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quinta-feira, 31 de março de 2022

Nutrição: nem tudo que é natural é saudável e indicado ao paciente oncológico

Desnutrição que atinge a maioria das pessoas com câncer pode ser combatida com qualidade e cuidado alimentar

 

Perto de 70% dos pacientes com câncer apresentam algum grau de desnutrição no curso da doença. A complicação pode comprometer o tratamento, impedir que o corpo combata as infecções e causar fadiga excessiva, entre outros efeitos negativos. Neste 31 de março, Dia Nacional da Saúde e Nutrição, o Centro de Oncologia Campinas reforça o importante peso da alimentação no combate às neoplasias malignas. Por meio da cartilha dada aos pacientes, o COC também explica por que nem tudo que é natural é saudável e pode ser consumido pela pessoa com câncer. 

A definição da palavra nutrição ajuda a entender a relevância do que é ingerido pelo ser humano. Trata-se do processo biológico em que o organismo, por meio dos alimentos, assimila os nutrientes necessários para funcionar plenamente. E os pacientes oncológicos dependem das respostas positivas do organismo para superar a doença. 

Ananda Giovana Cabral Silva, nutricionista oncológica e responsável técnica no Centro de Oncologia Campinas, destaca que a alimentação é determinante tanto na prevenção do câncer quanto no êxito das diferentes fases do tratamento. “A alimentação saudável é basicamente a mesma para todos, como preconizado pelo Guia Alimentar para a população brasileira, pacientes com câncer ou não”, confirma, salientando que no caso da oncologia, existem algumas orientações especiais, muitas delas direcionadas à segurança dos alimentos. 

Cuidados no manuseio, higienização e preparação são necessários para garantir a prevenção de intoxicações e parasitoses, por exemplo. “Com a queda da imunidade, o paciente oncológico fica mais suscetível a qualquer tipo de doença, por isso pedimos especial atenção e cuidado com a alimentação e como ela é preparada”, orienta a nutricionista. “Não podemos deixar de considerar também que, dependendo da gravidade da doença, ter de interromper o tratamento em razão de uma dessas causas alimentares pode prejudicar o estado do paciente”, completa. 

Dentre as orientações de nutrição que constam da cartilha do COC, há a que derruba a errônea ideia de que o cozimento elimina todos os riscos de contaminação dos alimentos. “Dependendo do tipo de bactéria que estiver presente nesse alimento, ela pode produzir toxinas e causar toxinfecção. O cozimento elimina a bactéria, mas não a toxina produzida por ela”, detalha e exemplifica: “O Clostridium botulinum pode estar presente em alimentos enlatados. O que gera botulismo é a toxina que esta bactéria produz e não a bactéria em si”. 

Ananda orienta que não há restrição ao consumo de frutas, verduras e legumes in natura, desde que se garanta a segurança desses alimentos. “Fazer todo o processo de higienização com água sanitária ou hipoclorito de sódio é fundamental, assim como observar se os alimentos consumidos cozidos devem estar sempre bem passados, como no caso da carne, frango, peixes e ovos.”

 

Os riscos das receitas caseiras 

Assim como em todo tratamento, seguir exclusivamente as orientações do profissional médico e da equipe multidisciplinar responsável pelo atendimento é imprescindível para os pacientes oncológicos. No que se refere à nutrição, a cartilha elaborada pelo COC traz uma importante observação: sobre os riscos das “receitas caseiras” que prometem ajudar a eliminar o câncer. 

Ginkgo biloba, babosa, erva de são joão e folhas de graviola são alguns dos exemplos de plantas medicinais recomendadas em redes sociais e grupos de compartilhamento aos pacientes oncológicos para ajudar no processo de cura da doença. Na verdade, o consumo de qualquer produto sem recomendação de um profissional pode provocar efeito inverso. 

“São ervas tóxicas para nosso organismo, muito difundidas na cultura popular para auxiliar o combate ao câncer. Hoje há relatos na literatura de que elas podem colaborar para desencadear problemas hepáticos e renais, ou aumentar a toxidade dentro da terapia ou do tratamento que é realizado, colocando em risco a vida do paciente. O paciente já vai consumir várias medicações, o tratamento por si só agride nosso organismo. Se entrar com uma erva que é tóxica, a chance de ter uma falência hepática pode ser aumentada”, ensina. 

Ananda reforça: não é porque é natural que é saudável e pode ser consumido. “Temos ainda de pensar na identificação correta dessa erva, pode ocorrer a comercialização de outros tipos de ervas no lugar, sem contar a possibilidade de contaminação de alimentos secos, que têm fungos. Tudo isso se soma à questão de se elevar a toxicidade do tratamento”.

  

Centro de Oncologia Campinas - Centro de Oncologia Campinas

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