Doença, que é popularmente conhecida como pressão alta, atinge cerca de 36 milhões brasileiros adultos
A hipertensão arterial, popularmente
conhecida como “pressão alta”, foi a principal causa de morte no mundo em 2019,
responsável por cerca 10,8 milhões de óbitos de diferentes faixas etárias. Os
dados são do Estudo da Carga Global de Doenças (GBD, em inglês), que alerta,
também, para os riscos e prevenção da hipertensão.
Segundo a Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), 36 milhões
de brasileiros adultos convivem com a hipertensão, que é responsável por até
metade das mortes por doenças cardiovasculares, totalizando cerca de 200 mil
óbitos todos os anos no país.
Além do risco de óbito por hipertensão arterial, a doença favorece o surgimento
do Acidente Vascular Cerebral (AVC) e do ataque cardíaco (infarto). No primeiro
caso, a pressão alta pode causar o entupimento e rompimento das artérias que
levam sangue ao cérebro, causando sequelas motoras e cognitivas pelo
“derrame”.
Já no caso de ataque cardíaco, o aumento da pressão sanguínea nas artérias
ligadas ao coração, leva o órgão a bombear sangue de forma mais rápida e
intensa, o que engrossa as paredes das artérias, dificultando o transporte de
sangue e oxigênio para o coração. Sem a compensação de oxigênio, o músculo
cardíaco acaba sofrendo os primeiros sinais do infarto.
“Por ser frequentemente assintomática, a hipertensão evolui sem que o paciente
perceba, afetando órgãos como o coração, cérebro, rins e vasos. Sem tratamento,
a doença é responsável por 65% dos infartos agudos e cerca de 80% dos casos de
AVC no Brasil”, destaca Gisele Abudh, diretora Técnica da Unidade de Pronto Atendimento
(UPA) 24h da Zona Leste, em Santos, litoral paulista.
A unidade, que pertence à rede pública de saúde da Prefeitura de Santos e é
gerenciada pela entidade filantrópica Pró-Saúde, é referência no atendimento de
casos de urgência e emergência, nas especialidades de Clínica Médica,
Ortopedia, Pediatria e Odontologia, e recebe diversos casos de pacientes com
suspeitas de AVC e derrame mensalmente.
Alguns sinais de alerta da hipertensão são tontura, falta de ar, palpitações,
dor de cabeça frequente e alteração na visão. “Em casos agudos, onde o problema
já começa a afetar os principais órgãos, o ideal é procurar ajuda médica o
quanto antes, para evitar complicações”, explica a médica.
Apesar de se manifestar em qualquer idade, a incidência da doença aumenta com o
envelhecimento. De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
Arterial, 65% dos indivíduos acima de 60 anos apresentam pressão arterial
elevada, sendo a idade um dos fatores de risco.
“Com a idade, as grandes artérias do corpo se enrijecem, perdendo sua
capacidade em manter a pressão arterial controlada. Considerando o aumento da
expectativa de vida do brasileiro, isso pode provocar um aumento da prevalência
de hipertensão arterial na população idosa”, destaca Gisele.
A especialista separou algumas dicas importantes que podem auxiliar na
prevenção da hipertensão, confira:
• Interrupção do tabagismo: É essencial parar de fumar.
Além de evitar diversos malefícios a saúde, o fumo é o único fator de risco
totalmente evitável da hipertensão e de mortes por doenças
cardiovasculares.
• Redução de sódio: Recomenda-se que o consumo de sódio
seja limitado a duas gramas por dia. Para isso, evite o uso de saleiros,
temperos prontos, alimentos defumados e enlatados.
• Dieta saudável: Aposte no consumo de frutas, verduras,
legumes, fibras e cereais. Uma dieta baseada nesses alimentos favorece o
controle da pressão alta e contribuem para a saúde como um todo.
• Atividade física: O sedentarismo é um dos fatores de
risco para o desenvolvimento da pressão alta. Por isso, é recomendado praticar
pelo menos 30 minutos de atividade aeróbica por dia, como caminhada, ciclismo
ou natação.
• Controle do peso: A alimentação, aliada a realização
de atividades físicas é importante para a redução do peso corporal, que permite
um melhor controle dos níveis de pressão.
• Redução de bebidas alcoólicas: O consumo excessivo de
álcool é responsável por cerca de 10% a 30% dos casos de hipertensão arterial.
A ingestão de bebida alcoólica deve ser limitada a 30 gramas de álcool por dia,
ou seja, uma garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 ml), duas taças de vinho
(12% de álcool, 250 ml) ou uma dose de destilados (42% de álcool, 60 ml).
• Consumo de potássio: A suplementação de potássio
apresenta um impacto significativo na redução da hipertensão. Seu consumo pode
ser feito através de alimentos pobres em sódio e ricos em potássio, como
feijões, ervilha, vegetais de cor verde escura, banana, melão, cenoura, beterraba,
tomate, batata inglesa e laranja.
• Suplementos Alimentares: Há evidências de que a
suplementação de vitamina C, alho, linhaça, chocolate amargo, soja e ômega 3
atuam na redução discreta da pressão alta.
Além da adoção de hábitos saudáveis no cotidiano, é essencial realizar o
acompanhamento médico periódico para controle da pressão arterial. “Ao
identificar qualquer alteração, apenas um profissional qualificado pode indicar
qual a melhor forma de realizar o tratamento. Nunca use medicamentos ou
suplementos por conta própria”, alerta a diretora da UPA Zona Leste.
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