Tomar
decisões sobre a própria saúde é um direito do cidadão assegurado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) e envolve questões fundamentais, como
higiene pessoal, nutrição, prática de atividades físicas, condições de moradia
e hábitos sociais, além do uso consciente de medicamentos. Tomar remédio por
conta própria, porém, deve ser uma prática responsável pautada em orientação e
educação, para que o indivíduo conheça o próprio organismo e faça escolhas de
forma eficaz e segura. Para isso, é preciso entender que nem todos os
medicamentos disponíveis na farmácia podem ser tomados sem receita e da mesma
maneira.
Medicamentos
com tarja preta e vermelha, e alguns genéricos e similares necessitam de
receita médica para serem comercializados e ingeridos. Se usados sem a
indicação correta de um médico quanto à aplicação e posologia, podem expor o
paciente a uma infinidade de efeitos adversos, que podem mascarar uma doença ou
até mesmo agravá-la, além de causar intoxicação, que pode levar à morte. A automedicação
diz respeito justamente ao ato de tomar medicamentos que exigem prescrição, ou
seja, tarjados, de forma indiscriminada, errada e perigosa.
Já
o termo autocuidado está diretamente ligado a um tratamento
multidisciplinar adotado para manter a saúde e prevenir doenças, e envolve o
uso consciente dos medicamentos isentos de prescrição, os MIPs, aqueles que não
precisam de receita para serem comprados – conhecidos mundialmente como OTC.
Esses medicamentos são parte essencial da saúde porque permitem que os
indivíduos possam fazer uso de tratamentos com segurança, qualidade e eficácia
comprovadas, para tratar sintomas e males menores já diagnosticados ou conhecidos,
como dores de cabeça, resfriados e má digestão, ou como ferramenta essencial de
prevenção, como é o caso de vitaminas e antioxidantes. Ainda assim, são, muitas
vezes e erroneamente, relacionados ao uso indiscriminado e à automedicação.
“O
termo automedicação é utilizado no Brasil de uma forma diferente do resto do
mundo. Aqui o termo é confundido com a autoprescrição, que é a prática
(incorreta) de comprar e utilizar remédios tarjados sem a receita/prescrição de
um médico. Por isso, definimos a utilização responsável dos MIPs como sendo uma
prática de autocuidado, que está alinhada com a classificação da OMS”, explica
Jonas Marques, presidente da ABIMIP (Associação Brasileira da Indústria de
Medicamentos Isentos de Prescrição).
Para
ser considerado MIP, o medicamento deve ter um alto perfil de eficácia e
segurança, com características como reações adversas com causalidades
conhecidas e reversíveis após a sua suspensão, baixo potencial de interações
(medicamentosa e alimentar), período curto de utilização, facilidade de uso
pelo paciente e baixo potencial de toxicidade e risco (mau
uso/abuso/intoxicação). Por esses motivos, não existem registros de uso de MIPs
por impulso. O consumidor os usa somente quando apresenta algum sintoma ou
problema. Para que seu uso seja seguro e consciente, sempre que o consumidor
optar por usar medicamentos isentos de prescrição, deve seguir as orientações
da bula e rotulagem, e ter em mente que, se os sintomas persistirem, a
suspensão do medicamento deve ser imediata e um médico deve ser procurado.
A
informação é o primeiro passo para estimular cada vez mais a população a pensar
sobre seu estilo de vida, a assumir hábitos saudáveis e a tomar decisões
conscientes sobre sua saúde. Para entender melhor a diferença entre autocuidado
e automedicação, é preciso saber a classificação que existe entre os
medicamentos:
·
Medicamentos
tarja vermelha: medicamentos com tarja vermelha necessitam
de receita médica para serem comercializados, já que se destinam a quadros
clínicos que exigem maior cuidado e controle. Alguns deles precisam, além da apresentação
da receita, que ela fique retida pelo farmacêutico. Esses são conhecidos como
remédios controlados e psicotrópicos, que podem causar dependência e trazer
muitos efeitos colaterais e contraindicações.
·
Medicamentos
tarja preta: também necessitam de prescrição médica para
serem comercializados e ingeridos. A diferença deles para os de tarja vermelha
é que necessitam de um maior controle, já que podem apresentar mais efeitos
colaterais e reações adversas, e possuem ação sedativa ou com impacto no
sistema nervoso central, podem causar dependência, também sendo do grupo dos
psicotrópicos. A sua venda é condicionada à apresentação de receita especial na
cor azul.
·
Medicamentos
sem tarja: chamados também de medicamentos isentos de prescrição
(MIPs), podem ser tomados e adquiridos sem prescrição médica. Destinam-se a
situações corriqueiras para tratar sintomas menores e conhecidos. Em geral, não
possuem efeitos adversos importantes e/ou significativos. Caso os sintomas
persistam, o uso deve ser interrompido e o médico deve ser procurado.
·
Medicamentos
genéricos: geralmente designados com a tarja amarela e a
letra “G”, esses medicamentos apresentam o mesmo princípio ativo que um
medicamento de tarja vermelha ou preta, ou de um sem prescrição. Como esse tipo
de medicamento não tem marca, o consumidor tem acesso apenas ao princípio ativo
do medicamento e deve apresentar a receita médica, quando houver necessidade.
Os genéricos geralmente são produzidos após a expiração ou renúncia da proteção
da patente ou de outros direitos de exclusividade.
·
Medicamentos
similares: os medicamentos similares são identificados
pela marca ou nome comercial e possuem a mesma molécula (princípio ativo), na
mesma forma farmacêutica e via de administração dos medicamentos tarjados. A
diferença entre os remédios similares e os outros está relacionada a alguns
aspectos, como prazo de validade do medicamento, embalagem, rotulagem, tamanho
e forma do produto.
Sobre
a ABIMIP
A ABIMIP
(Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição) é
uma associação sem fins lucrativos que representa 25 associados entre os
principais fabricantes nacionais e internacionais de MIPs que, juntos,
representam aproximadamente 80% do mercado farmacêutico brasileiro. Fundada em
1994, a Associação tem
como missão apoiar o sistema de saúde para que os
brasileiros possam tomar decisões em relação ao autocuidado de forma
responsável, consciente e segura. Promovendo, assim, uma sociedade mais saudável, com maior
liberdade de escolha e que atenda aos interesses de seus associados.
Para conhecer mais sobre a ABIMIP, acesse o site www.abimip.org.br.
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