Muito
se fala em manter um peso saudável, mas você conhece os motivos que tornam essa
recomendação tão importante?
A manutenção de um peso saudável é considerada
atualmente uma das principais medidas para a prevenção das doenças crônicas não
transmissíveis, que representam a causa de cerca de duas a cada três mortes no
Brasil.
Estudos populacionais mostram que o excesso de
peso leva quase que inequivocamente a complicações de saúde, pois aumenta o risco de doenças como
diabetes, colesterol alto, problemas cardiovasculares e respiratórios, gordura
no fígado, apneia do sono, hipogonadismo masculino (baixa produção de testosterona), infertilidade, depressão e diversos
tipos de câncer, sem falar nas complicações ortopédicas e limitações para as
diversas atividades simples do dia a dia. O
aparecimento de complicações costuma ser uma questão de tempo.
Além de comprometer a qualidade de vida, o excesso de peso
aumenta o risco de morte prematura. Nos Estados Unidos já se prevê que a atual
geração será a primeira a ter uma expectativa de vida menor do que a de seus
pais. Um estudo mostrou que pessoas com sobrepeso (IMC 25 a 30Kg/m2) podem
perder até três anos de vida, enquanto obesos (IMC 30-35Kg/m2) perdem até seis
anos, e os muito obesos (IMC 35Kg/m2 ou mais) podem perder até oito anos
de vida. Portanto, é importante que a
obesidade seja reconhecida como uma doença crônica, e que seja tratada como
tal.
Você pode calcular seu risco através do cálculo do IMC*:
* IMC (índice de massa corporal) = peso/altura x altura.
O tratamento da obesidade tem como pilares a redução do
consumo energético e o aumento do gasto metabólico por meio da prática regular
de exercícios físicos, porém mesmo recebendo essas orientações, grande parte
dos pacientes não consegue perder e manter o peso de forma satisfatória.
Infelizmente as mudanças comportamentais nem sempre são suficientes para vencer
as barreiras biológicas ativadas no processo de emagrecimento. Nesses casos
deve-se considerar o uso de medicamentos.
Sabemos que a perda de 5 a 10% do peso corporal reduz de
forma significativa o risco de desenvolver complicações como o diabetes e as
doenças cardiovasculares. Curiosamente, um estudo recente realizado nos Estados
Unidos mostrou que menos de 1% das pessoas com indicação de uso de medicamentos
para perda de peso recebe tratamento farmacológico. Isso pode demonstrar a
resistência, ou talvez a falta de conhecimento, de que a obesidade é uma doença
crônica, grave e progressiva, e que requer tratamento a longo prazo.
Uma parcela dos pacientes apresenta ainda indicação de
tratamento cirúrgico da obesidade, que pode levar a um controle satisfatório do
peso corporal e de suas comorbidades.
É
importante ressaltar que pessoas com excesso de peso são constantemente
expostas a propagandas de produtos que garantem resultados milagrosos. Deve-se
estar atento para evitar o uso de substâncias que não foram submetidas à
análise criteriosa dos órgãos regulatórios – o que ocorre com os tratamentos
alternativos - que não se mostram seguros nem eficazes para o tratamento da
obesidade.
A
tendência atual é avaliar e tratar a obesidade como uma doença que apresenta
várias nuances, seja com relação à magnitude do excesso de peso, seja pela
presença de comorbidades específicas. Deve-se dar atenção às necessidades de
cada paciente para a escolha do tratamento adequado.
Ser
obeso não é uma opção de vida, mas o resultado da interação entre uma série de
fatores genéticos e do meio ambiente que merece ser tratada com seriedade,
durante toda a vida do paciente.
Dra
Daniele Tokars Zaninelli - endocrinologista do Hospital VITA – Curitiba/PR.
Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Paraná, Residência em Clínica
Médica, especialização em Endocrinologia e Mestrado no Serviço de
Endocrinologia e Metabologia pelo Departamento de Clínica Médica do Hospital de
Clínicas da UFPR; estágio no Serviço de Endocrinologia e Metabologia do HC/USP,
estágio no Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Ospedale Maggiore di
Milano (Itália) com área de atuação em Doenças da Tireoide, estágio no Serviço
de Endocrinologia e Metabologia do Ospedale Policlínico II (Napoli - Itália)
com área de atuação em Neuroendocrinologia. Membro da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia, SOBEMON – Sociedade Brasileira para o estudo do
Metabolismo Ósseo e da Sociedade Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO)e
da Endocrine Society.
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