O câncer de próstata é o segundo mais comum entre
homens brasileiros, ficando atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. De
acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são estimados mais de 61 mil
novos casos da doença e quase 14 mil mortes somente este ano. Ainda assim, o
índice de sobrevida desse tipo de câncer chega a 96% e se apoia fortemente no
diagnóstico precoce. Daí a importância de campanhas como Novembro Azul – que
estimula homens com mais de 50 anos a fazerem anualmente exames de toque e PSA.
Para a investigação de câncer de próstata, o exame de
toque não oferece altas taxas de sensibilidade quando realizado isoladamente.
Por outro lado, quando associado ao exame PSA (antígeno prostático específico),
a dupla oferece 92% de acerto no diagnóstico. Por isso é tão importante
conhecer em detalhes esse exame laboratorial. Quanto maior o nível de PSA no
sangue, maior também é a chance de o paciente ter câncer de próstata. De acordo
com o médico urologista e ultrassonografista Leonardo Piber, do CDB
Medicina Diagnóstica, em São Paulo, é fundamental que homens entre 50 e 75
anos se submetam a esse simples rastreamento todos os anos.
“Pesquisa realizada em nosso serviço mostrou casos de
pacientes com exame de toque alterado, ou seja, evidenciando nódulo, mas que
apresentavam um PSA dentro dos limites de normalidade. Nestes casos, a ultrassonografia
transretal confirmou a presença do nódulo e a biópsia diagnosticou câncer. Isso
ressalta a extrema importância do exame de toque. Sabemos que o habitual é
ocorrer alteração do PSA, mas há casos em que isso não acontece. Essa pesquisa
foi apresentada no Congresso Sul Brasileiro de Urologia em junho deste
ano”, diz Piber.
Conhecer os fatores de risco para o câncer de próstata
contribui muito para evitar negligência ou alarmismo, garante o médico. “A
maioria dos casos acontece por volta dos 65 anos, mas a investigação
diagnóstica deve acontecer entre 50 e 75 anos. Quando há parentes diretos que
já enfrentaram a doença, é recomendado iniciar os exames anuais mais cedo, a
partir dos 40 anos. Trata-se também de um tipo de câncer particularmente agressivo
para homens obesos ou com uma dieta rica em gorduras”.
Piber afirma que, quando a análise do sangue detecta
alteração importante, normalmente o médico do paciente solicita novos exames de
imagem para eventualmente diagnosticar o câncer de próstata em fase inicial, já
que a doença oferece boas chances de cura quando tratada logo no começo. “O PSA
é uma proteína encontrada em grandes quantidades no sêmen e em pequena
quantidade no sangue, mas é o suficiente para indicar quando há risco. Pode
acontecer de o nível de PSA estar alto por conta de alguma inflamação ou
infecção, ou ainda pelo aumento benigno da glândula prostática. Daí a
importância de o médico fazer o toque retal e encaminhar o paciente para exames
de imagem, considerando idade, histórico familiar, medicamentos de uso contínuo
e até mesmo determinados suplementos que afetam o tamanho da próstata”.
Quando o toque retal e o nível de PSA apontam para o
câncer de próstata, Leonardo Piber diz que outros exames costumam contribuir
para chegar a um diagnóstico preciso, como o ultrassom transretal e a biópsia.
“A ressonância magnética também costuma ser empregada para sabermos a
localização exata do tumor, bem como se ele se espalhou pela próstata”.
Independentemente dos exames que serão realizados, o médico chama atenção para
o fato de que inicialmente a doença costuma ser assintomática, ou seja, não
apresenta sintomas relevantes. Mesmo assim, o paciente pode começar a sentir
dificuldade ou dor ao urinar, urgência em urinar (principalmente à noite),
urinar em pouca quantidade e mais vezes, verificar sangue na urina, e sentir
dor persistente nas costas ou nos quadris.
“Em casos mais graves, quando o câncer de próstata
atinge outros órgãos, o paciente também pode ter dor nos ossos, fraqueza
generalizada, perda de peso sem motivo aparente, anemia e falência renal. Por
se tratar de uma doença com ótimo prognóstico quando diagnosticada e tratada
logo no início, é importante que os homens levem a sério os exames preventivos,
principalmente essa dobradinha entre toque retal e exame de PSA assim que
atingem a meia-idade”, adverte o médico especialista.
Fonte: Dr.
Leonardo Piber, médico urologista e ultrassonografista do CDB
Medicina Diagnóstica, em São Paulo (www.cdb.com.br ) e Membro Titular da Sociedade
Brasileira de Urologia e do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por
Imagem.
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