segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Micro-organismos do intestino são aliados no combate ao câncer


 Medicina moderna avança em estudos sobre a microbiota para auxiliar no tratamento de doenças e melhoria da saúde


Uma pessoa que se alimenta bem pode salvar a própria vida e, ainda, a de bilhões de outros seres microscópicos fundamentais para a nossa saúde. Isso mesmo. Médicos do Brasil e de diversas partes do mundo estão focados em pesquisar a microbiota, antes denominada flora intestinal, e o impacto dela para o tratamento de doenças, em especial o câncer. 

O tema foi destaque na última edição do Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology - ASCO). No encontro, pesquisadores apresentaram o resultado de um estudo que relaciona a resposta ao tratamento contra o câncer e a microbiota intestinal. Essa característica, conforme os estudiosos, se deve ao fato de a microbiota ser modificável, ou seja, a quantidade e diversidade de bactérias e fungos presentes no intestino de uma pessoa está diretamente relacionada àquilo que ela come. Indivíduos que consomem muitos alimentos industrializados, por exemplo, estão mais sujeitos à disbiose, uma disfunção que predispõe o organismo a quadros inflamatórios.

“As pesquisas sobre a importância da microbiota não invalidam os tratamentos tradicionais das diversas formas de câncer. Porém, os estudos sugerem que pode haver melhores respostas às intervenções médicas em pacientes com microbiotas específicas”, explica Maria Ignez Braghiroli, oncologista da clínica OncoStar e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e também uma das especialistas brasileiras que são referência em câncer colorretal. 

Essas possibilidades foram apresentadas por um grupo de médicos pesquisadores no artigo ‘O papel dos micróbios do intestino em resposta à imunoterapia’, publicado no site da ASCO. Nele os especialistas explicam que existem mais de 100 trilhões de micróbios que habitam a superfície do trato gastrointestinal do ser humano. “Novas técnicas de modificação dos genes desses microorganismos possibilitam a inferência direta na saúde e no sistema imunológico dos pacientes”, comentou Maria Ignez Braghiroli.





Dra. Maria Ignez Braghiroli - Médica associada da Clínica OncoStar e pesquisadora no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), dra. Maria Ignez Braghiroli é oncologista clínica com especialização em tumores do trato digestivo. Foi fellow no Memorial Sloan Kettering, localizado em Nova York, e referência mundial em oncologia. É graduada pela Faculdade de Medicina da Bahia, com residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e em Oncologia Clínica pelo ICESP. Sua área de pesquisa inclui o uso de imunoterapia, além de diversas linhas em torno do cuidado geral ao paciente.

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