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificaram uma nova classe de moléculas capaz de frear a inflamação exacerbada típica da forma grave de COVID-19 sem prejudicar a resposta imune contra o vírus SARS-CoV-2.

Em experimentos com camundongos, os pesquisadores demonstraram que, ao bloquear a ligação de um peptídeo chamado C5a em seu receptor celular (a proteína C5aR1), a inflamação desencadeada pela tempestade de citocina é reduzida. Os resultados foram divulgados no The Journal of Clinical Investigation.

“Estamos estudando essa via já há alguns anos para dor neuropática e doença autoimune. E, quando surgiu a pandemia, logo desconfiamos que bloquear o receptor celular desse peptídeo [C5a] também poderia ser interessante contra a inflamação associada à COVID-19 grave. Isso porque sabemos que, apesar de o C5a ter um papel pró-inflamatório importante, essa via não tem grande atuação no combate à infecção. Trata-se de um mediador que, se bloqueado, não compromete a resposta do indivíduo contra o vírus”, explica Thiago Mattar Cunha, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e integrante do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP.

Durante a pandemia ficou evidente que a COVID-19 pode ter uma variação grande no que se refere à gravidade. Enquanto alguns pacientes apresentam sintomas leves ou são assintomáticos, parte dos infectados pelo SARS-CoV-2 desenvolve uma inflamação sistêmica potencialmente fatal desencadeada por uma resposta imune exacerbada – conhecida como tempestade de citocinas. Nesses casos, os pacientes geralmente passam dias internados em terapia intensiva, com necessidade de ventilação mecânica, e apresentam complicações como fibrose pulmonar e trombose.

Cunha explica que o C5 é um mediador inflamatório presente no plasma sanguíneo e integra o chamado sistema do complemento – parte da resposta imune responsável por formar a “cascata” de proteínas que induz uma série de respostas inflamatórias que visam combater a infecção.

Quando ocorre uma inflamação, o peptídeo é ativado (tornando-se a molécula C5a) e passa a ter função pró-inflamatória. “Esse aumento da produção de C5a está ligado a uma série de doenças inflamatórias, como sepse, artrite reumatoide, doença inflamatória do intestino, lúpus, psoríase e também a lesão pulmonar observada em casos graves de COVID-19”, afirma.

Estudos anteriores do CRID já haviam demonstrado que uma das principais vias relacionadas com a lesão pulmonar nos pacientes com COVID-19 era a netose – danos teciduais causados por um mecanismo imune chamado NET (sigla em inglês para rede extracelular neutrofílica), que consiste na saída do material genético contido no núcleo dos neutrófilos (um tipo de leucócito) em forma de redes, que são lançadas pelas células de defesa para o meio extracelular na tentativa de prender e matar bactérias.

Mas foi só após desenvolverem camundongos transgênicos, suscetíveis à COVID-19 e com o gene codificador da proteína C5 inativado, que os pesquisadores puderam elucidar o mecanismo pelo qual a via C5a participa da lesão pulmonar e da inflamação exacerbada observada em pacientes com a forma grave da doença.

De acordo com Cunha, foi possível observar no modelo animal que, quando os neutrófilos chegam ao pulmão do paciente, começam a liberar as NETs, que são lesivas tanto aos patógenos quanto às células do organismo. “É, portanto, uma via que está não apenas envolvida na morte de células epiteliais – o que demonstramos num dos nossos primeiros trabalhos sobre o tema –, como também possivelmente associada às inflamações por tromboembolia no pulmão dos pacientes com COVID-19”, explica o pesquisador (leia mais em: agencia.fapesp.br/33435/).

O achado confirma o papel imunopatológico da sinalização C5a/C5aR1 na COVID-19 e indica que os antagonistas de C5aR1 (moléculas que bloqueiam a ligação com o receptor) podem ser úteis para o tratamento dos casos graves.

