Secretarias
estaduais de Saúde e do Meio Ambiente manterão fluxo de notificação para casos
suspeitos de primatas infectados em unidades de conservação ambiental; vacina
está disponível na rede pública e deve ser tomada 10 dias antes de viagens para
áreas de risco
As secretarias de Estado da Saúde e do
Meio Ambiente definiram estratégias conjuntas para reforçar a proteção contra a
febre amarela em São Paulo, com base na orientação à população e na
intensificação de medidas preventivas.
Um fluxo específico de notificação foi
estabelecido entre as duas pastas para garantir maior agilidade na
identificação de possíveis casos. A Secretaria do Meio Ambiente manterá sob
acompanhamento as unidades de conservação, como parques e áreas de proteção
ambiental localizadas em áreas de risco, a fim de identificar brevemente
qualquer epizootia (situação de adoecimento ou óbito de um ou mais primatas não
humanos, como macacos, saguis e bugios). A relação desses locais está
disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/ambiente/parques-e-unidades-de-conservacao/.
Caso seja detectada a presença de animais
doentes ou mortos, a pasta notificará o plantão médico do Centro de Vigilância
Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde. Este, por sua vez,
acionará os profissionais para coleta de material a ser destinado à análise
laboratorial para confirmação diagnóstica.
A pasta ambiental também auxiliará na
disseminação de orientação aos visitantes desses espaços verdes quanto à
imunização (mais informações abaixo). Ambas as secretarias recomendam
que o público utilize repelentes e não alimente os animais do local.
Em demais áreas verdes e espaços públicos as
medidas de prevenção competem primordialmente aos municípios, conforme
preconiza o SUS (Sistema Único de Saúde).
Além disso, todos os Grupos de Vigilância
Epidemiológica foram alertados a redobrar a vigilância em sua região, visando à
detecção precoce de eventual circulação do vírus da febre amarela. A
notificação de casos em humanos e animais (primatas não humanos) deve ocorrer
em até 24 horas, com rápido início da investigação. Por isso, as equipes de
assistência médica também devem estar atentas a quadros clínicos compatíveis
com febre amarela, de forma a garantir diagnóstico breve e atendimento
adequado. A confirmação diagnóstica é garantida pelo Instituto Adolfo Lutz.
Desde o começo do ano, com a notificação de
casos silvestres no interior do Estado, profissionais de vigilância estão
realizando busca ativa de primatas infectados e de indivíduos sintomáticos, bem
como a coleta de vetores, constatando apenas transmissores silvestres.
“O apoio Secretaria do Meio Ambiente é
crucial para fortalecer nossas ações de vigilância. Esperamos que demais órgãos
públicos, entidades e sociedade civil estejam atentos e contribuam para que as
medidas de prevenção se fortaleçam”, afirma o secretário de Estado da Saúde,
David Uip.
A febre amarela é uma doença infecciosa
transmitida por meio da picada de mosquitos infectados, podendo afetar humanos
e animais, como primatas. Há duas formas distintas: silvestre e urbana, sendo a
última a mais grave em aspectos clínicos e de disseminação.
Os principais sintomas são febre, calafrios,
dor de cabeça, dores no corpo, fadiga, náuseas e vômitos. As manifestações
clínicas incluem insuficiência hepática e renal, podendo evoluir para óbito.
Trata-se de uma doença de notificação
compulsória e imediata – tanto para caso silvestre quanto urbano –, por meio do
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Desde 1942, não há
registro de transmissão urbana no Brasil.
Imunização
Como a imunização é a principal forma de
evitar a infecção pela doença, a proteção é fundamental, sobretudo para pessoas
ainda não vacinadas ou que receberam apenas uma dose há mais de dez anos. Para
reforçar os estoques dos postos, o Centro de Vigilância Epidemiológica de SP
distribuiu, nesta semana, uma grade extra com 235 mil doses para todo o Estado.
O principal alerta é destinado aos
viajantes, que devem tomar a vacina 10 dias antes da viagem, no mínimo –
sobretudo aqueles que com destinos turísticos para áreas de risco de infecção,
como regiões silvestres, rurais ou de mata.
A vacina também é indicada para toda a
população residente em áreas de risco a partir dos nove meses de idade, com a
administração de dose de reforço aos quatro anos. Devido aos casos silvestres
constatados no interior de SP neste ano, está recomendada a imunização a partir
de seis meses de idade nas regiões onde houve epizootias – São José do Rio
Preto, Ribeirão Preto e Barretos.
A aplicação deverá ser avaliada por médicos
para pessoas com 60 anos ou mais, mulheres que estejam amamentando, pacientes
com imunodeficiência e com outras patologias. A vacina é contraindicada para
gestantes.
“A vacina contra a febre amarela tem
eficácia superior a 95% e os anticorpos protetores aparecem entre o 7º e o 10º
dia após a aplicação da dose, daí a importância de ser imunizado com
antecedência”, explica a diretora de Imunização da Secretaria de Estado da
Saúde, Helena Sato.
Balanço
Em 2016, até 12 de dezembro, foram
notificadas 163 epizootias de primatas não humanos para febre amarela,
totalizando 227 animais. Desse total, foram confirmadas apenas 16 epizootias,
correspondente a 24 primatas, nas regiões de Ribeirão Preto (Jaboticabal, Monte
Alto e Ribeirão Preto); Barretos (Cajobi e Severínea) e São José do Rio Preto
(Pindorama, Potirendaba, Catanduva, Ibirá, Adolfo, Catiguá e São José do Rio
Preto). Outras 35 foram descartadas, até o momento.
Somente um caso humano, que evoluiu para
óbito, foi confirmado em abril, no município de Bady Bassit. O local provável
de infecção é conhecido como “mata dos macacos”, no município de São José do
Rio Preto.
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