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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Homens também podem ter câncer de mama



​​Câncer de mama só atinge as mulheres, certo? Errado! Apesar de não ser um tema muito discutido, os tumores mamários também podem aparecer nos homens.
Apenas 1% do total de casos de tumores de mama acomete homens, segundo o Instituto Nacional de Câncer. Enquanto 14 mil mulheres brasileiras morrem por ano dessa doença, menos de 200 homens sofrem com o mesmo destino.
Ainda assim, o problema merece atenção e não deve ser negligenciado. Atualmente, os tumores mamários em homens são associados a uma maior mortalidade proporcional do que os femininos. Isso se dá graças ao diagnóstico tardio, já que os homens não fazem exames nem se preocupam com a enfermidade. O tumor é flagrado em estágio avançado, na maioria das vezes.
A médica patologista Cristiane Nimir, especialista em mama e integrante do núcleo de mastologia do hospital Sírio-Libanês, tira as principais dúvidas sobre o assunto:

Casos de câncer de mama nos homens têm aumentado?
A quantidade de casos que nós tínhamos antes era bem menor do que a de hoje. A idade dos pacientes também mudou. Eram homens mais velhos e agora a idade vem diminuindo. Antes, os casos aconteciam, principalmente, por alteração genética.
Atualmente, com o uso contínuo de hormônios e esteroides nas academias, isso acaba também favorecendo o aparecimento em pacientes que já teriam uma predisposição ao câncer. Os hormônios fazem a mama desenvolver e o câncer acaba aparecendo. Algumas medicações antidepressivas podem ter como efeito colateral desenvolver o broto mamário (caroço), mas não necessariamente é câncer.

O que dificulta o diagnóstico?
Do ponto de vista de prevenção, manter um bom peso e fazer exercícios regularmente é sempre a melhor opção. Uma coisa que dificulta a informação e a divulgação sobre a existência do tumor mamário masculino é o preconceito mesmo. O homem acha muito que a questão da mama está relacionada à masculinidade. Geralmente, mesmo percebendo que tem algo errado, o paciente não procura o mastologista por acreditar que é um "médico de mulher", aí o diagnóstico acaba sendo mais tardio. Está melhorando, eles estão começando a achar mais tranquilo procurar um especialista.

O histórico familiar interfere na ocorrência dos casos?
Ficar de olho no histórico familiar é essencial. Ter muitos parentes com câncer pode representar um fator de risco para o desenvolvimento da doença. Se existe histórico de câncer de mama na família, independente de ser em homens ou mulheres, em pacientes abaixo de 45 anos, é bom ficar atento. A síndrome do câncer de mama hereditário não acomete só mulheres, afeta indivíduos da mesma família.

Existe uma forma de prevenir a doença?
Uma das primeiras coisas essenciais tanto para o homem, quanto para a mulher é conhecer o seu corpo. Ninguém melhor que você para saber tocar o seu corpo, pois a qualquer mudança, qualquer alteração, é aconselhável que se procure um mastologista. Nós, mulheres, temos a glândula mamaria que dificulta a percepção. No homem, é mais fácil. Qualquer sinal estranho, carocinho, textura diferente da pele, algum líquido que está saindo, é muito melhor correr e procurar um mastologista do que ter vergonha. Alteração na mama não está relacionada com a masculinidade.

Uma vez diagnosticado, como é o tratamento do câncer mamário no homem?
O tratamento é exatamente igual ao da mulher. A cirurgia é menos mutiladora, pois a mama masculina é muito pequena. Cada caso é um caso, mas retirar a mama (mastectomia) geralmente está envolvido. Quimioterapia, radioterapia, hormonoterapia, depende do tipo do tumor, se é menos ou mais agressivo.

Quais são as novidades para o tratamento?
Nos dias de hoje, para tratar o câncer de mama tanto feminino quanto masculino, nós temos exames de estudos genéticos do tumor, que nos dizem informações importantes sobre a biologia do tumor. Contam se são mais ou menos agressivos, assim dá pra saber se o paciente precisa mesmo de quimioterapia ou se não.
Conhecendo o tumor podemos passar uma medicação muito menos agressiva e que vai fazer efeito, dependendo do tipo de câncer. Muitos pensam que tais exames são algo muito distantes e não são. São testes com valores acessíveis, feitos no Brasil. É importante conversar com o médico a respeito disso para ter um tratamento mais específico.



Cristine da Costa Bandeira Abrahão Nimir - Especialista em patologia mamária. Integrada ao Grupo de Mastologia do hospital Sírio Libanês e do Centro de Oncologia do Hospital São José. Patologista da Sociedade Brasileira de Mastologia. Exposta a uma amostra com cerca de 3000 casos de patologia mamária por ano. Tornou-se referência nacional em patologia mamária. Autora e co-autora de diversos capítulos de livros, inclusive na enciclopédia adotada como referência na área na América Latina. 


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