“São várias ações acontecendo. O peptídeo C5a atua aumentando a formação das NETs. Já o neutrófilo é recrutado para o pulmão porque há uma produção intensa de citocinas nessa fase da doença. E o C5a ativa ainda mais os neutrófilos no pulmão que, quando ficam superativados, produzem mais NETs. Com tudo isso, é provável que a via esteja envolvida na amplificação da lesão e da inflamação pulmonar”, avalia o pesquisador.

Desde antes do surgimento da COVID-19, o grupo do CRID já vinha colaborando com a farmacêutica italiana Dompé no desenvolvimento de moléculas capazes de bloquear o receptor C5aR1. Parte do trabalho foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS) em 2014 (leia mais em: agencia.fapesp.br/20387/).

“No nosso estudo recente, os camundongos que receberam os antagonistas de C5aR1 apresentaram melhora da inflamação. Também demonstramos que, ao bloquear esse sistema, o controle da infecção não é alterado, ou seja, a carga viral continuou a mesma entre os animais que foram tratados com o antagonista e os que não foram”, diz.

Melhorar a inflamação sem impactar a carga viral é um atributo importante da nova molécula. Isso porque, atualmente, uma das principais estratégias para tratar a COVID-19 é o uso de corticoides, medicamentos com ação anti-inflamatória e imunossupressora. Essa classe de fármacos, portanto, reduz a resposta imune contra o SARS-CoV-2 e também contra infecções secundárias, como a pneumonia bacteriana, por exemplo.

Apesar de os pesquisadores do CRID terem feito apenas experimentos em animais, Cunha conta que um estudo publicado no final do ano passado na revista Lancet por grupos europeus lançou luz sobre os benefícios de bloquear a via C5a/C5aR1 em humanos. No estudo, o grupo descreveu o resultado de testes clínicos de fase 3 com o uso de anticorpo monoclonal contra o peptídeo C5a, mostrando ser uma estratégia viável para combater a inflamação exacerbada da COVID-19.

“Quando o anticorpo se liga à molécula de C5a, ele impede a ação no receptor. Isso significa que os testes clínicos estão trabalhando na mesma via que estamos estudando, sinal de que estamos no caminho certo”, comenta Cunha.

A vantagem da estratégia brasileira é que o custo do tratamento com antagonistas do receptor C5aR1 é muito mais baixo do que a terapia com anticorpos monoclonais.

“Os dados desse estudo nos dão evidências clínicas de que bloquear a via C5a/C5aR1 funciona, é um tratamento benéfico. Já trabalhamos com essa via para doenças autoimunes e dor. Acredito que o próximo passo seja iniciar testes clínicos com a molécula antagonista”, comenta.

O artigo C5aR1 signaling triggers lung immunopathology in COVID-19 through neutrophil extracellular traps pode ser lido em: www.jci.org/articles/view/163105.

  

Maria Fernanda Ziegler
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/composto-testado-na-usp-reduz-inflamacao-da-covid-19-sem-comprometer-a-resposta-imune-ao-virus/41322/


Cirurgião-Dentista tem papel fundamental no diagnóstico precoce do lúpus

CROSP lembra a importância de conhecer a doença e destaca a colaboração do Cirurgião-Dentista no diagnóstico e tratamento


O Dia Mundial do Lúpus é lembrado no mês de maio (10), com o objetivo de promover informação e conhecimento sobre uma das mais graves doenças autoimunes conhecidas atualmente. Além de esclarecer o que é o lúpus, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) destaca o papel fundamental do Cirurgião-Dentista no diagnóstico precoce da doença.

O lúpus eritematoso é uma doença autoimune mais comum em mulheres na faixa dos 40 anos e mais predominante na raça negra. Os sinais e sintomas são variados, sendo que o mais comum é o comprometimento das articulações, pele, cérebro, pulmões e outros órgãos. Além desses sintomas, o paciente relata, ainda, cansaço, cefaleia e emagrecimento súbito. A doença não tem cura, porém, apresenta períodos de remissão.

