Estudos
da Gong e da Salesforce apontam que valorizar a audição em detrimento da fala
ajuda melhorar as vendas e a performance dos colaboradores; Juliana Algodoal,
professora PhD em Análise do Discurso em Situação de Trabalho, aponta dicas de
como aprimorar a escutaEscuta consciente é uma técnica estudada pela psicologia
"Ouvir mais e
falar menos": eis um conselho que já não é mais amparado apenas na
sabedoria popular. Estudos mostram que valorizar a escuta ajuda nas vendas e também
melhora o desempenho do RH das empresas.
Um relatório da Gong
(aplicativo de inteligência artificial que analisa interações entre vendedores
e clientes do mundo inteiro) aponta que os melhores vendedores falam 46% do
tempo e ouvem 54%. Os piores, entretanto, falam 72% do tempo e só ouvem 28%. Os
dados são de 2017.
No âmbito corporativo,
números de uma pesquisa da Salesforce, de 2019, indicam que colaboradores que
se sentem ouvidos têm 4,6 vezes mais chances de se mostrarem capacitados a
realizar melhor um trabalho.
Para a especialista em
comunicação corporativa, Juliana Algodoal, esses dados reforçam a importância
do exercício da 'escuta consciente', uma técnica amplamente desenvolvida pela
psicologia, que visa melhorar a comunicação interpessoal e consequentemente, as
relações sociais.
"A escuta
consciente busca assegurar um diálogo eficiente, em que o ouvinte é capaz de
realmente interpretar e assimilar todo o conteúdo que é expresso pelo
interlocutor, sem julgar e tentando compreender o ponto de vista do outro. Isso
é fundamental em qualquer relação, seja pessoal ou profissional, pois gera
confiança, desenvolve a empatia e aumenta o sentimento de segurança".
Efeitos da pandemia
Durante o
distanciamento social, a escuta consciente ganhou ainda mais relevância.
"A partir do momento que todas as interações passaram a ser virtuais, foi
necessário ajustar nossos sentidos para garantir uma comunicação mais
assertiva. A escuta, sem dúvida, foi o mais desafiador, pois exigiu de todos
nós uma concentração redobrada".
Para quem deseja
aprimorar a escuta consciente e mais ativa, Juliana Algodoal destaca algumas
técnicas:
1. Tenha foco. Concentração ajuda
absorver melhor o conteúdo da conversa. Por isso, evite o uso de celular, redes
sociais, e-mails, conversas paralelas e telefonemas. O interesse expresso
otimiza o relacionamento e reforça a conexão, especialmente no meio virtual.
2. Não seja seletivo. Ao ouvir o que o outro tem a dizer, não é legal prestar atenção apenas no assunto que lhe interessa e ignorar (ou demonstrar menos atenção) a outros temas que forem abordados. Trata-se de um comportamento muito perceptível ao interlocutor e que denota falta de empatia.
3. Dê tempo ao
interlocutor. Deixe que a pessoa que conversa você tenha o tempo
necessário para que apresente as informações e finalize o raciocínio. Evite
interromper ou mesmo concluir pensamentos. Procure sempre deixar o diálogo
fluir, exercitando a audição, sobretudo. Se for o caso defina previamente o
tempo para que a conversa ocorra dentro do tempo predeterminado.
4. Atenção com as
visões/opiniões. Uma comunicação assertiva requer habilidade para permitir
que visões pessoais diferentes construam um ambiente produtivo em termos de
comunicação. É fundamental saber lidar com perspectivas e opiniões diferentes
das nossas.
5. Esclareça, evite
ruídos.
É importante ouvir o interlocutor, mas também é fundamental ter a certeza de
que a mensagem realmente foi entregue e assimilada corretamente. Portanto,
pergunte sempre que precisar de clareza. Ser consultivo gera confiança,
desenvolve a empatia e aumenta o sentimento de segurança.
6. Mantenha o contato
visual.
O olhar ao interlocutor, a postura corporal distendida e relaxada ajudam a demonstrar
interesse pelo que é dito.
7. Teste o fone. Nas conversas
virtuais, o uso de fones de ouvido ajuda bastante a evitar as distrações. Sem
dúvida é uma ótima ferramenta para o exercício da escuta consciente.
Juliana Algodoal - Considerada uma das maiores especialistas em Comunicação
Corporativa do país, Juliana Algodoal é PhD em Análise do Discurso em Situação
de Trabalho - Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem e fundadora da
empresa Linguagem Direta*. Acumula mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento
de projetos que buscam aprimorar a interlocução no ambiente empresarial - tendo
como clientes grandes companhias, como Novartis, Pfizer, Aché, Itaú, Citibank,
Unimed, SKY, Samsung, Souza Cruz, dentre outras. Também é presidente do conselho
administrativo Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
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