Medicina moderna
avança em estudos sobre a microbiota para auxiliar no tratamento de doenças e
melhoria da saúde
Uma pessoa que se alimenta bem pode salvar a própria
vida e, ainda, a de bilhões de outros seres microscópicos fundamentais para a
nossa saúde. Isso mesmo. Médicos do Brasil e de diversas partes do mundo estão
focados em pesquisar a microbiota, antes denominada flora intestinal, e o
impacto dela para o tratamento de doenças, em especial o câncer.
O tema foi destaque na última edição do Congresso
da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical
Oncology - ASCO). No encontro, pesquisadores apresentaram o resultado de um
estudo que relaciona a resposta ao tratamento contra o câncer e a microbiota
intestinal. Essa característica, conforme os estudiosos, se
deve ao fato de a microbiota ser modificável, ou seja, a quantidade e
diversidade de bactérias e fungos presentes no intestino de uma pessoa está
diretamente relacionada àquilo que ela come. Indivíduos que consomem muitos
alimentos industrializados, por exemplo, estão mais sujeitos à disbiose, uma
disfunção que predispõe o organismo a quadros inflamatórios.
“As pesquisas sobre a importância da microbiota não
invalidam os tratamentos tradicionais das diversas formas de câncer. Porém, os
estudos sugerem que pode haver melhores respostas às intervenções médicas em
pacientes com microbiotas específicas”, explica Maria Ignez Braghiroli,
oncologista da clínica OncoStar e do Instituto do Câncer do
Estado de São Paulo (ICESP) e também uma das especialistas
brasileiras que são referência em câncer colorretal.
Essas possibilidades foram apresentadas por um
grupo de médicos pesquisadores no artigo ‘O papel dos micróbios do intestino em resposta à
imunoterapia’, publicado no site da ASCO. Nele os especialistas explicam que existem mais
de 100 trilhões de micróbios que habitam a superfície do trato gastrointestinal
do ser humano. “Novas técnicas de modificação dos genes desses microorganismos
possibilitam a inferência direta na saúde e no sistema imunológico dos
pacientes”, comentou Maria Ignez Braghiroli.
Dra.
Maria Ignez Braghiroli - Médica associada da Clínica OncoStar e pesquisadora no Instituto do
Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), dra. Maria Ignez Braghiroli é
oncologista clínica com especialização em tumores do trato digestivo. Foi
fellow no Memorial Sloan Kettering, localizado em Nova York, e referência
mundial em oncologia. É graduada pela Faculdade de Medicina da Bahia, com
residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP e em Oncologia Clínica pelo ICESP. Sua área de pesquisa inclui
o uso de imunoterapia, além de diversas linhas em torno do cuidado geral ao
paciente.
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