O diagnóstico é feito através do exame clínico e exames laboratoriais. A cavidade bucal também pode ser afetada, ainda que seja raro. O Cirurgião-Dentista e membro da Câmara Técnica de Estomatologia do CROSP, Dr. Artur Cerri, explica que, na boca, o lúpus pode ser caracterizado com aspecto variado, sendo mais comum apresentar ulcerações, manchas avermelhadas, áreas esbranquiçadas, avermelhadas e lesões bolhosas.

“Essas lesões são mais encontradas na mucosa jugal, palato, lábios e língua. Elas surgem de forma súbita e é uma característica de que a doença está ativa”.

O especialista esclarece que, embora o diagnóstico final seja do médico, o Cirurgião-Dentista pode colaborar no diagnóstico precoce da doença, principalmente durante o exame clínico, em que os sinais e sintomas podem ser observados pelo profissional. Por outro lado, as lesões bucais mencionadas em pacientes mais susceptíveis podem levar o Cirurgião-Dentista a suspeitar da doença.

Ainda de acordo com Dr. Artur, as lesões bucais, via de regra, são reflexo do estágio da doença. Sendo assim, podem ser ativas ou amenas. Ele acrescenta que uma característica importante nos pacientes portadores de lúpus é o comprometimento de manchas escurecidas ou avermelhadas que afetam o nariz e o zigomático, conhecida como asa de borboleta. Essa alteração, segundo Dr. Artur, ocorre em 80% dos pacientes portadores de lúpus. Não obstante, essa lesão é exacerbada pelo sol. Manchas semelhantes podem ocorrer em outros locais da pele, quase sempre em áreas expostas ao sol.

“O resultado histopatológico das lesões bucais não serve como diagnóstico único, pois as alterações encontradas são comuns em outras lesões. O hemograma, exame esse que pode ser solicitado pelo Cirurgião-Dentista, apresenta leucopenia (contagem total de leucócitos abaixo do limite inferior normal para a população) e linfocitopenia (condição em que há um baixo nível de linfócitos no sangue) e, em 30% dos casos, o exame pode revelar anemia com diminuição dos eritrócitos”.

 

Tratamento

Com relação ao tratamento desses pacientes, Dr. Artur lembra que ele inclui imunossupressores. Portanto, as intervenções cirúrgicas devem ser feitas com cautela, uma vez que todos os imunossupressores, como a cortisona, diminuem a imunidade do paciente, deixando-o mais frágil e mais sujeito a complicações.

“Nesses casos, a resistência do paciente é mais baixa. Havendo necessidade, em casos de cirurgia, o profissional deve avaliar a possibilidade de fazer cobertura com antibióticos. Cabe ao profissional avaliar a opção de medicar o paciente preventivamente”.

Por fim, o especialista lembra que a participação do Cirurgião-Dentista na suspeita de lúpus é real e fundamental, uma vez que as manifestações bucais podem ser as primeiras alterações antes do comprometimento de outras áreas e órgãos. “É importante ressaltar que o exame clínico bem elaborado e completo é imprescindível na elaboração de qualquer diagnóstico, mesmo porque é um requisito legal”, pontua.

 

Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
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Receitaram ‘modulação hormonal’ para você? Corra, pois não há evidência científica!

Endocrinologista alerta para prescrições indevidas de hormônios 

 

“Modulação hormonal não é algo praticado, reconhecido ou recomendado por qualquer instituição médica do planeta que se preze. Este nome é dado a uma prática não reconhecida pelas sociedades médicas onde o prescritor tenta atingir níveis arbitrários de hormônios no corpo do seu paciente, com objetivos estéticos e, teoricamente, de saúde”, alerta Dr. Júlio Américo Pereira Batatinha, endocrinologista membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo.

 

Nesta semana, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou resolução (leia aqui) proibindo a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes seja para fins estéticos, ganho de massa muscular e de performance esportiva.

 

Conceitualmente, a terapia hormonal é um termo genérico que serve para designar as terapias onde, por uma deficiência hormonal ou em uma terapia afirmativa, se emprega o uso de hormônios, mais especificamente os hormônios sexuais: andrógenos, estrógenos e progestágenos. “Isso porque há diversas terapias em que se utiliza corretamente os hormônios, como diabetes e insulina, deficiência de hormônio de crescimento e uso do próprio hormônio do crescimento, mas que não chamamos, popularmente, de terapia hormonal”, explica Dr. Júlio.

