Engenheira de alimentos ensina como decifrar informações
e explica o passo a passo
O que você verifica
em um rótulo ao comprar um produto no supermercado? Calorias? Sódio? Aliás,
você verifica rótulos? Se a sua resposta for negativa, saiba que você não está
sozinho: 26% dos brasileiros não leem os rótulos dos produtos que consomem, de
acordo com o levantamento realizado pelo QualiBest, instituto de pesquisa
online, que entrevistou 2.358 pessoas para saber se a população verifica as
informações nutricionais dos alimentos que compram.
Soma-se a isso o fato
de que os brasileiros têm também dificuldade de compreender as informações que
constam em rótulos: em consulta conduzida pela organização Consumers
International e realizada no país por meio do Instituto Brasileiro de
Defesa ao Consumidor (Idec), apenas 28% dos 786 participantes conseguiram
indicar corretamente a quantidade de gorduras, açúcares e sal em um pacote de
biscoitos.
Patrícia Amarante, engenheira de
alimentos do Sincabima (Sindicato das Indústrias de Cacau e Balas,
Massas Alimentícias e Biscoitos, de Doces e Conservas
Alimentícias do Estado do Paraná) ensina que antes mesmo de fazer a
leitura do rótulo, é essencial verificar a integridade da embalagem. Furos,
aberturas, lacres e vazamentos devem ser inspecionados cautelosamente. Latas
não devem estar estufadas ou amassadas – caso contrário, não devem ser
adquiridas.
Em seguida, a
primeira informação a ser olhada pelo consumidor é a validade do produto. “Caso
o consumidor seja portador de alergia ou intolerância a algum tipo específico
de alimento, verificar a lista de ingredientes e alertas de alergênicos é o
próximo passo”, adverte a engenheira, que explica que glúten e alergênicos, por
lei, devem sempre estar indicados nas embalagens. A tabela nutricional vem na
sequência, permitindo ao consumidor averiguar a quantidade de cada nutriente e
porcentagens diárias que aquela porção de produto agregará à sua dieta.
Ah, e vale lembrar que a
ordem em que os nutrientes aparecem na tabela diz muito sobre o que você está
consumindo – aqueles que estão presentes em maior quantidade ficam no topo da
lista. E se você acha que consumir alimentos com prazo de validade vencido não
fará mal algum, saiba que esta pode ser uma atitude arriscada: “Para
determinar o prazo de validade dos produtos, as indústrias realizam testes em
laboratório e fazem análises durante a chamada ‘vida de prateleira’, que
garantem que até aquela data, descrita no rótulo como validade, será seguro
consumir o produto e que o mesmo manterá suas características sensoriais de
sabor, odor, textura e cor”, ensina Patrícia Amarante. Ou seja: a data colocada
ali foi estudada cautelosamente para garantir a sua segurança, portanto, o
ideal é sempre respeitá-la.
Obrigatoriedade
Mas quais são as
informações que precisam obrigatoriamente constar nos rótulos de alimentos?
Segundo a RDC 360 de 2003 da Anvisa, que regulamenta a Rotulagem Nutricional de
Alimentos Embalados, é obrigatório declarar a quantidade do valor energético e
dos seguintes nutrientes: carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras
saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio.
Também é
necessário declarar na tabela nutricional a porção, ou seja, a quantidade média
do alimento que deveria ser consumida por pessoas sadias, maiores de 36 meses
de idade em cada ocasião de ingestão. A medida caseira também deve estar
indicada tendo como referência algum utensílio comumente utilizado pelo
consumidor para medir alimentos, como copo, colher de sopa ou xícara.
Além disso, Patrícia salienta que outras leis, portarias, resoluções e
instruções normativas obrigam também a declaração de existência de glúten e
alergênicos, como forma de garantir a segurança alimentar do consumidor.
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