Em tempos de internet, muitas pessoas vivem no mundo da fantasia. O que diferencia a mitomania da mentira ocasional é que o mitômano vive uma vida baseada em mentiras e histórias extraordinárias.
O dia 1º de abril é conhecido como o
Dia da Mentira, embora não seja algo tão bom de celebrar, uma vez por ano, está
liberado pregar uma peça nos amigos. O problema é que muitas pessoas vivem no
mundo da fantasia todos os dias, criando tantas mentiras que acabam acreditando
nelas. É aí que mora o perigo!
Uma pessoa que é viciada em mentir, é
considerada “um mitômano”, esse distúrbio está associado ao modo como a pessoa
quer ser vista. A Mitomania não é considerada uma doença ou um transtorno, mas
sim um comportamento crônico que pode estar acompanhado de outros transtornos
ou até mesmo de outros comportamentos compulsivos.
De acordo com a psicóloga da Iron
Telemedicina, Bettina Vostoupal, o que diferencia a mitomania
da mentira ocasional é o fato de que, ao contar uma mentira, a pessoa busca
alguma vantagem com aquela história, enquanto o mitômano vive uma vida baseada
em mentiras e histórias extraordinárias, sem ter uma motivação identificada.
Nesses casos é necessária uma intervenção de tratamento para a pessoa aprender
a gerenciar as frustrações que a levam a mentir.
“Dificilmente um mitômano vai buscar
ajuda sozinho, pois realmente tem uma dificuldade de compreender que as
mentiras que conta são mentiras de fato, porém é recomendado que seja realizada
a psicoterapia, onde o paciente irá identificar e compreender o seu
comportamento e o que o leva a agir de tal forma. Sendo assim, poderá
identificar alguns gatilhos que o levam a este comportamento e, deste modo,
agir para mudar a forma de reagir a determinadas situações”, explica.
O terapeuta e filósofo clínico, Beto Colombo, esclarece que muitas pessoas não percebem a sutileza entre o mundo virtual e o real. A internet hoje é um “local” ideal, onde parece não haver espaço para a realidade. Usualmente a dicotomia entre a vida real e a vida virtual aparece evidenciando um distanciamento entre o que a pessoa vive de fato e o que posta nas redes sociais, o que pode gerar uma série de transtornos mentais. “Por algum tipo de insatisfação pessoal e social, a pessoa sente a necessidade de mentir e isso pode se tornar uma compulsão”, avalia.
Segundo ele, algumas pessoas são na internet, quem elas gostariam de ser, e não quem verdadeiramente elas são.
“Para alguns a vida perfeita das redes sociais é o que mantém a pessoa motivada para encarar a dura realidade de um ônibus lotado, de um dia difícil de trabalho, de um chefe rude e de um salário magro. A rede social é um ambiente onde muitas pessoas se realizam, conseguem ir além do seu ambiente e viver uma felicidade, ainda que virtual”.
O filósofo clínico argumenta que algumas pessoas não
conseguem se observar, não se conhecem o suficiente e com o tempo, e por não
fazer divisão começam a acreditar que são o próprio personagem que elas
inventaram e postam nas redes sociais. “Esse pode ser um transtorno mental para
algumas pessoas e reflexo de um vazio existencial. Para outros o mundo real é
frio, feio, escuro e o ambiente virtual é um escape da vida real, é um mundo de
possibilidades”.
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