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terça-feira, 23 de maio de 2023

Ampliando a discussão: plástico não é o único culpado da poluição marinha

De acordo com Rica Mello, líder da Câmara de Descartáveis e fundador do projeto Plástico Amigo, pesca ilegal e falta de conscientização são os principais causadores do problema


Desde sua criação, o plástico revolucionou a indústria e se tornou um material fundamental no dia a dia das pessoas. No entanto, seu uso excessivo e descarte inadequado tem causado discussões, com o material frequentemente apontado como o grande vilão da poluição marinha.

Existem diversos fatores envolvidos na poluição dos oceanos, e é importante entender que o plástico não é o único culpado. Com isso em mente, é fundamental ampliar a discussão sobre o assunto e buscar soluções mais abrangentes e efetivas para enfrentar esse sério problema.

De acordo com Rica Mello, líder da Câmara de Descartáveis e fundador do projeto Plástico Amigo, existem outras razões para a poluição encontrada nos oceanos. “A cultura de descarte inadequada e a falta de responsabilidade na produção e consumo de plástico persistem na sociedade, causando consequências inimagináveis no meio ambiente. O verdadeiro vilão nessa história é a falta de consciência e incentivos para uma produção e consumo mais responsáveis. Ainda, grande parte da poluição encontrada nos oceanos é causada pela pesca industrial, que deixa uma enorme quantidade de redes de nylon e outros apetrechos nos mares”, relata.

Itens relacionados à pesca representam aproximadamente 85% do lixo marinho, de acordo com dados levantados pelo Greenpeace.

Segundo o especialista, para lidar com o consumo do plástico é necessário adotar uma abordagem de reutilização e reciclagem. “A reutilização é incentivada com a produção e utilização de produtos duráveis e de segunda mão, além da adoção de sistemas de logística reversa. A reciclagem, por sua vez, pode ser incentivada com educação e campanhas de conscientização, incluindo incentivos financeiros e políticas públicas que promovam esse ato”, declara.

Pequenas ações realizadas por governos e organizações podem fazer com que a reciclagem se torne mais comum no cotidiano das pessoas. “É possível alcançar esse efeito com pequenos atos, como a instalação de lixeiras de coleta seletiva em locais públicos, a criação de incentivos fiscais para empresas que adotem práticas sustentáveis, além, é claro, da promoção de campanhas de conscientização sobre o consumo responsável. Existem diversos movimentos que podem ser realizados nesse sentido”, revela.

Rica Mello aponta, ainda, que o processo de reciclagem pode ser economicamente viável não só para empresas, mas para qualquer pessoa em seu dia a dia. “No entanto, isso dependerá da eficiência e qualidade do processo, além dos valores de mercado dos materiais reciclados. Vale lembrar que as políticas públicas que promovem a reciclagem tornam o processo ainda mais acessível para qualquer pessoa. A reformulação da imagem do plástico perante a sociedade envolve mudanças em nossa percepção do material e sua utilidade, bem como a promoção de práticas mais sustentáveis em relação ao seu uso e descarte”, finaliza.

 

Ricardo Mello - líder da Câmara de Descartáveis, palestrante e empreendedor em diversas áreas de atuação. Encabeça, junto com outros membros, o projeto Plástico Amigo, que busca aumentar a conscientização sobre as propriedades benéficas do material. https://www.plasticoamigo.com.br/


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