quarta-feira, 29 de abril de 2015

Habitação eleva custo de vida do paulistano em março, aponta FecomercioSP





Responsável por praticamente 60% do aumento geral do índice, o grupo foi influenciado por mais um aumento do custo da energia elétrica

São Paulo, 29 de abril de 2015 - No terceiro mês de 2015, o Custo de Vida por Classe Social (CVCS), pesquisa feita mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) superou o 1,26% de alta em fevereiro e registrou elevação de 1,55%. Foi a maior aceleração mensal de preços da série histórica do índice, iniciada em dezembro de 2010.

Em 2015, o indicador já acumula altas de 4,07% e, nos últimos 12 meses, de 7,63% - maiores do que as notadas em março de 2014: 0,91% no mês, 2,5% no ano e 6,4% em 12 meses.

Para a assessoria econômica da FecomercioSP o custo de vida elevado na região metropolitana de São Paulo já era previsto, mas as altas vão além do esperado sazonalmente para o início do ano, consequência do avanço rápido dos preços de serviços, principalmente do encarecimento de custos básicos como energia elétrica. O item respondeu por mais da metade da inflação de março. Também contribuíram para a alta os aumentos observados em alimentos e combustíveis - estes ainda refletindo uma parte do aumento nas alíquotas do PIS/Cofins que entrou em vigor em 1º de fevereiro -, o que diminui o poder de compra, especialmente dos consumidores de menor renda.

Habitação foi responsável por praticamente 60% do aumento geral do índice, encerrando o mês com alta de 5,41%. A segunda maior influência foi o grupo Alimentação e bebidas - com alta de 0,94%, representando 13,6% do resultado geral - seguido pelo segmento Transportes, com elevação de 0,85%, representando 11,7% da alta do custo de vida em março. Dos nove grupos que compõem o índice, apenas Comunicação apresentou queda nos preços (-1,29%).

Com relação às faixas de renda, as classes que mais sentiram o aumento do custo de vida foram a E (1,7%) e a D (1,69%), em virtude da elevação nos grupos Habitação, Alimentação e bebidas e Transportes, que têm maior peso no orçamento das famílias de menor renda. Já as classes A, B e C foram as menos prejudicadas, com altas de 1,23%, de 1,49% e de 1,56%, respectivamente.

IPV
O Índice de Preços do Varejo (IPV), indicador que compõe a CVCS e mede a variação no preço dos produtos, avançou 1% em março e já parece sinalizar o início de uma tendência de desaceleração. No acumulado dos últimos 12 meses, houve elevação de 5,14%; e no do ano, um crescimento de 2,71%.

O principal responsável pela elevação do indicador foi o grupo Transportes, com alta de 1,08%. Nesse grupo, a gasolina (com elevação de 1,24%), respondeu por 10,6% da variação do grupo. O segmento Alimentação e bebidas respondeu por 25% do encarecimento do mês, com alta de 0,97% em relação a fevereiro. O vilão foi o ovo de galinha, com aumento de 32,8% nos preços, responsável por 30% do aumento do segmento, que acumula aceleração de 3,17% em 2015 e de 7,51% no acumulado em 12 meses.

IPS
Já o Índice de Preços de Serviços (IPS), que também constitui a pesquisa, registrou elevação de 2,14% em março, o maior desde dezembro de 2010 - quando iniciou a série histórica - e alta de 10,31% no acumulado em 12 meses. O grupo que mais contribuiu foi Habitação, com alta de 6,68%, influenciado por mais um aumento do custo da energia elétrica residencial (25,63%). Se a gasolina ganhou destaque na aceleração dos preços dos produtos em março, a energia elétrica residencial desempenhou esse papel em serviços, com contribuição em torno de 80,6% na alta do IPS de março.

Também registraram alta: Alimentação e bebidas (0,9%); Artigos de residência (0,98%); Transportes (0,42%); Saúde e cuidados pessoais (0,76%); Despesas pessoais (0,41%) e Educação (1,1%).

Na análise da Entidade, os preços não devem recuar a curto prazo, pois ainda estão por vir aumentos nas contas de luz, além do botijão de gás e dos reajustes de Saúde que ocorrem nesta época do ano. É importante ressaltar que o boletim Focus do Banco Central projeta um aumento de 8,2% do IPCA - medidor oficial da inflação brasileira mensurado pelo IBGE - no encerramento de 2015. O indicador já acumula variação de 8,13% nos últimos 12 meses.

Metodologia
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços e o IPV, 181 produtos de consumo.

As faixas de renda variam de acordo com os ganhos familiares: até R$ 976,58 (E); de R$ 976,59 a R$ 1.464,87 (D); de R$ 1.464,88 a R$ 7.324,33 (C); de R$ 7.324,34 a R$ 12.207,23 (B); e acima de R$ 12.207,24 (A). Esses valores foram atualizados pelo IPCA de janeiro de 2012. Para cada uma das cinco faixas de renda acompanhadas, os indicadores de preços resultam da soma das variações de preço de cada item, ponderadas de acordo com a participação desses produtos e serviços sobre o orçamento familiar.

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