O brasileiro, enfim, terá uma nova e muito moderna cédula de identidade. Todos os requisitos para sua confecção e distribuição acabam de ser consagrados pelo decreto 10.977, publicado no último dia 22 de fevereiro. Além disso, o diploma legal criou o Serviço de Identificação do Cidadão.
O
texto do decreto é alvissareiro, mas muitos de nós acabam por duvidar se os
muitos problemas causados pela andrajosa atual cédula de identidade podem ser
superados. Talvez alguma esperança possa residir no fato de que o governo teria
que se esforçar muito, de forma hercúlea e estoica para fazer algo pior do que
o que já existe. É coisa assemelhada ao impossível, embora de surpresas nos
brindem muitas autoridades públicas.
O
referido decreto não interferiu nas competências estaduais sobre a
identificação civil, tampouco sobre os órgãos ou entidades da administração
pública responsáveis pela tarefa da identificação humana e nem mesmo na
autonomia dos papiloscopistas. O decreto respeitou os limites impostos pela lei
e se ateve a estabelecer a melhor técnica para bem produzir e gerir as
informações biográficas e biométricas de seus nacionais.
Um
dos pontos mais fortes do novo RG é a característica nacional do documento,
dando a ele padrão, uniformidade e o Cadastro de Pessoa Física (CPF) como
número único. Os órgãos de identificação seguirão integralmente os padrões da
Carteira de Identidade estabelecidos no decreto, eliminando assim
características locais desnecessárias e que só dificultam a vida de autoridades
que precisam checar informações de pessoas que emitiram o RG em estado
diferente de onde estejam.
Também
será possível incluir no documento o nome social, o tipo sanguíneo, a opção por
doação de órgãos e informações de saúde cuja divulgação possa contribuir para
preservar a saúde ou mesmo salvar a vida.
O
novo RG poderá ser produzido em papel moeda ou cartão de policarbonato, que
eleva em muitos níveis a dificuldade para os falsificadores. Falando no
policarbonato, no final dos anos 1980 a Finlândia passou a utilizar esse
material para produzir as carteiras de motorista no país. Outros governos como
Suíça, Suécia, Reino Unido, Cingapura e Macau já o utilizam em algum documento
oficial.
Além disso, será possível ter a identidade civil no smartphone. Por meio de QR Code, qualquer pessoa poderá aferir a autenticidade do documento. Outra facilidade será a de poder exportar o arquivo em PDF e compartilhá-lo com quem quiser.
Noutras palavras, estamos a vislumbrar a criação de eficaz mecanismo de inibição de práticas de estelionato que atualmente estão apadrinhadas pelo vergonhoso sistema nacional de identificação civil.
Só o tempo dirá se vai dar certo. Tem tudo para ser um
sucesso.
Edmar Araujo - presidente executivo da Associação das Autoridades de Registro do Brasil (AARB). MBA em Transformação Digital e Futuro dos Negócios, jornalista. Membro titular do Comitê Gestor da ICP-Brasil.
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