Romulo Fialdini Renata Tassinari, Vermelho Dois L, 2022 |
Mostra traz ao Rio obra da
artista paulistana reconhecida pelo virtuosismo no uso da cor.
Renata Tassinari apresenta
suas inusitadas pinturas sobre acrílico que, antes utilizado como moldura,
ganha status de tela.
São 12 obras de cores
luminosas, inclusive espelhadas, que parecem se desprender do suporte, ganhando
materialidade e solidez.
Composta por trabalhos
inéditos, a mostra “Construções Planares” abre no dia 29 de junho com texto
crítico de Paulo Venancio Filho, ficando em cartaz até 18 de agosto, no Leblon.
A Mul.ti.plo Espaço Arte, no Leblon, inaugura
exposição individual de Renata Tassinari, prestigiada artista paulista que se
destaca pelo domínio primoroso no uso da cor. Na mostra, Renata apresenta uma
série de 12 pinturas sobre acrílico transparente. A novidade fica por conta da
combinação com o acrílico espelhado, material incorporado recentemente à sua
produção, resultando num conjunto de obras de surpreendente beleza e
luminosidade. Em formatos tridimensionais inusitados, as pinturas de Renata
ganham ares de objeto, num jogo de percepção entre o industrial e o
manufaturado. Com texto crítico de Paulo Venancio Filho, a mostra “Construções
Planares” abre no dia 29 de junho, às 18h, e fica em cartaz até 18 de agosto,
no Leblon.
O fundamento do trabalho de Renata Tassinari é a cor. Sua paleta tem cores
únicas, preparadas por ela mesma, a partir de misturas. “As cores são usadas
levando em conta qualidades como transparência, opacidade, reflexos, texturas,
num uso calculado e variado de experiências visuais. Esse domínio também se
manifesta na escolha dos materiais – madeira, acrílico, espelho –, que se
incorporam à pintura”, explica Paulo Venancio, professor titular do
Departamento de História e Teoria da Arte da Escola de Belas Artes da UFRJ. Com
a combinação virtuosa desses elementos, as cores de Renata Tassinari parecem se
desprender do suporte, ganhando materialidade.
Uma particularidade do trabalho de Renata, que pode ser conferida na exposição
da Mul.ti.plo, é a pintura sobre o acrílico. Antes utilizado como moldura, a
artista decide incorporar o material à sua obra, conferindo-lhe o status de
suporte. Sobre ele, pela frente ou por trás, a artista aplica generosas camadas
de tinta óleo ou acrílica. O resultado são cores ainda mais pulsantes e um
acabamento mais limpo e sintético. “Depois de pronto, o trabalho pode até ter
certa identidade industrial, mas na verdade é profundamente artesanal. São
obras de imensa qualidade, que instigam o olhar, nos convidando a escapar de um
mundo contaminado pelo excesso de imagens. A obra de Renata nos convoca a
reagir a essa atrofia da percepção”, reflete Maneco Müller, sócio da
Mul.ti.plo.
No trabalho singular de Tassinari destaca-se também
a sua capacidade de espacialização. Suas obras têm geometrias variadas, como
formas de L ou U. É o caso de Vermelho Dois L (235 x 200 cm). Algumas são
criadas a partir da combinação de elementos diferentes, como Padaria III (40 x
120 cm). As bordas, inclusive, podem ser pintadas, como em Mata II (40 x 120
cm). “Entre as obras há também os múltiplos Leblon, criados especialmente para
essa exposição, formados por 3 cores, que funcionam tanto na vertical como na
horizontal”, conta a artista. “Outra novidade da pintura de Renata são os formatos
alongados, fora de qualquer convenção pictórica”, como em Marola-Narciso (194 x
350 x 5 cm). O título da mostra pretende revelar o caráter planar de uma
pintura que se constrói como objeto tridimensional. “A pintura de Renata é uma
construção, feita de elementos separados em geral, que ela junta como se fossem
objetos. É uma pintura tridimensional, construída como se fosse um objeto”,
explica Venancio.
Extremamente prestigiada entre críticos, curadores
e seus pares, Renata Tassinari iniciou sua carreira há mais de 30 anos. Sua
primeira exposição foi em 1985, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. “Ela
poderia ser enquadrada na turma da Geração 80, mas sua pintura é diferente do
que se fazia na época, abstrata. Assim como é diferente também da pintura atual,
de algumas décadas para cá. São muitas sutilezas que, combinadas, fazem do
trabalho dela uma obra única”, conclui Paulo Venâncio. A última mostra
individual da artista no Rio foi em 2018, na galeria Lurixs. Antes, ela expôs
no Paço Imperial, em 2015.
Sobre Renata Tassinari
São Paulo, SP, 1958. Formou-se em Artes Plásticas
na Fundação Armando Álvares Penteado, FAAP, em 1980. Paralelamente, estudou
desenho e pintura no ateliê dos artistas Carlos Alberto Fajardo e Dudi Maia
Rosa. Nos anos 80, realizou estampas com motivos indígenas para a Arte Nativa
Aplicada-ANA. Nos últimos anos, a pintura de Renata Tassinari transformou-se em
um campo fértil de pesquisas e inovações. O quadro deixou de ser um elemento
neutro e passou a fazer parte da estrutura da obra. A artista pinta sobre uma
superfície de acrílico, que, numa abordagem mais tradicional, seria parte do
enquadramento de uma obra. Ao mesmo tempo, deixa a moldura de certas seções da
obra cobrir apenas um papel em branco. Onde deveria haver a transparência do acrílico
protetor de uma folha de desenho, passa a haver pintura e, inversamente, onde a
folha de papel se deixa ver, há apenas o branco do papel que assim se
transforma em cor. De início, os procedimentos acima se desdobravam em séries
que alternavam as cores acrescentadas sobre o acrílico e o branco emoldurado
das folhas de desenho. Com o tempo, ela passa a tratar partes do quadro como
coisas, também outras coisas poderiam ser elementos das obras. Madeiras de
diferentes colorações e ranhuras, e a inversão do avesso de uma moldura de
acrílico, têm sido a prática mais recorrente. A cor sempre foi um elemento
fundamental na obra da artista. Colocar cores num quadro e pelo quadro habitar
o mundo com cores, essa é uma breve descrição do ela sempre buscou. Entre o
mundo e o quadro - ao tratar partes da obra também como coisas do mundo, como
coisas palpáveis- agora surgem relações mais próximas, e percebemos um trinômio
obra/cor/mundo sempre insinuando-se em seu trabalho.
SERVIÇO
Exposição de arte contemporânea
Artista: Renata Tassinari
Título: Renata Tassinari | Construções Planares
Texto crítico: Paulo Venancio Filho
Data de abertura: dia 29 de junho de 2023 (quinta feira), das 18h às 21h
Local: Mul.ti.plo Espaço Arte
Abertura: 29 de junho, às 18h
Período expositivo: até 18 de agosto de 2023
Horário: de segunda a sexta, das 10h às 18h30 (sábados, sob agendamento)
End: Rua Dias Ferreira, 417/206 - Leblon – Rio de Janeiro
Tel: + 55 21 2294 8284 | +55 21 2042 0523 (WhatsApp)
Entrada franca
www.multiploespacoarte.com.br
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