O alerta é de
médico especialista em doenças provocadas pelo tabagismo, que explica que os
e-cigarros aumentam a dependência e o uso dos cigarros tradicionais
O avanço do uso de cigarros eletrônicos é uma
preocupação crescente em todo o mundo. Nos Estados Unidos, o número de jovens
que consomem o produto aumentou em 1,5 milhão entre 2017 e 2018, segundo dados
do Centro de Controle de Doenças (CDC) norte-americano. Não há números
relativos ao Brasil, mas por aqui a tendência também é de alta - embora a
discussão sobre a liberação do aparelho ainda esteja na Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa).
Conhecidos como e-cigarros, esses equipamentos
estão se popularizando entre os usuários do tabaco pela crença errônea de que
trariam menos prejuízo à saúde. Mas, assim como os cigarros comuns, eles têm o
mesmo potencial para causar dependência e diversos tipos de câncer, além de
aumentar o risco de mutações genéticas. Os e-cigarros também são apontados como
uma das possíveis causas de uma doença pulmonar grave, a pneumonite, identificada
em jovens de diversos estados norte-americanos e que está sendo investigada
pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) e pela agência nacional de vigilância
dos Estados Unidos, a FDA. Em todos os pacientes foi registrado consumo de
cigarro eletrônico associado a outras substâncias, como flavorizantes (para dar
sabor) e até maconha.
De acordo com o doutor Ricardo Marques, membro da
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e médico associado da Clínica
OncoStar, muitos usuários encaram de forma errônea os e-cigarros. Apesar de não
terem tabaco, esses equipamentos evaporam quantidades de nicotina similares às
do cigarro comum. “Os cigarros eletrônicos consistem em uma bateria que liga o
aparelho, um tanque que contém o líquido e um sistema capaz de aquecê-lo,
transformando-o no vapor que é inalado para dentro dos pulmões. E o problema é
que esse líquido contém a mesma quantidade de nicotina que o cigarro
tradicional e, portanto, potencial para causar os mesmos malefícios à saúde de
quem o consome.”
O tema reflete uma preocupação cada vez maior dos
órgãos de Saúde com relação ao tabagismo. Para conscientizar sobre os problemas
advindos do hábito de fumar, 29 de agosto é considerado o Dia Nacional do
Tabagismo.
Com relação aos e-cigarros, o doutor Ricardo alerta
ainda que esses equipamentos estimulam o uso subsequente do cigarro tradicional
em adolescentes e adultos jovens. O médico destaca outros prejuízos à saúde
causados pelos cigarros eletrônicos:
- Além da nicotina, a maioria dos cigarros eletrônicos emite várias substâncias potencialmente tóxicas, como metais pesados;
- O nível de exposição do usuário à nicotina é igual ou maior que no cigarro tradicional;
- O
aerossol desses cigarros pode causar danos agudos às células das paredes
dos vasos sanguíneos, e os efeitos a longo prazo são desconhecidos;
- Alguns
compostos químicos presentes no aerossol (tais como formaldeído e
acroleína) são capazes de causar dano na estrutura dos genes e
consequentes mutações. Estas evidências indicam o risco e a possibilidade
de causarem câncer e efeitos sobre o sistema reprodutivo.
Tabagismo
Todas as campanhas de alerta sobre o vício em
tabaco apontam para os altos índices de câncer causados pelas substâncias
liberadas pelos cigarros. Doutor Ricardo esclarece, porém, que há outros
impactos para a saúde oriundos do consumo de tabaco e nicotina:
- Destruição
dos pulmões, levando a dificuldades para respirar (caso da bronquite
crônica e enfisema);
- Entupimento
de artérias de várias áreas do corpo, causando infartos e derrames cerebrais
mais frequentes;
- Envelhecimento
precoce da pele;
- Degeneração
macular, uma alteração no olho que pode levar à cegueira;
- Osteoporose,
ou seja, perda da dureza dos ossos, facilitando fraturas;
- Efeitos
sobre o sistema reprodutivo feminino, incluindo diminuição da fertilidade;
- Impotência
masculina.
Dr. Ricardo Marques - Médico
associado da Clínica Onco Star, também é membro titular da Oncologia D’Or. Faz
parte do corpo clínico do Hospital São Luiz Itaim (Rede D’Or), é membro da
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), além de possuir cadeira na
American Society of Clinical Oncology (ASCO). Graduado em medicina pela
Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro em Uberaba (MG), possui fellowship
em Onco-Hematologia pela British Columbia Cancer Agency (Vancouver / Canadá) e
em Oncologia Clínica pela Princess Margaret Hospital (Toronto / Canadá).
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