 

Ele conta ainda que essas terapias com esteroides sexuais são comuns em pessoas com deficiências hormonais (homens ao longo da vida ou mulheres antes da menopausa), em mulheres pós-menopausa com os fogachos, em pessoas trans para a hormonioterapia cruzada, para a afirmação de gênero e diminuição de disforias associadas à ansiedade, depressão, entre outras.

 

“Quando nós pensamos na história da Medicina, principalmente atual, vemos um movimento científico crucial para a nossa prática que se chama Medicina baseada em evidência: o médico deve usar as melhores evidências disponíveis, por meio de estudos científicos, para guiar sua prática. Isso protege os pacientes de eventos adversos, desfechos ruins e aumenta a probabilidade de que um tratamento seja efetivo e tenha sucesso. Qualquer prática da área da Saúde que ignore a medicina baseada em evidência, é considerada má prática. É o caso de quem indica a terapia ou ‘modulação’ hormonal de forma arbitrária para fins estéticos ou de performance, pois não existem estudos que mostram essa prática como segura ou eficaz”, explica o endocrinologista.

 

Entre os riscos para saúde do uso indevido de hormônios, estão: aterosclerose, trombose, vasoespasmo, cardiotoxicidade. “Há, por exemplo, aumento de placas ateroscleróticas nas coronárias, artérias do coração. Majoritariamente um paciente jovem não terá um infarto, mas décadas após ter feito o abuso de anabolizantes sim. E muitos não correlacionam o infarto que tiveram agora com o abuso de anabolizantes no passado”.

 

Somam-se aos riscos: hepatotoxicidade com risco de tumores hepáticos, insuficiência hepática, necessidade de transplante, infecções no local de aplicação, problemas osteomusculares, infertilidade e riscos de disfunção sexual, disfunção erétil e diminuição da libido, piora da qualidade de vida (depressão, letargia, menor potência muscular), acne e ginecomastia.

 

“Nas mulheres pode acontecer atrofia das mamas, distúrbios menstruais e infertilidade além do hirsutismo, engrossamento da voz, alopecia e aumento de clitóris. No homem, é comum episódios de agressividade”, pontua o médico.

 

No corpo humano há um refinado sistema de regulação e contra-regulação dos níveis hormonais. Embora dois homens possam ter níveis diferentes de testosterona, ambos estarão saudáveis, pois para cada corpo existe um valor que, naquele momento e naquela condição, é saudável.

 

“Sempre que utilizarmos doses acima do que o corpo regulou como necessário, haverá superdosagem e, consequentemente, risco dos malefícios já descritos”, finaliza o médico.

 

Movimento para regulamentação - No final de março, 5 entidades médicas, entre elas a SBEM, pediram em carta conjunta ao Conselho Federal de Medicina a regulamentação sobre o uso de esteroides anabolizantes e similares para fins estéticos e de performance. Isso porque tem sido observado nos consultórios um número crescente de complicações advindas do uso indevido de hormônios. E muito disso é a apologia ao seu uso feita nas redes sociais, transmitindo um falso conhecimento e segurança na sua prescrição, colocando em risco a saúde da população.

 

Em 11/04/2023, o CFM divulgou Resolução CFM Nº 2.333 proibindo a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes seja para fins estéticos, ganho de massa muscular e de performance esportiva.

 



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O calor foi embora e as suas pernas continuam inchadas? Descubra o motivo

Cirurgião vascular explica o que pode causar este sintoma e como evitá-lo

 

 Durante as estações mais quentes do ano é muito comum que as pessoas se incomodem com aquela sensação de peso nas pernas, acompanhada de um certo formigamento e até de dores. Isso acontece mais durante o verão porque as altas temperaturas causam uma dilatação nos vasos sanguíneos que ficam sobrecarregados, o que prejudica o retorno do sangue ao coração, causando o famoso inchaço dos pés e das pernas.

