quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Como mostrar que alguém pode contar com você

Dicas para uma rede de apoio eficiente na prevenção ao suicídio


Se alguém não aguenta mais viver, o primeiro passo é estar aberto ao diálogo e conversar sobre o motivo. Depois, é essencial também estar disposto a ouvir. Independentemente do que for dito, é importante continuar escutando, sem julgamentos nem críticas. Todo mundo precisa saber que pode contar com alguém. Dessa forma, é preciso ser uma rede de apoio eficiente para quem precisa, como explica a psiquiatra Alexandrina Meleiro, membro do Conselho Científico da ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos), que lançou a campanha “Bem Me Quer, Bem Me Quero: O diálogo sobre depressão e ansiedade pode salvar vidas” junto com a Viatris.

 

Um alerta para familiares e amigos, que se sentem responsáveis por não ajudarem o suficiente a ponto de evitar um caso de suicídio: é preciso ter em mente que o ato é intencional e o parente não deve carregar a culpa. Por isso, a importância de uma rede de apoio para amparar quem está passando por algum transtorno. “Além de ajudar a criar essa teia de contatos para auxiliar a pessoa que precisa, também é possível emprestar a sua”, lembra Alexandrina.

 

Como criar rede de apoio para alguém que mostra sintomas de isolamento e depressão:

 

1) Entrar em contato com a pessoa e ver se consegue abertura para conversar e verificar o que está acontecendo, se de fato tem motivos para se preocupar. Ou se é algo momentâneo causado por um evento pontual. Perguntar se já conversou com mais alguém, quem são as pessoas mais próximas.

 

2) Procurar a família para saber se notaram algo e para levar a preocupação com a mudança de comportamento observada.

 

3) Amigos próximos, muito citados pela pessoa, também devem ser contatados.

 

4) Porteiro do prédio ou vizinhos: são indicados para fazer parte da rede de apoio, porque conhecem a rotina da pessoa. E estão perto, ainda mais para quem mora sozinho.

 

5) No ambiente de trabalho é preciso ter muito cuidado antes de levar a preocupação a alguém, para não piorar a situação da pessoa com preconceito ou bullying. A não ser que exista um amigo muito próximo no trabalho, em quem a pessoa confia e já demonstrou isso claramente.

 

A depressão precisa ser tratada; entretanto, nem todas as pessoas que sofrem desse transtorno mental recebem tratamento adequado. Além de apoiar, é fundamental lembrar que esse paciente precisa de respeito, compreensão e paciência. Portanto, é preciso deixar de lado qualquer julgamento ou cobrança. Para tentar acolher, deve-se ouvir, incentivar a adotar um estilo de vida saudável e encorajar a busca de ajuda profissional.


No Brasil, são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos e mais de 1 milhão no mundo, principalmente entre os jovens. Quase 97% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais, sendo que em primeiro lugar está a depressão, seguida de transtorno bipolar e abuso de álcool e de drogas ilícitas.

 

Atitudes que ajudam 

- Encontrar um local calmo para falar sobre esse assunto com a pessoa;

- Incentivar que procure tratamento com profissionais de saúde;

- Se perceber que existe um risco imediato, não deixe a pessoa sozinha.

 

Sinais de alerta 

- Agressividade e irritabilidade constantes;

- Desinteresse em atividades comuns à pessoa;

- Mudanças nos horários de sono;

- Mudanças na aparência;

- Uso de roupas de frio com frequência, inclusive em dias quentes, para esconder

marcas de automutilação;

- Isolamento e falta de contato constante.

 

O que fazer 

●       Praticar a escuta ativa sem críticas: como se sente? No que está pensando? Como posso ajudar?

●       Videochamada com amigos ou uma simples ligação tornam a vida mais alegre na pandemia.

●       Sugerir hobbies como pintura, dança e esportes.

●       Evitar julgamentos e não simplifique ou minimize a dor com respostas prontas.



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