Responsável
por praticamente 60% do aumento geral do índice, o grupo foi influenciado por
mais um aumento do custo da energia elétrica
São Paulo, 29 de abril de 2015 -
No terceiro mês de 2015, o Custo de Vida por Classe Social (CVCS), pesquisa
feita mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do
Estado de São Paulo (FecomercioSP) superou o 1,26% de alta em fevereiro e
registrou elevação de 1,55%. Foi a maior aceleração mensal de preços da série
histórica do índice, iniciada em dezembro de 2010.
Em 2015, o indicador já acumula
altas de 4,07% e, nos últimos 12 meses, de 7,63% - maiores do que as notadas em
março de 2014: 0,91% no mês, 2,5% no ano e 6,4% em 12 meses.
Para a assessoria econômica da
FecomercioSP o custo de vida elevado na região metropolitana de São Paulo já
era previsto, mas as altas vão além do esperado sazonalmente para o início do
ano, consequência do avanço rápido dos preços de serviços, principalmente do
encarecimento de custos básicos como energia elétrica. O item respondeu por
mais da metade da inflação de março. Também contribuíram para a alta os
aumentos observados em alimentos e combustíveis - estes ainda refletindo uma parte
do aumento nas alíquotas do PIS/Cofins que entrou em vigor em 1º de fevereiro
-, o que diminui o poder de compra, especialmente dos consumidores de menor
renda.
Habitação foi responsável por
praticamente 60% do aumento geral do índice, encerrando o mês com alta de
5,41%. A segunda maior influência foi o grupo Alimentação e bebidas - com alta
de 0,94%, representando 13,6% do resultado geral - seguido pelo segmento
Transportes, com elevação de 0,85%, representando 11,7% da alta do custo de
vida em março. Dos nove grupos que compõem o índice, apenas Comunicação
apresentou queda nos preços (-1,29%).
Com relação às faixas de renda, as
classes que mais sentiram o aumento do custo de vida foram a E (1,7%) e a D
(1,69%), em virtude da elevação nos grupos Habitação, Alimentação e bebidas e
Transportes, que têm maior peso no orçamento das famílias de menor renda. Já as
classes A, B e C foram as menos prejudicadas, com altas de 1,23%, de 1,49% e de
1,56%, respectivamente.
IPV
O Índice de Preços do Varejo (IPV),
indicador que compõe a CVCS e mede a variação no preço dos produtos, avançou 1%
em março e já parece sinalizar o início de uma tendência de desaceleração. No
acumulado dos últimos 12 meses, houve elevação de 5,14%; e no do ano, um
crescimento de 2,71%.
O principal responsável pela
elevação do indicador foi o grupo Transportes, com alta de 1,08%. Nesse grupo,
a gasolina (com elevação de 1,24%), respondeu por 10,6% da variação do grupo. O
segmento Alimentação e bebidas respondeu por 25% do encarecimento do mês, com
alta de 0,97% em relação a fevereiro. O vilão foi o ovo de galinha, com aumento
de 32,8% nos preços, responsável por 30% do aumento do segmento, que acumula
aceleração de 3,17% em 2015 e de 7,51% no acumulado em 12 meses.
IPS
Já o Índice de Preços de Serviços
(IPS), que também constitui a pesquisa, registrou elevação de 2,14% em março, o
maior desde dezembro de 2010 - quando iniciou a série histórica - e alta de
10,31% no acumulado em 12 meses. O grupo que mais contribuiu foi Habitação, com
alta de 6,68%, influenciado por mais um aumento do custo da energia elétrica
residencial (25,63%). Se a gasolina ganhou destaque na aceleração dos preços
dos produtos em março, a energia elétrica residencial desempenhou esse papel em
serviços, com contribuição em torno de 80,6% na alta do IPS de março.
Também registraram alta: Alimentação
e bebidas (0,9%); Artigos de residência (0,98%); Transportes (0,42%); Saúde e
cuidados pessoais (0,76%); Despesas pessoais (0,41%) e Educação (1,1%).
Na análise da Entidade, os preços
não devem recuar a curto prazo, pois ainda estão por vir aumentos nas contas de
luz, além do botijão de gás e dos reajustes de Saúde que ocorrem nesta época do
ano. É importante ressaltar que o boletim Focus do Banco Central projeta um
aumento de 8,2% do IPCA - medidor oficial da inflação brasileira mensurado pelo
IBGE - no encerramento de 2015. O indicador já acumula variação de 8,13% nos
últimos 12 meses.
Metodologia
O Custo de Vida por Classe Social
(CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços
do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)
do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para
avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São
Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação
dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e
para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços e o IPV, 181 produtos de
consumo.
As faixas de renda variam de acordo
com os ganhos familiares: até R$ 976,58 (E); de R$ 976,59 a R$ 1.464,87 (D); de
R$ 1.464,88 a R$ 7.324,33 (C); de R$ 7.324,34 a R$ 12.207,23 (B); e acima de R$
12.207,24 (A). Esses valores foram atualizados pelo IPCA de janeiro de 2012.
Para cada uma das cinco faixas de renda acompanhadas, os indicadores de preços
resultam da soma das variações de preço de cada item, ponderadas de acordo com
a participação desses produtos e serviços sobre o orçamento familiar.
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