Mas, como explicar quando as pernas continuam inchando e gerando desconforto mesmo depois do calor ter ido embora? Para o cirurgião vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, Dr. Márcio Steinbruch, o calor pode ser apenas um agravante para outras razões de má circulação.

“Um dos motivos mais frequentes para queixas de inchaço nas pernas está relacionado à rotina do paciente e não propriamente a sua saúde. Ficar muito tempo do dia em pé ou sentado interfere diretamente na circulação sanguínea e linfática. O corpo precisa de movimento para funcionar bem. Alguns trabalhos exigem que o paciente fique de pé o dia todo e outros que permaneça sentado em frente ao computador. Às vezes, incluir intervalos na rotina diária para alongar e levantar as pernas pode mudar a qualidade de vida do paciente, sem precisar de remédios”, enfatizou.

Também, intimamente ligada aos hábitos diários, outra causa muito comum para inchaço nas pernas é o sedentarismo. Não praticar exercícios físicos dificulta o processo de nutrição e oxigenação celular de maneira igualitária para todas as partes do corpo, além de prejudicar a eliminação de toxinas: atividades que acontecem por meio do sistema circulatório e do sistema linfático.  Ou seja, quanto mais sedentária a pessoa for, mais inchada ficará, porque acumulará toxinas.

A idade é outro fator que pode influenciar na saúde das suas pernas. Geralmente pessoas idosas costumam se queixar mais de inchaço nos membros inferiores do que pacientes mais jovens. Isso porque com o envelhecimento, as válvulas, que ficam dentro das veias das pernas e são responsáveis por fazer o retorno do sangue para o coração, vão gradativamente perdendo as forças. Então, é normal que as pernas acumulem mais sangue e fiquem mais inchadas.

“Para pacientes idosos a recomendação é sempre manter um acompanhamento médico para poder investigar e descartar outras causas para o inchaço, como hipertensão e outros problemas cardíacos. Caso a saúde esteja em dia, a indicação é criar uma rotina com intervalos durante o dia para fazer a elevação das pernas e sempre manter-se fisicamente ativo. Hidroginástica, natação, caminhadas e musculação são ótimas opções, desde que tenham a orientação de um profissional qualificado”.

E se você é mulher, o seu método contraceptivo pode ser o motivo do inchaço nas pernas. A pílula anticoncepcional, e quaisquer medicamentos à base de hormônios podem provocar retenção de líquido no corpo inteiro, porém mais perceptiva nas pernas. Nesses casos, a orientação é analisar juntamente com o médico ginecologista e o médico vascular como está a sua saúde e encontrar outra opção com menos efeitos colaterais para a contracepção.

Em todos os casos, o ideal é manter o check-up em dia e passar por consulta com um médico vascular sempre que perceber algum inchaço ou incômodo frequente nas pernas. A saúde delas revela como está a saúde de todo o corpo, principalmente do coração.

 

Dr. Márcio Steinbruch – formado pela Universidade de São Paulo (USP), é médico com especialização em cirurgia vascular pelo Hospital das Clínicas da FMUSP, além disso, possui título de especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e é membro titular da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Curta as redes sociais do médico: Instagram: @livredevarizes e Facebook.com/marcio.steinbruch . www.livredevarizes.com.br/.


Câncer de pulmão é o mais letal no mundo apesar dos avanços no tratamento e ser uma doença evitável na maioria dos casos

Em todo o mundo, a doença que causou a morte da cantora Rita Lee nesta terça (9), é responável por 1,8 milhão de mortes anuais. Avanços no diagnóstico, cirurgia e tratamento sistêmico aumentaram a expectativa de vida dos pacientes, mas a doença segue com alta taxa de óbitos. Cigarro é causa direta de 80% a 90% dos tumores malignos do pulmão

 

A principal causa, tabagismo – responsável por 80% a 90% dos casos – é conhecida. Houve avanços nos últimos anos no entendimento dos diferentes tipos de câncer de pulmão, propiciando abordagens mais assertivas, para cada grupo de pacientes, com cirurgia, radioterapia e tratamento sistêmico com quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. Há também o conhecimento sobre a tomografia computadorizada de baixas doses em pessoas com histórico de tabagismo, sendo usada como método de rastreamento, ser capaz de descobrir a doença mais cedo e reduzir a taxa de mortalidade. Apesar de todos estes fatores, a doença, que na manhã desta terça (9), foi a causa da morte da cantora Rita Lee, continua sendo a mais letal entre todos os tipos de câncer. São 1,8 milhão de mortes anuais, segundo o Globocan, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS).  

