Com o acúmulo de atividades e
responsabilidades, além de tecnologias que “pensam por nós”, a boa memória se
torna, cada vez mais, um artigo de luxo. De fato, a memória é uma das nossas
funções cognitivas mais importantes e serve para arquivar experiências e
informações adquiridas ao longo da vida. A perda de memória patológica acomete,
principalmente, a memória de curto prazo, aquela que usamos para nos lembrar de
algo recente. Quando ela é afetada, o paciente tende a repetir as mesmas
perguntas que foram respondidas há pouco tempo. Mas o que é preciso fazer para
preservá-la?
A área da neuropsicologia, que
estuda a memória, ainda é muito nebulosa. Mas estudos mostram que os bons
hábitos de vida são verdadeiros aliados da boa memória. Dentre eles, a prática
de atividade física aeróbica por, pelo menos, três vezes na semana. O exercício
intensifica a capacidade cognitiva, de atenção e concentração. Outro fator
muito importante é o sono. Noites mal dormidas interferem muito na manutenção
da memória, já que ela é consolidada neste período. O tabagismo e o uso
frequente de álcool também são prejudiciais, pois provocam um envelhecimento
cerebral precoce.
Em relação aos medicamentos,
há controvérsias. Uma pesquisa recente indicou que o uso de donepezila, uma
medicação utilizada para o Mal de Alzheimer, aumenta a capacidade da memória de
portadores da Síndrome de Down. Isso fez com que universitários americanos passassem
a usá-la. No entanto, não há nenhuma comprovação científica que mostre a sua
eficácia em pessoas que não possuem a Síndrome. Alguns fitoterápicos, como
ginko biloba, parecem melhorar o fluxo sanguíneo cerebral, beneficiando,
indiretamente, a memória.
A melhor forma de diagnosticar
estas patologias é a realização de uma bateria de exames neurológicos e
avaliações psiquiátricas. Vale citar também outras boas dicas que podem
melhorar significativamente a memória e a atividade cognitiva como a leitura, o
aprendizado de novas línguas, a prática de exercícios matemáticos e a constante
sociabilização. Certamente, estes são hábitos importantes para a manutenção da
memória e para retardar o surgimento de demências comuns a idade avançada,
acima dos 65 anos.
Dr. Elie Cheniaux
- psiquiatra, escritor, mestre e doutor
em psiquiatria, psicanálise e saúde mental pela UFRJ; pós-doutor pela
COPPE/UFRJ e PUC-Rio; membro licenciado da Sociedade Psicanalítica do Rio de
Janeiro
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