O
isolamento social imposto pela pandemia vem mostrando para a maior parte da
população o quão importante é a convivência com outras pessoas. Não falo apenas
da liberdade de ir e vir, mas da oportunidade que ela nos dá de ver e conhecer
outros indivíduos, de estabelecer novas relações, de conhecer de perto outros
costumes e culturas.
O
início da nossa vida social se dá na escola. É interessante pensar na
importância disso, porque sempre que refletimos sobre a necessidade de enviar
uma criança à escola, a relação é feita, diretamente, com sua alfabetização e
formação educacional. Porém, os primeiros anos de convivência escolar,
especialmente na primeira infância, são extremamente importantes para o
estabelecimento de vínculos afetivos. Ignorar o potencial de aprendizagem
social nessa fase da vida pode trazer impactos importantes no futuro.
Ao
estar em sala de aula, a criança aprende a responder a estímulos coletivos.
Também é nesse contexto que os pequenos entendem o que é compartilhar a atenção
com outras crianças, especialmente em configurações familiares com cada vez
menos filhos. Também é em sala de aula que as crianças estabelecem os primeiros
vínculos de amizade, absorvem valores, entendem a importância de assistir aula,
aprendem a ter foco e disciplina, compreendem os espaços de cada um, a conviver
com os acertos e erros dos outros e a respeitar não só o professor, como também
o coleguinha. A convivência nesse espaço e na escola como um todo tende a ser
extremamente positivo para todos os alunos ali reunidos. O fato é que as
conexões sociais positivas ajudam a garantir um desenvolvimento saudável, seja
físico ou emocional.
Em
algum momento você já leu ou ouviu alguém falar que crianças tendem a aprender
pelo exemplo. Ao testemunhar relacionamentos positivos, elas são emocionalmente
sustentadas. Esse comportamento observado ajudará em suas habilidades
emocionais e no funcionamento cognitivo no futuro. Em cada estágio do
desenvolvimento, as necessidades mentais e comportamentais específicas são
atendidas pela socialização e todas geram reflexos posteriores.
É
interessante notar que crianças com comportamento social mais arrojado são mais
propensas a ter um bom desempenho nos estudos, a entrar na faculdade, conseguir
trabalho de destaque e não cometer crimes. Além disso, as habilidades de
comunicação são aprimoradas mais rapidamente, a sensação de pertencimento a um
grupo reforça sua autoestima, o convívio com outras crianças ajuda no
desenvolvimento da aprendizagem e está diretamente ligada à gestão das emoções,
ganho de autoconfiança, independência e capacidade de solucionar problemas.
Além
de tudo isso, é no convívio escolar que a criança e o adolescente atingem o
amadurecimento em termos de cidadania. É em sala de aula, muitas vezes, que
eles serão confrontados, pela primeira vez, por situações relacionadas ao
respeito aos seus direitos e aos direitos de terceiros. É na escola que
acontecem os primeiros debates sobre os limites de cada um e que eles
precisarão seguir regras que não foram estabelecidas por um
familiar.
Aliás,
é possível que muitos pais tenham visto seus filhos desanimados, que eles
estejam menos dispostos para estudar e até que o rendimento escolar tenha caído
nesses últimos tempos. Acreditem, isso não é uma surpresa. Eles sentem falta do
convívio escolar, de encontrar os amigos e os professores, de trocar ideias em
sala de aula, de fazer trabalhos em grupo e discutir os temas aprendidos. A
natureza dos seres humanos está em estabelecer relações. É por isso que o
convívio escolar é tão primordial para todos nós!
Sueli Conte -
especialista em educação, mestre em neurociências, psicopedagoga, diretora e
mantenedora do Colégio Renovação, instituição com mais de 35 anos de atividades
do Ensino Infantil ao Médio, com unidades nas cidades de São Paulo e
Indaiatuba.
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