No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) o câncer de pulmão é o terceiro mais frequente entre homens e o quarto mais comum entre as mulheres, com estimativas de 32.560 novos casos em 2023, sendo 18.020 entre homens e 14.540 em mulheres. De acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer – SIM, em 2020 foram registradas 28.620 mortes por câncer de pulmão no Brasil. O câncer de pulmão, quando diagnosticado em estágio inicial, apresenta taxa de sobrevida de 56% (pacientes vivos após cinco anos do início de tratamento).


É possível diagnosticar cedo o câncer de pulmão?

Em 2011, o mundo recebeu uma contribuição científica que mostrou redução de mortalidade por câncer de pulmão. Pesquisadores do National Lung Screening Trial (NILST) dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH) concluíram que o rastreamento pela Tomografia Computadorizada de Baixas Doses (TCBD), quando comparada com a radiografia tradicional de tórax, conseguiu reduzir em 20% a mortalidade do câncer de pulmão. O estudo foi publicado no New England Journal of Medicine, um dos periódicos científicos mais importantes do mundo. Ao longo da última década, o trabalho, com mais de 5 mil citações na literatura médica, influenciou estratégias de diagnóstico precoce ao redor do mundo, inclusive no Brasil, mas o exame não é adotado como estratégia de rastreamento populacional no país para a população com histórico de tabagismo, como é preconizado.

“A única forma de conseguir aumentar o número de diagnósticos iniciais é implementando política de rastreamento para câncer de pulmão”, explica o cirurgião oncológico Antônio Bomfim Rocha, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). O médico cita o exemplo da China - um dos países com melhores resultados na política de rastreamento: “Fazem tomografias de rotina em toda população acima dos 50 anos de idade, principalmente entre aqueles que fumam ou são expostos ao uso do cigarro, em todas suas formas. A tomografia de tórax precisa fazer parte do checkup anual - especialmente para quem tem mais risco de adquirir o câncer de pulmão: fumantes e pessoas acima de 50 anos”, reforça Rocha.

De acordo com o cirurgião oncológico Héber Salvador, presidente da SBCO, a entidade tem cada vez mais investido em campanhas de informação para combate ao tabagismo, que é a principal causa de morte evitável do mundo. “Precisamos da imprensa para tornar isso uma coisa de abrangência maior”, ressalta. Para ele, a formação e acompanhamento do cirurgião especialista em câncer também são pilares para a garantia de tratamentos com sucesso e mais chances de cura.


Avanços da cirurgia oncológica no pulmão

Nos últimos 15 anos, houve diversos avanços nas tecnologias para tratar esse tipo de câncer. “Tivemos a possibilidade de fazer o tratamento de forma minimamente invasiva, tanto do diagnóstico quanto das cirurgias mais complexas. A cirurgia robótica é uma das intervenções mais modernas no mundo, e que já é uma realidade em várias regiões do Brasil”, informa Rocha.

As vantagens da cirurgia robótica para o câncer de pulmão são vastas, segundo ele. “Ela proporciona uma qualidade no tratamento oncológico, o que resulta em menos sofrimento ao paciente. Ela também permite que os pacientes voltem às suas atividades habituais com mais rapidez, uma vez que as cirurgias tendem a ter menos complicações.

