Pacientes diabéticos e hipertensos devem redobrar cuidados com a saúde bucal para prevenir complicações
A condição
de saúde de uma pessoa tem impacto direto na boca, principalmente quando se
trata de pacientes com comorbidades. Nesses casos, a atenção para a saúde bucal
deve ser redobrada, pois o risco de complicações associados a essa condição se
torna elevado.
A
estabilização de quadros de doenças crônicas como Diabetes
Mellitus (DM) ou Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), junto ao atendimento
especializado de um cirurgião-dentista são essenciais para a preservação da saúde
bucal e prevenção de doenças periodontais e outros agravos.
“O
acompanhamento odontológico de pacientes
com doenças crônicas deve ser realizado por um profissional
capacitado, que compreenda as características de suas patologias, bem como os
potenciais efeitos do tratamento médico ao qual o paciente é submetido, de
forma a adaptar o atendimento às suas especificidades”, diz a Dra. Gyselle
Marinne Jacinto, membro da Câmara Técnica de Odontologia para Pacientes com
Necessidades Especiais do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo
(CROSP).
Tratamento
odontológico para pacientes diabéticos
Uma
das doenças crônicas mais prevalentes na população é o Diabetes
Mellitus, que atinge cerca de 13 milhões de pessoas, de acordo com a Sociedade Brasileira
de Diabetes, sendo que 46% delas não sabem que possuem a doença.
Devido à
deficiência na absorção ou na produção de insulina, hormônio que regula a
glicose no sangue, há o aumento da taxa de glicemia. Essa situação pode levar a
complicações na cavidade bucal, gerando problemas como gengivite e
periodontite, facilitando processos de perda óssea dentária.
“A
hiperglicemia pode modificar o processo de cicatrização e a resposta imune do
paciente. O que observamos no diabético é um possível atraso de reparo e maior
risco de infecção, principalmente após extrações dentárias, ou o agravamento
dos casos de doença periodontal”, comenta a Dra. Juliana Bertoldi
Franco, cirurgiã-dentista que faz parte das Câmaras Técnicas de Odontologia
Hospitalar e de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais do CROSP.
O mais
importante, além do controle glicêmico, é que o paciente tenha o acompanhamento
de uma equipe multidisciplinar de saúde, como nutricionista, endocrinologista e
outros profissionais, que indicará o tratamento mais adequado do DM. Essa
equipe inclui o cirurgião-dentista, que fará a remoção de focos de infecções e
a avaliação para diagnóstico precoce de possíveis alterações na cavidade bucal
e de doenças periodontais que também possam gerar complicações no
quadro de Diabetes.
“Existem
protocolos que devem ser adotados para um atendimento odontológico seguro do
paciente diabético, assim como para diminuir os riscos pertinentes
à doença", explica a Dra. Juliana.
Atendimento
e cuidados para pacientes hipertensos e cardiopatas
Outra
comorbidade com incidência elevada na população é a hipertensão arterial
sistêmica (HAS), doença crônica e degenerativa, caracterizada
pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Conforme estimativas
da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), cerca de 30% dos
brasileiros possuem a doença, sendo que até metade dos hipertensos
desconhecem o diagnóstico,
A situação
se agrava ainda mais pois, de acordo com a SOCESP, entre os que sabem que são
hipertensos, uma parte toma remédios de forma irregular ou não faz uso de
medicação. Ainda segundo a entidade, apenas 20% têm
a doença controlada, o que exige maior atenção por parte dos
profissionais em saúde bucal no tratamento desses e de outros pacientes com
problemas cardíacos.
“O paciente
cardiopata deve ser tratado de forma muito criteriosa pelo cirurgião-dentista
pelo risco do desenvolvimento de endocardite infecciosa (infecção no
revestimento interno do coração) após o procedimento odontológico. O entendimento
da cardiopatia e do manejo do paciente são fundamentais para a realização do
tratamento odontológico de forma segura”, diz a Dra. Juliana.
“No caso da
hipertensão arterial sistêmica, em que o paciente pode apresentar um quadro de
pressão alta por uma dor de dente, o tratamento é essencial para controle e
estabilidade da doença”, completa.
O papel do
cirurgião-dentista na detecção de doenças crônicas
Assim como
as doenças crônicas podem afetar diretamente a boca, as
patologias bucais também podem trazer descompensações sistêmicas no paciente e
agravar seu quadro de saúde. Nos casos de pacientes crônicos que desconhecem o
diagnóstico, o cirurgião-dentista pode auxiliar na detecção
dessas doenças para que seja feito o tratamento adequado por um
especialista, além de evitar possíveis agravos.
“Condutas
simples podem ser adotadas como parte do exame clínico de quaisquer pacientes.
Desvios percebidos na aferição da pressão arterial e da glicemia capilar,
durante a anamnese, podem indicar quadros de HAS e DM, doenças muitas
vezes silenciosas e, consequentemente, desconhecidas pelo próprio paciente”,
alerta a Dra. Gyselle.
“Alterações
e lesões observadas durante o exame físico extrabucal e intrabucal podem
sugerir a presença de patologias sistêmicas crônicas com repercussões
em boca – algumas destas patologias podem ter sua primeira manifestação na
cavidade oral e o cirurgião-dentista pode ser o primeiro profissional a
identificá-las, como doenças infecciosas e autoimunes”, complementa a
cirurgiã-dentista.
É importante
também que o paciente esteja atento aos sinais na cavidade bucal que podem ser
causados não só pelas doenças crônicas que possui, mas também
pelos efeitos colaterais das medicações para controle das mesmas, como
hipossalivação ou deficiência na composição da saliva. Ambas contribuem para o
aparecimento de cárie, alterações na gengiva e
outras doenças periodontais, além do ressecamento da boca. O
atendimento especializado do profissional de Odontologia, nesses casos, é
indispensável para um tratamento eficaz.
Conselho
Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
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