A Organização Mundial da Saúde
(OMS) estima que o Brasil seja o país mais ansioso e estressado da América
Latina. Uma das vertentes desse tipo de quadro é o transtorno de ansiedade
social, popularmente conhecido como fobia social. Ele já acomete cerca de 13%
dos brasileiros, totalizando 26 milhões de pessoas. Os dados são do Congresso
Brasileiro de Psiquiatria.
A fobia social é caracterizada
pela ansiedade e pelo medo intenso de estar exposto, podendo ser avaliado e
julgado por outros. Nesta situação, a pessoa apresenta sinais como sudorese,
taquicardia, boca seca, tremor, tensão muscular, rubor facial, náusea e outros.
Quem tem fobia social pode desencadear os sintomas a qualquer momento, em
qualquer circunstância. Seja em festas ou reuniões, a pessoa se sente
angustiada só de perceber que está sendo observada.
O indivíduo costuma ser
extremamente inseguro e tem uma péssima autoestima, resultando no sentimento de
desvalorização e inferioridade. Em determinadas situações, o nervosismo é tão
grande que a pessoa chega a demonstrar claramente seus sinais de ansiedade e
insegurança. Falar em público, durante uma apresentação escolar ou uma
palestra, é um pesadelo do qual a pessoa faz de tudo para evitar (a chamada
“esquiva fóbica”).
Em função da fobia social, o
indivíduo tem prejuízos funcionais importantes, seja em termos pessoais,
profissionais e sociais, uma vez que tende a se isolar constantemente. Pior:
muitas vezes, ela vem acompanhada de outros transtornos mentais, especialmente
depressão e abuso ou dependência de substâncias psicoativas, especialmente o
álcool. Por ser um desinibidor do comportamento socialmente aceito, acaba sendo
um recurso bastante utilizado.
O tratamento da fobia social é
feito com medicamentos e psicoterapia. A medicação auxilia no controle das
manifestações físicas da ansiedade. Eventualmente, os medicamentos são usados
também para o tratamento de outros transtornos mentais consequentes à fobia
social. A terapia comportamental utiliza a técnica de “exposição progressiva”,
permitindo que a pessoa aprenda, gradualmente, a enfrentar situações que geram
ansiedade.
A situação social fobogênica pode ser simulada em
consultório, possibilitando o treino do controle da ansiedade. Mais
recentemente, programas de realidade virtual se tornaram ferramentas muito
úteis no treino das habilidades sociais. Já a psicoterapia psicanalítica
procura a compreensão de aspectos subjacentes à fobia social, como a
insegurança, a dificuldade para lidar com rejeição, entre outros conflitos.
Seja qual for a escolha do tratamento, é fundamental que a busca por ajuda
médica seja rápida, evitando a evolução do transtorno.
Dr. Elie Cheniaux - psiquiatra, escritor,
mestre e doutor em psiquiatria, psicanálise e saúde mental pela UFRJ;
pós-doutor pela COPPE/UFRJ e PUC-Rio; membro licenciado da Sociedade
Psicanalítica do Rio de Janeiro
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