Aprender com os
erros e construir um bom plano de negócios é fundamental antes de pensar em
abrir uma nova empresa
Dados da pesquisa Sobrevivência das Empresas
(2020), realizada pelo Sebrae com base em dados da Receita Federal, revelaram
que 29% dos MEI do país fecham as portas em até cinco anos de atividade. Já
entre as microempresas e as empresas de pequeno porte, a taxa de mortalidade é
de 21,6% e 17%, respectivamente. O impacto econômico gerado pela pandemia, com
demissões e mudanças nos hábitos de consumo da população, levou milhares de
empreendedores a encerrarem suas atividades no último ano. Mas, o que fazer
quando se chega a esse estágio? Fechar um negócio representa o fim do sonho de
empreender?
De acordo com especialistas do Sebrae, é
fundamental identificar os erros que levaram ao fechamento do negócio e
aprender com eles. É importante que o empresário reconheça as suas fragilidades
e do próprio empreendimento. O que fez a empresa fechar? Falta de capital de
giro, problemas no produto ou serviço, falhas no atendimento? Nesse contexto,
um primeiro passo importante antes de pensar em abrir um novo negócio é fazer
um detalhado estudo financeiro e encontrar o problema que levou a empresa a
fechar as portas. Um segundo passo é decidir se o novo empreendimento será na
mesma área de atividade da empresa anterior ou em um novo segmento. Nesse
momento, um bom plano de negócios pode fazer toda a diferença.
Plano de negócios
Após quase 10 anos de atuação na área de recursos
humanos, a psicóloga Adriana Gonçalves, 39 anos, resolveu montar a própria
empresa. A moradora de Santo André/SP abriu uma marmitaria fitness em agosto de
2019, acreditando que o segmento era promissor. “Eu sempre encomendava esse
tipo de comida saudável e os meus amigos de trabalho também. Então, quando tive
a ideia de apostar na área, levei a minha experiência como cliente para o
negócio”, conta.
Além de herdar da família o gosto pela cozinha,
especialmente da mãe, no processo de criação da empresa, ela fez um curso para
aprender técnicas de congelamento de marmitas. “O negócio cresceu e amadureceu
aos poucos. Só que eu não pensava como gestora. A minha cabeça ainda era de
funcionária. Depois que abri o MEI em janeiro de 2020 e comecei a fazer cursos
do Sebrae, a minha jornada mudou. Até então, eu procurava dicas no YouTube e
acompanhava o que as blogueiras faziam”, ressalta Adriana.
No dia a dia, ela trabalhava com o pedido mínimo de
10 marmitas por pessoa e tinha fidelizado cerca de 30 clientes. Ela também
recebia vários pedidos via WhatsApp, fazendo divulgação nas redes sociais e
boca a boca. “Até que veio a pandemia, mudando completamente a dinâmica do
mercado. Fiquei três meses sem vender quase nada e as contas não paravam de
chegar. Precisei me reinventar”, conta a empreendedora.
Atualmente, com a nova empresa de doces finos, que
oferece “festa na caixa”, ela se organiza para ter uma loja física, além do
atendimento via Instagram. “Hoje, faço cronograma e checklist, por exemplo,
para evitar margem de erro. Também cuido da gestão financeira e analiso os
tipos de anúncios melhores para venda, se é via Instagram ou panfleto. Estudo
muito mais o mercado agora. Vejo que ter um bom plano de negócio faz toda a
diferença”, aponta. “Certamente, as orientações do Sebrae fizeram e fazem muita
diferença no meu processo. É fundamental estar antenado às novidades e não se
acomodar”, admite.
Conhecimento na área
Para o administrador Mateus Bernardino Neto, 34
anos, antes de empreender em qualquer negócio é indispensável verificar se a pessoa
tem habilidade específica no segmento. “Além disso, se você não se envolver
100% no projeto e não tiver paixão naquilo que faz, é melhor nem tocar a
empresa”, garante. Após ativar um empreendimento de distribuição de alimentos,
entre 2017 e 2020, ele observou que não tinha conhecimentos da área para
impulsioná-la.
“Um dos maiores aprendizados que tive foi entender
a necessidade de domínio. Antes da pandemia, eu já analisava o mercado de
alimentação e acredito que ele é muito poderoso. A questão é que eu não tinha
competência na área. Faltou experiência e entendimento sobre o setor de
nutrição e como negociar com os fornecedores. Acreditava que o que eu sabia de
gestão seria suficiente para tocar qualquer negócio, mas não é assim que
funciona”, conta Mateus.
Ao
decidir vender a distribuidora de alimentos em Florianópolis/SC, ele fez
pesquisa de mercado para identificar qual segmento na área de serviços podia
arriscar. Atualmente, ele está à frente de uma consultoria financeira e outras
duas empresas. Na prática, ele utiliza o programa de gestão Trello para
gerenciar todos os processos e acompanhar o cronograma de atividades. “Também
uso um software de gestão financeira on-line para fazer o planejamento semanal,
com indicadores baseados no do Balance Scorecard (BSC). Participo ainda de
muitos cursos e assino alguns conteúdos específicos. E não deixo de acompanhar
os cenários econômicos brasileiro e mundial”, complementa Mateus Bernardino.
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