O
mês de dezembro é a época de curtir as férias e a chegada de uma das estações
mais quentes do ano: o verão. E para se refrescar, nada melhor do que curtir a
piscina, a água do mar e se deliciar com as bebidas geladas e muito sorvete.
Porém, alguns cuidados são importantes para que os excessos não comprometam a
saúde, especialmente do ouvido, do nariz e da garganta. De acordo com a médica
otorrinolaringologista e especialista em Otoneurologia, Dra. Jeanne Oiticica, o
clima quente do verão favorece especialmente o surgimento das otites, e isto
ocorre devido a dois principais fatores: primeiro, porque as pessoas ficam mais
expostas à água (piscina, praia, sauna, rios, lagos), tanto em frequência,
quanto em tempo de exposição (contato prolongado); e segundo porque o calor
dilata os vasos sanguíneos, favorece o suor e a umidade, fatores que
deixam a pele do ouvido mais quente, úmida e molhada, o que contribui
para a proliferação de microorganismos (bactérias, fungos, vírus) causadores de
otites.
Confira algumas dicas importantes da especialista
e garanta um verão saudável:
· - Ao nadar,
quais os principais cuidados para evitar a Otite?
Apesar de serem raras as ocorrências, o excesso de
água e de umidade nos ouvidos pode contribuir para o surgimento de infecções,
em especial da pele do canal da orelha. Por isto, para quem estiver em contato
com água e mergulhar diariamente ou para aqueles que fazem isto em períodos
específicos do ano (férias, verão, piscina, praia) é recomendado usar um
líquido secante no ouvido. No exterior estes produtos são vendidos
costumeiramente em farmácias. Aqui no Brasil, no entanto, não são encontrados
com facilidade. Neste caso é preciso que o médico otorrinolaringologista faça a
prescrição de fórmula secante na apresentação de gotas para pingar nos ouvidos.
O uso de tampão de ouvido também é importante para evitar a otite. O ideal é
que o tampão de ouvido seja confeccionado sob medida. Isto é fácil, uma
fonoaudióloga tira o molde ou o decalque do canal do ouvido da pessoa, e um
protetista confecciona o molde preferencialmente sob medida, pois é mais
eficiente, consegue vedar completamente o canal do ouvido e impedir a entrada
de água. Isto, em geral, costuma ser recomendado para pessoas expostas
regularmente à água (nadadores, profissionais de natação), àquelas predispostas
a otites de repetição ou crônica, e ou aqueles com perfuração da membrana timpânica
do ouvido.
- Por que, em alguns casos, o sorvete e as bebidas
geladas prejudicam a garganta?
Em alguns casos, sorvetes e bebidas geladas causam
“vasoconstricção” – contração dos vasos sanguíneos – na mucosa da garganta.
Isto reduz a circulação local de sangue e a produção de secreções da garganta,
por exemplo, de saliva, que é rica em anticorpos. Portanto, se a imunidade já
está comprometida, ou se a pessoa possui algum tipo de predisposição individual
a ter infecções recorrentes de garganta, alimentos e bebidas gelados facilitam
as chances de infecções de garganta.
- O ar condicionado pode ser prejudicial à
garganta?
Sim, pode prejudicar, apesar de nem sempre
ocorrer. O principal efeito do ar condicionado é que ele promove o ressecamento
do ar e consequentemente da mucosa da garganta. Isto reduz a produção local de
secreções, ricas em anticorpos, o que torna a mucosa da garganta susceptível e
predisposta ao ataque de microorganismos.
- O cloro da piscina pode ser prejudicial às vias
respiratórias?
Sim, o cloro é um irritante da mucosa das vias
respiratórias capaz de sensibilizar o aparecimento de crises de rinite,
bronquite, asma em pessoas suceptíveis e predispostas. O uso regular de
piscinas tratadas com cloro e o contato prolongado aumentam em até três vezes
as chances de crises respiratórias.
Dra. Jeanne Oiticica - Médica otorrinolaringologista concursada do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de
Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP. Chefe do Grupo de
Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professora
Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Chefe do
Laboratório de Investigação Médica em Otorrinolaringologia (LIM-32) do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Responsável pelo
Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.
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