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quinta-feira, 31 de março de 2022

Dia da Mentira: você vive a vida real ou vive de aparências?

 Em tempos de internet, muitas pessoas vivem no mundo da fantasia. O que diferencia a mitomania da mentira ocasional é que o mitômano vive uma vida baseada em mentiras e histórias extraordinárias.

 

O dia 1º de abril é conhecido como o Dia da Mentira, embora não seja algo tão bom de celebrar, uma vez por ano, está liberado pregar uma peça nos amigos. O problema é que muitas pessoas vivem no mundo da fantasia todos os dias, criando tantas mentiras que acabam acreditando nelas. É aí que mora o perigo! 

Uma pessoa que é viciada em mentir, é considerada “um mitômano”, esse distúrbio está associado ao modo como a pessoa quer ser vista. A Mitomania não é considerada uma doença ou um transtorno, mas sim um comportamento crônico que pode estar acompanhado de outros transtornos ou até mesmo de outros comportamentos compulsivos. 

De acordo com a psicóloga da Iron Telemedicina, Bettina Vostoupal, o que diferencia a mitomania da mentira ocasional é o fato de que, ao contar uma mentira, a pessoa busca alguma vantagem com aquela história, enquanto o mitômano vive uma vida baseada em mentiras e histórias extraordinárias, sem ter uma motivação identificada. Nesses casos é necessária uma intervenção de tratamento para a pessoa aprender a gerenciar as frustrações que a levam a mentir. 

“Dificilmente um mitômano vai buscar ajuda sozinho, pois realmente tem uma dificuldade de compreender que as mentiras que conta são mentiras de fato, porém é recomendado que seja realizada a psicoterapia, onde o paciente irá identificar e compreender o seu comportamento e o que o leva a agir de tal forma. Sendo assim, poderá identificar alguns gatilhos que o levam a este comportamento e, deste modo, agir para mudar a forma de reagir a determinadas situações”, explica. 

O terapeuta e filósofo clínico, Beto Colombo, esclarece que muitas pessoas não percebem a sutileza entre o mundo virtual e o real. A internet hoje é um “local” ideal, onde parece não haver espaço para a realidade. Usualmente a dicotomia entre a vida real e a vida virtual aparece evidenciando um distanciamento entre o que a pessoa vive de fato e o que posta nas redes sociais, o que pode gerar uma série de transtornos mentais. “Por algum tipo de insatisfação pessoal e social, a pessoa sente a necessidade de mentir e isso pode se tornar uma compulsão”, avalia. 

Segundo ele, algumas pessoas são na internet, quem elas gostariam de ser, e não quem verdadeiramente elas são. 

“Para alguns a vida perfeita das redes sociais é o que mantém a pessoa motivada para encarar a dura realidade de um ônibus lotado, de um dia difícil de trabalho, de um chefe rude e de um salário magro. A rede social é um ambiente onde muitas pessoas se realizam, conseguem ir além do seu ambiente e viver uma felicidade, ainda que virtual”.

O filósofo clínico argumenta que algumas pessoas não conseguem se observar, não se conhecem o suficiente e com o tempo, e por não fazer divisão começam a acreditar que são o próprio personagem que elas inventaram e postam nas redes sociais. “Esse pode ser um transtorno mental para algumas pessoas e reflexo de um vazio existencial. Para outros o mundo real é frio, feio, escuro e o ambiente virtual é um escape da vida real, é um mundo de possibilidades”.

 

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