Tratamento sistêmico

Paralelamente ao cenário de diagnóstico tardio e mortalidade, o câncer de pulmão é uma das doenças oncológicas que mais mostra evidências de se beneficiar de terapias-alvo e de imunoterapias, tratamentos da era da Medicina de Precisão. Ao contrário do início do milênio, quando todo tumor pulmonar era tratado com quimioterapia, hoje os pacientes, antes de iniciar o tratamento, podem receber a indicação de teste de mutação em EGFR, BRAF, ROS-1, KRAS, fusão EML4-ALK, rearranjo em NTRK, dentre outras alterações genéticas para as quais há medicamentos com eficácia comprovada para perfis de pacientes com câncer de pulmão avançado.

Esse arsenal reflete em mais tempo e qualidade de vida para o paciente. Comparativamente, se em 2020, com tratamento restrito à quimioterapia, os pacientes com câncer de pulmão agressivo e metastático tinham sobrevida média de 12 meses, as terapias-alvo e, mais recentemente, as imunoterapias, permitem que os pacientes com câncer de pulmão, que têm indicação e acesso à esta terapia-alvo, tenham média de até 90 meses de sobrevida e com menor toxidade. Por essa razão, o acesso dos pacientes à terapia alvo é essencial. Isso porque a cirurgia não é a opção de escolha para o câncer de pulmão que é diagnosticado em fase avançada (o que representa 75% dos casos).

 

Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica - BCO

 

Nos corredores de hospitais, mães mudam própria vida para cuidar da saúde dos filhos

Doenças graves levam mulheres a morar por meses em UTIs e aprender a viver em vigilância constante

 

Muito se fala que as orações mais sinceras são aquelas feitas dentro dos hospitais, principalmente pelas mães que estão com os filhos internados para uma cirurgia ou exame, ou que visitam ou até moram por um tempo dentro de uma UTI. E se, entre as mãos que essas mulheres esfregam enquanto rezam, estivesse uma lâmpada mágica com direito a um pedido, todas, sem titubear, suplicariam pela saúde dos filhos. 

A professora Ariane Patrzyk é uma dessas mulheres. Quando o filho Nathan completou 6 anos, ela começou a observar que ele tinha mais dificuldade de correr que as crianças da idade dele, que subir escadas não era tão fácil como deveria e que sempre apoiava as mãos no chão ao se levantar. Procurou um médico em Irati (PR), cidade em que mora, e foi encaminhada para especialistas das cidades vizinhas, até que foi orientada a fazer um teste genético. Sessenta dias depois, em maio de 2012, veio o diagnóstico tão temido: Nathan, hoje com 18 anos, tem Distrofia Muscular de Duchenne, uma doença rara, progressiva e degenerativa que ataca os músculos e a parte cardíaca. A expectativa de vida é de 20 anos.

“Nós ficamos sem chão. Choramos escondido, mas mantivemos a fé. Estudamos sobre a doença e descobrimos um tratamento experimental na Tailândia. Juntamos dinheiro com amigos e, em 2013, fomos para lá. Por ter apresentado uma melhora significativa, voltamos em 2014 para mais uma etapa. Mas trinta dias de tratamento e oito aplicações custam cerca de US$ 33 mil e, em 2015, não conseguimos voltar. Com isso, o meu filho acabou perdendo a capacidade de levantar sozinho e subir escadas”, relembra a mãe. 

“Depois, descobrimos uma terapia com células tronco feita no Paraguai. O material foi retirado do dente de leite da irmã de Nathan e isso ajudou a frear um pouco o progresso da doença. Mas, em fevereiro, Nathan teve uma gripe forte, e o trouxemos de ambulância para Curitiba, onde tem mais recursos. Chegou entubado, foi extubado e entubado novamente em questão de dois dias. Eu sentia que o meu coração parava de bater nesses momentos, mas, agora, com trabalho intensivo de toda equipe, Nathan voltou a falar e está começando a comer alimentos pastosos”, se anima Ariane, que há mais de 70 dias mora dentro da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Marcelino Champagnat, junto com o filho, e espera ganhar de presente de Dia das Mães a transferência da UTI para um quarto e logo poder voltar para casa. 

