Além da contaminação ambiental, falta de destinação
adequada pode se tornar nova barreira comercial para carne brasileira
O
mercado veterinário caminha na contramão de um movimento importante do setor
produtivo no meio rural. Enquanto o Brasil é líder em reciclagem de embalagens
de defensivos agrícolas, recolhendo 96% do total descartado, não existe
qualquer atividade para a destinação adequada de embalagens e resíduos de uso
veterinário. “As embalagens de polietileno onde são armazenados medicamentos
como as vacinas e antiparasitários, por exemplo, demoram pelo menos 400 anos
para se degradarem. Esse material é enterrado ou jogado a céu aberto e pode se
tornar uma fonte de proliferação de mosquitos nas fazendas” afirma Sebastião
Guedes, presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa -
GIEFA, e vice-presidente do CNPC. Apenas contabilizando as doses de vacina contra
febre aftosa, são 8 milhões de frascos por ano que ficam nas propriedades.
Muitos lançados em velhas cisternas.
Além
da contaminação ambiental, a falta de uma logística reversa que estabeleça a
destinação adequada – reciclagem ou incineração – para as embalagens e os
resíduos veterinários pode causar outro sério problema para o País, levando-se
em conta os novos padrões de competitividade no mercado internacional da carne.
“A exemplo das exigências sanitárias e, mais recentemente, do bem-estar animal,
esta questão poderá se tornar uma nova barreira comercial”, afirma Guedes. O
reaproveitamento de embalagens descartadas e sua reintegração ao ciclo
produtivo é uma atividade de importância para a sociedade e de crescente
interesse econômico. “Existem muitas entidades dispostas a comprar embalagens
veterinárias para reciclar. Cabe ao Ministério do Meio Ambiente cobrar esta
evolução para um meio rural ainda mais limpo”, diz Guedes.
Mire-se
no exemplo – As embalagens de defensivos
agrícolas são obrigatoriamente recolhidas desde 2002. A legislação federal (lei
9.974/00) determinou a responsabilidade da destinação final de embalagens
vazias para o agricultor, fabricante e revendedor. Cada elo da cadeia tem a sua
função. Antes da legislação, as embalagens
eram enterradas ou queimadas. De acordo com a regra em vigor, o produtor deve
lavá-las e perfurá-las para evitar a reutilização. Esse recipiente pode ficar
armazenado na propriedade por no máximo um ano. O revendedor tem a obrigação de
indicar os postos de recolhimento na nota fiscal e o fabricante de recolher e
dar a destinação final ao material.
O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias
(inpEV), criado em 2001, é responsável pela destinação final do material e tem
vasta experiência na área. A Câmara Setorial da Carne Bovina sugeriu a formação
de um grupo de trabalho coordenado pelo CNPC para, juntamente com a ASSOCON, o
SINDAN ouvir entidades do setor e propor soluções para que a sustentabilidade
ambiental seja melhorada nas propriedades pecuárias.
Sobre o CNPC
O CNPC é uma entidade sem fins lucrativos que tem por objetivo
desenvolver estratégias para o crescimento da pecuária de corte nacional e
estabelecer relações entre os vários agentes, representando a cadeia produtiva
junto aos governos estaduais e nacional, bem como nos fóruns de discussão
internacional que promovam a sanidade, o bem-estar animal e a segurança
alimentar. Criado em 1982, a entidade tem representantes nos principais Estados
e segmentos que se destacam na pecuária nacional. Atualmente é presidida por
Tirso de Salles Meirelles, pecuarista de reconhecida liderança no agronegócio
brasileiro.
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