Estudo inédito do INCA e Ministério da Saúde aponta
fim na tendência histórica de elevação nas taxas de mortalidade por esse tipo
de câncer entre mulheres brasileiras
A taxa de
mortalidade por câncer de pulmão entre as mulheres brasileiras vai encerrar uma
tendência histórica de elevação em 2030 e estabilizar-se. A consequência direta
desse cenário é a diminuição da prevalência do tabagismo na população feminina,
resultado das ações da Política Nacional de Controle do Tabaco. Essa estimativa
integra o estudo inédito “A curva epidêmica do tabaco no Brasil: para onde
estamos indo?”, lançado nesta quinta-feira (29), data em que comemora-se o Dia
Nacional de Combate ao Fumo, pelo Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de
Câncer (INCA). O estudo apresenta as tendências temporais da taxa de
mortalidade por câncer de pulmão observadas de 1980 a 2017 e estimadas até
2040.
O estudo aponta que
a taxa de mortalidade por câncer de pulmão entre os homens continua a cair e
deve manter essa tendência nos próximos anos, também reflexo da redução da
prevalência de fumantes incentivada pelas ações de controle do tabagismo. Entre
a população masculina, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão subiu
continuamente desde o início da década de 80, estabilizou-se a partir de meados
dos anos 90 e começou a cair em 2005.
Os pesquisadores
calcularam a taxa de mortalidade por câncer de pulmão padronizada por idade
(parâmetro usado mundialmente) de 1980 a 2017 e estimaram sua evolução até
2040, separadamente, para homens e mulheres.
“O estudo confirma
o que já sabíamos: a redução do tabagismo salva vidas. Nosso programa de
controle do tabagismo é um êxito, mas precisamos avançar, principalmente nas
medidas de prevenção à iniciação do tabagismo entre os jovens”, conclui a chefe
da Divisão de Pesquisa Populacional do INCA e também autora do estudo, Liz
Almeida.
A taxa de
mortalidade por câncer de pulmão entre os homens sempre foi superior à
verificada entre as mulheres. No entanto, como desde 2005 a taxa entre os
homens está caindo e a entre as mulheres subindo, as curvas estão se
aproximando. A razão entre a mortalidade homem/mulher diminuiu de 3,6 em 1980
para 1,7 em 2017.
O tabagismo é a
principal causa para o desenvolvimento do câncer de pulmão, responsável por
mais de dois terços das mortes por essa doença no mundo. No Brasil, o câncer de
pulmão, que abrange tumores na traqueia, brônquios e pulmões, é o tipo que mais
mata homens e o segundo que mais mata mulheres, depois do câncer de mama. Dados
do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde,
mostram que mais de 27 mil pessoas foram a óbito em 2017 devido a essa causa.
Os impactos da
diminuição do número de fumantes na redução da mortalidade por câncer de pulmão
demoram décadas para serem percebidos, porque um fumante leva de 20 a 30 anos
para desenvolver a doença.
VIGITEL
Os resultados
apontados no estudo "A curva epidêmica do tabaco no Brasil: para onde
estamos indo?” estão em consonância com os dados do Sistema de Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
(Vigitel), do Ministério da Saúde.
De acordo com o
Vigitel, nos últimos 12 anos, a população entrevistada reduziu em 40% o consumo
do tabaco, o que reforça a tendência nacional observada, ano após ano, de queda
constante desse hábito nocivo à saúde. A pesquisa revela que, em 2018, 9,3% dos
brasileiros afirmaram ter o hábito de fumar. Em 2006, ano da primeira edição do
Vigitel, esse índice era de 15,6%. No ano passado, as mulheres se destacaram
por serem as que menos fumaram, com índice de 6,9%, ou seja, quase a metade dos
homens, com 12,1%.
AÇÕES CONTRA O TABACO
No Brasil, a
redução do consumo do tabaco é resultado de uma série de ações do Governo
Federal. No que diz respeito ao oferecimento de ajuda para a cessação do fumo -
que é o foco do 7º Relatório -, o Ministério da Saúde iniciou seus esforços e
compromissos na década de 1990, quando o INCA capacitou os profissionais dos
estados e dos municípios para estarem aptos a realizar o tratamento no SUS.
Outra ação importante
foi a legislação antifumo que proibiu o consumo de cigarros, cigarrilhas,
charutos, cachimbos e outros produtos fumígenos, derivados ou não do tabaco, em
locais de uso coletivo, públicos ou privados - mesmo que o ambiente esteja só
parcialmente fechado por uma parede, divisória, teto ou até toldo. Os narguilés
também foram incluídos na proibição.
TRATAMENTO NO SUS
O Sistema Único de
Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para quem deseja parar de fumar, com
medicamentos como adesivos, pastilhas, gomas de mascar (terapia de reposição de
nicotina) e bupropiona. Entre 2005 e 2016, quase 1,6 milhão de brasileiros
realizaram o tratamento de cessação do tabaco na rede pública de saúde, segundo
o INCA. Além disso, a população conta, desde 2001, com um serviço telefônico
nacional para tirar dúvidas, cujo número (Disque Saúde 136) deve estar
obrigatoriamente estampado no rótulo frontal de todos os maços de cigarros.
Só em 2018, mais de
140 mil fumantes iniciaram esses tratamentos em uma das 4 mil unidades de saúde
da rede pública aptas a ofertar esse serviço. Para saber onde procurar
atendimento, a população deve ir aos centros/postos de saúde ou à Secretaria de
Saúde do município para informações sobre locais e horários de tratamento.
Outras informações ainda podem ser consultadas na Coordenação de Controle do
Tabagismo na Secretaria Estadual de Saúde ou, via telefone, no Disque Saúde
136.
Natália Monteiro
Agência Saúde, com a
Assessoria de Imprensa do INCA
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