Uma esperança que Alessandra Radulski nunca perdeu. O filho Brenno Marty foi diagnosticado com epilepsia aos 16 anos. Ela conta que, quando o menino estava andando, ele travava e parava de se movimentar. “Em nenhum momento pensei que aquilo pudesse ser uma convulsão, pois só reconhecia a doença quando a pessoa se debatia e babava  durante a crise. Na do Brenno, ele ficava quietinho. Depois, por meio dos exames, descobriram um cisto que estava em uma região importante da fala e memória, e uma cirurgia poderia deixar sequelas sérias”, relembra. 

O tratamento com medicamentos não fez diminuir as crises e, a cada uma, a mãe entrava em pânico. Em uma noite, após o filho convulsionar, Alessandra não conseguia dormir e olhava o celular, quando viu uma matéria no site de uma rádio sobre uma neurocirurgia com paciente acordado para tratamento de epilepsia, realizada no Hospital São Marcelino Champagnat. Logo conseguiu o contato do médico e marcou uma consulta. O caso do Brenno era parecido com o da menina e o neurocirurgião pôde realizar o procedimento no Hospital Universitário Cajuru, instituição “vizinha” ao São Marcelino Champagnat e também parte da frente de saúde do Grupo Marista. “Foram horas de angústia, rezei muito. Ele ficou um dia internado na UTI e outro no quarto, e na sequência  já foi para casa. Em dezembro, alguns meses depois da cirurgia, teve a última convulsão, mas eu ainda não consigo deixá-lo dormir sozinho. O meu sonho é que ele comece a aproveitar a vida, tenha saúde para estudar, namorar e ser muito feliz”, afirma Alessandra.


Mais fortes que uma pandemia

Durante a pandemia da covid-19, visitas e acompanhamentos a pacientes internados nos hospitais precisaram ser suspensas. Para tentar amenizar a dor, preocupação e saudade da família, as equipes de saúde se desdobraram para fazerem ligações on-line e tentar diminuir a distância entre mães e filhos. Jacira Kovalski, mãe do advogado Guilherme Kovalski, sentiu na pele a angústia de ficar longe do filho nos momentos mais difíceis, em que ele estava entre a vida e a morte. 

Guilherme teve complicações e ficou sete meses internado no Hospital São Marcelino Champagnat. A mãe, do lado de fora, passava os dias chorando, rezando e se alimentando muito mal. “O Guilherme sempre foi a alegria da casa, o piadista. No tempo em que ficou internado, graças a Deus nós fomos agraciados com muitos milagres. O médico ligava para falar  que ele tinha piorado, e que precisávamos nos preparar para o pior. Mas, no dia seguinte, recebíamos a notícia boa de que ele tinha reagido. Gui é o presente que Deus me deu de novo”, emociona-se Jacira.


Apoio psicológico

De acordo com a coordenadora do serviço de psicologia dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, Andressa Salles Engelmann, por mais que, ao longo da vida, situações inesperadas possam acontecer com um filho, uma mãe nunca estará totalmente preparada para isso. “O adoecer de um filho, não importa a idade dele, é sentido muito intensamente pelas mães, que deixam tudo de lado para cuidar do filho doente. Exercer esses cuidados pode ser altamente exaustivo, especialmente quando se trata de internamentos prolongados ou repetidos em função de doenças crônicas. É comum que essas mulheres sintam-se desamparadas durante esse processo, e cheguem perto da exaustão”, diz a psicóloga. 

Andressa explica que é necessário que as mães se lembrem da importância do autocuidado que, muitas vezes, pode ser exercido fazendo curtas pausas na atenção que dá ao filho. “Uma rápida saída do hospital para ver a vida do lado de fora, ou uma pausa com tempo maior, durante as trocas de acompanhantes no período de internação, são importantes para que a mulher possa descansar realmente”, sugere. “A equipe de psicologia dos hospitais pode dar esse suporte às famílias. Buscamos facilitar o enfrentamento de momentos delicados vivenciados, fortalecer vínculos que possam ser positivos para este período, e minimizar os impactos que o adoecer e a internação podem trazer”, conclui.

 

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