Brasil tem a segunda maior cidade do mundo
produtora dos artefatos explosivos que viraram tradição nas comemorações de
final de ano
Causou
espanto nos últimos dias de 2016 o vídeo de uma explosão no mercado de fogos de
artifício de San Pablito Tultepec, no México – que resultou em 32 mortes, 72
feridos e 12 desaparecidos. Cerca de 300 toneladas de explosivos foram
detonadas no local a quatro dias do natal. As causas até o momento não foram
descobertas.
Para
se ter uma ideia, no Brasil, mais precisamente na cidade de Santo Antônio do
Monte, interior de Minas Gerais, foram produzidos, somente em 2016, mais de 25
mil toneladas de fogos de artifício, em 72 fábricas diferentes, o que a coloca
como a segunda maior cidade produtora de fogos de artifício do mundo, atrás
apenas de um município chinês. Para dar mais brilho a passagem de ano, as
empresas produzem fogos cada vez maiores e chamativos.
Para
manusear grande quantidade de explosivos, é necessário tomar cuidados extras.
Os especialistas Wilson Namen, Gerson Julião e Daniel Ângelo, do Ciência em
Show, explicam que manipular explosivos pode ser muito perigoso se a pessoa não
estiver ciente dos riscos. “Nós simulamos acidentes com os fogos de artifício e
percebemos que um rojão disparado pode chegar a 150 quilômetros por hora. Se
atingir uma pessoa, pode causar queimaduras graves e até a morte”, afirma
Daniel.
Já a
produção e a comercialização dos foguetes devem contar com cuidado extra.
Edificações usadas para comércio ou fabricação devem seguir regras como, por
exemplo, ser construída no térreo, em alvenaria e possuir piso
incombustível. Além disso, os fogos devem possuir afastamento mínimo de
15 centímetros do piso e das paredes e 50 centímetros do teto, dispostos em
prateleiras de, no máximo, dois metros de altura.
LUZES COLORIDAS
Seja
em Sidney, na Austrália, ou no Rio de Janeiro, a capital fluminense, o
utilização de fogos de artifício nas festividades do final de ano já são
tradição. Os especialistas Wilson Namen, Gerson Julião e Daniel Ângelo, do
Ciência em Show, explicam o funcionamento dos artefatos. “Os fogos de
artifícios funcionam como uma sequência progressiva e coordenada da queima de
pólvora - mistura de enxofre, carvão e salitre (nitrato de potássio).Quando um
pavio ou algum dispositivo eletrônico é acionado, ele fornece energia para que
tudo aconteça. A primeira fase consiste em queimar pólvora suficiente para
“disparar” uma segunda carga explosiva com outros produtos químicos. Assim que
a bomba sai do cano de disparo o ciclo recomeça, ou seja, o calor produzido
aciona a segunda queima da bomba disparada e o resultado todos conhecemos. A
altura de cada foguete depende principalmente da carga explosiva na primeira
fase. Quanto mais pólvora, mais energia, logo, maior distância percorrida. ”
diz Wilson.
Os fogos
de artifício surgiram há mais de mil anos na China, antes da humanidade
descobrir a relação entre luz e cor, e antes das teorias do físico inglês Isaac
Newton. A partir da pólvora, que era usada até então para fins bélicos, os
chineses criaram explosivos com o objetivo de animar festas e celebrações. Os
fogos de artifício coloridos só foram aparecer no século XIX, na região onde
hoje é a Itália, quando fabricantes passaram a adicionar substâncias como
magnésio e lítio na pólvora.
“As
cores dos fogos de artifício são obtidas através da adição de sais específicos
na sua composição, especificamente misturado à pólvora que queima quando o
foguete explode no alto. Cada sal produz uma cor diferente. Por exemplo, o
cloreto de sódio, nosso velho conhecido sal de cozinha que usamos diariamente
na alimentação, quando queimado, produz uma chama de cor amarela intensa.
Então, quando os fabricantes planejam essa coloração, eles adicionam o cloreto
de sódio”, explica Gerson.
As
cores mais utilizadas são:
Verde, com sulfato de cobre
Amarelo, com cloreto de sódio
Azul, como cloreto de cobre
Branco, com sulfato de Magnésio
Vermelho, com cloreto de Estrôncio
“Há
uma forma muito fácil de comprovar a diferença da cor do fogo quando se tem um sal
adicionado. Faça a prova (mas atenção à segurança). Pegue um palito de
churrasco e aproxime da chama do fogão. Observe a cor da chama. Agora, molhe o
palito na água com sal de cozinha e repita a experiência. Você vai perceber que
a chama fica amarela. Se tiver acesso às substâncias químicas acima, poderá
obter as várias cores descritas”, diz Gerson.
Ciência em Show
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