Rinoconjuntivite alérgica acomete mais de 20% da população
Rinite e asma podem ser
doenças associadas à alergia ocular
Alérgenos
encontrados no ambiente doméstico, como os ácaros da poeira, fungos e epitélio
de animais de pelo, são alguns dos desencadeadores da alergia ocular. Polens de
gramíneas, mais frequentes na região sudoeste/sul durante a primavera, também
entram na lista de alérgenos.
Em
98% dos casos, a alergia ocular é causada por um processo de hipersensibilidade
mediado por IgE, que ocorre em pessoas com predisposição genética para atopia.
A
Dra. Elizabeth Mourão, Coordenadora do Departamento de Alergia Ocular da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI),
explica que para diferenciar a conjuntivite alérgica das bacterianas e virais é
preciso se atentar a alguns sintomas.
“As
conjuntivites alérgicas acometem ambos os olhos, não são infecciosas e o
prurido ocular está presente em quase todos os casos. No caso das
conjuntivites virais, sintomas como febre, mal-estar e gânglios cervicais são
frequentes, associados à sensação de ardência e desconforto ocular. Além disso,
essas conjuntivites costumam vir em surtos, acometendo várias crianças e
adultos jovens em um mesmo momento. No caso das conjuntivites bacterianas, os
olhos costumam ficar grudados pelo aparecimento de secreção ocular purulenta”,
explica a especialista.
As
alergias oculares podem acontecer em qualquer época do ano, como é o caso da
conjuntivite alérgica perene, desencadeada pela exposição aos aeroalérgenos
intradomiciliar ou de forma sazonal, durante a primavera (agosto a dezembro). O
clima seco e quente, a permanência em ambientes refrigerados ou aquecidos e o
contato esporádico com animais de pelo como gatos e cães também podem
desencadear a doença.
Tratamento
– Além de controlar o processo inflamatório conjuntival, com
melhora da qualidade de vida, o tratamento visa evitar complicações que são
frequentes nas formas crônicas da doença, como disfunção do filme lacrimal,
ceratocone, úlceras de córneas, papilas gigantes e distúrbios visuais.
“É
importante salientar que o tratamento deve ser feito pelo alergista em conjunto
com um oftalmologista, envolvendo medidas de profilaxia aos aeroalérgenos,
tratamento farmacológico e imunomodulador. A automedicação com colírios sem
acompanhamento médico pode levar ao retardo do tratamento e agravamento da
doença, bem como a complicações decorrentes de efeitos colaterais do uso
indiscriminado desses medicamentos, como aumento da pressão intraocular e
susceptibilidade a infecções no caso dos colírios a base de corticosteroides”,
comenta Dra. Elizabeth.
A
imunoterapia é também uma forte aliada para o
desenvolvimento de tolerância ao alérgeno desencadeante de sintomas, com bons
resultados para os ácaros da poeira e os pólens de gramíneas.
Alergia
ocular e rinite –
A alergia ocular pode estar relacionada também com a asma e a rinite. Na
maioria dos casos, está associada com a rinite alérgica, na forma de
rinoconjuntivite alérgica. A associação com outras doenças mediadas por IgE
como a asma e dermatite atópica também é frequente.
Prevenção -
A rinoconjuntivite alérgica é uma doença de caráter hereditário e ocorrência
familiar, que acomete mais de 20% da população. É muito importante que os
alergistas investiguem a doença, para que um tratamento adequado seja iniciado,
com melhora da qualidade de vida e para minimizar complicações decorrentes do
prurido ocular crônico como o ceratocone, por exemplo. Um ambiente controlado,
com redução de exposição aos aeroalérgenos, pode impactar positivamente na
frequência das crises e controle dos sintomas.
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