Mara, Janyne, Paula, são algumas mulheres que
fizeram uso de compostos ou medicamentos para emagrecer e apresentaram graves
problemas hepáticos e/ou renais causados por toxicidade desses compostos em seu
organismo.
Mas o que acontece quando um medicamento ou composto,
ao invés de tratar, pode debilitar o organismo ou até mesmo levar a morte?
Existe uma linha muito tênue entre eficácia e toxicidade que depende do
metabolismo de cada indivíduo. Além disso, é importante lembrar que sua
genética pode influenciar em como você metaboliza os compostos químicos.
E aí vem a famosa frase: o que é bom para todo
mundo, pode não ser bom para você. Não é porque sua amiga, parente ou conhecido
obtiveram o efeito esperado com o uso de um medicamento ou composto que o mesmo
acontecerá com você, e sabe por quê?
Porque o metabolismo de cada um pode ter respostas
diferentes ao mesmo medicamento e isto inclusive pode ser causado pela
variabilidade genética, que significa que a informação genética de cada pessoa
pode ter pequenas variações genéticas, conhecidas como mutações, que fazem com
que uma proteína ou enzima (aquela maquininha que é responsável pelo
funcionamento de toda via metabólica do organismo) funcione de forma adequada,
funcione muito mais ou mesmo, não funcione. E aí voltamos novamente na questão
de eficácia e toxicidade de um composto.
Um composto é eficaz quando ele é administrado e
surte o efeito esperado, seja como analgésico, antitérmico ou mesmo levando a
um emagrecimento. Porém, caso esse composto seja ineficaz para você, ou seja,
não surtir efeito nenhum, significa que ele tem sua eficácia diminuída, isto é,
tenha alteração na sua metabolização. Essa alteração pode inclusive levar a uma
toxicidade do composto que pode se refletir em danos a vários tecidos e órgãos
como fígado, rins e cérebro, levando a efeitos adversos graves, como ocorreu
com as mulheres citadas.
Portanto, mesmo o medicamento ou composto tendo uma indicação geral, o organismo de cada pessoa reage de forma diferente, por isso a importância da prescrição médica, que vem sendo cada vez mais personalizada de acordo com o perfil do paciente. Aí entramos em um outro assunto que vem ganhando grande destaque, que é a medicina personalizada, que conto para vocês em nossa próxima conversa.
Liya
Regina Mikami - doutora em
Genética pela Universidade Federal do Paraná e University of Nebraska; mestre
em Ciências Biológicas (Biologia Celular) pela Universidade Estadual de
Maringá; graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Maringá.
Realizou estágio pós-doutoral em Genética Molecular Humana no Centre de
Recherches du Service de Santé des Armées (CRSSA), em Grenoble/França. Pós-
doutorado em Ciências da Saúde pela PUC/PR, em andamento. Desenvolve projeto de
pesquisa na área de Genética Humana em Investigação Clínica e Experimental de
Doenças Humanas (Fibrose Cística, Autismo e Fissuras Labiopalatais). Tem
experiência na área de Biologia Geral, com ênfase em Genética, atuando
principalmente nos seguintes temas: genética molecular humana, fissuras
labiopalatais, mutações, autismo, tecnologia do DNA recombinante. Atualmente é
professora da Faculdade Evangélica Mackenzie Paraná (FEMPAR).
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